• Giovanna Forcioni
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Bebê comendo brócolis (Foto: Thinkstock)

Bebê comendo brócolis (Foto: Thinkstock)


Batata-doce, homus, abacate e quinoa não são só comida de ‘gente grande’. Uma pesquisa encomendada por uma marca britânica de lenços umedecidos, a Water Wipes, mostrou que, cada vez mais, os pais estão oferecendo alimentos considerados por eles como "exóticos" aos seus bebês. Depois de entrevistar 1.500 famílias, os pesquisadores concluíram que os pequenos estão sendo apresentados a sabores e texturas ‘fora do padrão’ já nos primeiros meses de vida e, ao que parece, aprovando os novos ingredientes.

A pesquisa também mostrou que, apesar da disposição em oferecer novos alimentos, 73% das famílias se sentem inseguras sobre quais ingredientes apresentar aos filhos durante a introdução. “Na época dos nossos avós, existiam muitas crenças sobre o que os bebês deveriam comer ou não nessa fase, mas elas não eram baseadas em evidências. Hoje, já se sabe que muita coisa mudou. A insegurança que os pais sentem talvez seja um reflexo disso”, explica a médica nutróloga Elza Daniel de Mello, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Segundo a especialista, as recomendações atuais mostram que o importante é tentar incluir ingredientes de diferentes grupos alimentares no cardápio do bebê. “Um tipo de proteína, um ou dois legumes, um tipo de carboidrato e uma leguminosa já são suficientes.Trocando um desses a cada dia, já estamos trabalhando com variedade, o paladar já mudou”, diz. 

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Ou seja, “variar” a alimentação não significa apresentar novos ingredientes diariamente. “Essa ideia de que o repertório da criança só é construído quando oferecemos coisas diferentes é mal interpretada. Na verdade, a criança cria repertório quando ela é a protagonista na hora de comer e explora o conjunto das sensações, sentindo o cheiro do alimento, a textura…”, conta a educadora Fabiolla Duarte, que também é pesquisadora de introdução de alimentos e comportamento alimentar e criadora do projeto Colher de Pau.

Se sujar na hora da comida é normal?
Se explorar sensorialmente a comida é importante para a criação de repertório, nem sempre a “bagunça” que vem depois da hora de comer é bem recebida pelos pais. Um em cada vinte famílias que participaram da pesquisa considera que esse é um dos maiores desafios da introdução alimentar, sendo que 60% delas confessaram até já terem mudado o cardápio do dia, preferindo aquelas opções que resultariam em menos sujeira.

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E o incômodo com a sujeira feita pelos pequenos, ao que parece, não é por acaso. A maioria dos pais que participaram da pesquisa contou que já encontrou alimentos espalhados por lugares inusitados depois da refeição dos pequenos. Vinte por cento das mães disse ter achado pedaços de comida dentro do sutiã ou do top. Enquanto isso, 38% dos bebês já tiveram comida atrás da orelha e 33% embaixo dos pés, depois da refeição.

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Mas segundo as especialistas, essa situação não deve ser proibida ou vista como um problema. “A gente deve permitir que a criança toque a comida, se suje, mas não que faça uma sujeira extrema. Tudo é que questão de bom senso”, explica Elza. O bom senso vale também para notar se seu filho realmente está pronto para começar a fase de desmame. Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam o aleitamento materno até pelo menos os 2 anos de idade – sendo que até os 6 meses, essa deve ser a única fonte de alimentação. Mas, se ele já se interessa pela comida da família e dá sinais de que sabe se sentar sozinho, ponto positivo! Com o tempo, a tendência é que ele comece a explorar mais alimentos e não faça tanta sujeira. “Essa bagunça pode ser um sinal de que os pais estão colocando o carro na frente dos bois e apressando as coisas. Por isso, é importante prestar atenção para ver se seu filho realmente está pronto para um novo tipo de alimentação aos 6 meses”, diz Fabiolla.

Rodapé Instagram OK (Foto: Crescer/ Editora Globo)

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