• Carol Scolforo
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No apê da joalheira Carol Keutenedjan o quarto tem um clima de aconchego, todo em tons neutros. Projeto da arquiteta Helena Camargo. Tecido com textura de pele de croco forra o pufe produzido pela Equanon, à frente da penteadeira desenhada por Helena. A p (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

No projeto da arquiteta Helena Camargo, o tapete Cuks, de lã da Nova Zelândia, criação de Nani Marquina, à venda na Micasa, ocupa toda a área da cama e laterais (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Há muito mais por trás da escolha de um tapete ou carpete do que suas cores ou estampas.  Superficialmente, sabe-se que são muitos os tipos, os materiais, as técnicas de produção, assim como os valores... Mas o que é determinante para a compra, além disso tudo? Ouvimos especialistas no assunto a fim de ajudar você em sua avaliação.

Afinal, tapetes e carpetes não são apenas itens de aconchego em casa, como se pensa. Eles impactam o resultado da decoração, podendo valorizá-la ou não. “O tapete delimita um ambiente, é o verdadeiro arremate de um espaço. Por isso é a última peça a ser escolhida para a casa”, diz Monica Novaes, gerente de produtos da By Kamy, com um know-how de 25 anos no segmento.

O material do tapete também reforça o conforto acústico do espaço e o conforto térmico do piso e, visualmente traz outros efeitos. Em tom claro, pode contribuir para a sensação de amplitude. Com estampas geométricas ou listras, estimula um interessante movimento visual, que tira a monotonia da área.

Já os carpetes não são mais vilões como eram em décadas anteriores. As tecnologias evoluíram para modelos mais saudáveis. “A instalação é prática e limpa. O mais importante, na escolha, é optar por um modelo de náilon, com filamentos contínuos, que não soltam pelo. Ele é antialérgico e fácil de limpar”, aconselha Beatriz Lettiére, designer e diretora de marketing da Avanti Tapetes.

Embora não exista moda para esses itens, de tempos em tempos, há os que fazem mais sucesso e movimentam o mercado. Ultimamente, a vez é dos modelos de estilo contemporâneo, de acordo com Marion Vajda, que dirige a Seculo Tapetes e tem 40 anos de experiência. “Peças originárias do Nepal, da Índia e do Paquistão, com desenhos orgânicos ou abstratos estão em alta. Os kilims nunca saem de cena.

Além deles, tenho visto os clientes optarem cada vez mais por tapetes coloridos.” Caso você não se sinta confortável para eleger o tipo que mais lhe agrada, vale considerar a recomendação dos especialistas ouvidos por Casa e Jardim: leve a peça para casa, teste e confie em uma consultoria experiente na hora de fechar negócio. Afinal, sentir o chão macio com os pés descalços é realmente uma alegria necessária nesses tempos difíceis.

Tipos

As classificações, amarrações e técnicas de produção são tantas, que chega a ser difícil  enquadrar os tapetes de forma geral. Listamos os principais à venda no país.

tapete-carpete (Foto: Divulgação)

Carpete | Reveste totalmente o piso e tem altura bem pequena, entre 2 mm e 10 mm. Os preços variam de acordo com a tecnologia, os padrões e as espessuras - a novidade são as peças modulares, no mercado.

tapete-dhurie (Foto: Casa e Jardim)

Dhurie | De algodão cru, é ideal para áreas internas e pode incluir cores na composição. Tem toque seco e duro, trama bem apertada e é bem baixo. O valor fica entre R$ 300 e R$ 800 o m².

Vinil | É uma peça resistente a alto tráfego e a intempéries. Tem toque de plástico e sua trama imita o sisal. Pode ser desenhado, com padrões geométricos, e a quantidade de cores acaba influenciando no preço, em média, de R$ 250 a R$ 600 o m².

tapete-tear-nacional (Foto: Casa e Jardim)

Tear nacional | A maioria dos tapetes desse tipo vem de Minas Gerais. São simples, de lã ou algodão, e alguns têm tramas de aspecto artesanal. O preço varia de R$ 160 a R$ 600 o m².

Náilon | Faz sucesso pela praticidade e fácil manutenção. Há outras vantagens: ele não encolhe, não desbota, pode ser usado como carpete e atende a medidas específicas. Custa de R$ 300 a R$ 800 o m².

tapete-de-pele (Foto: Casa e Jardim)

Pele | Há o que reproduz a forma do animal e deve ser de um matadouro certificado. Seu preço varia de R$ 800 a R$ 2 mil o m². O tapete de pele convencional pode ser de couro bovino ou sintético, e feito de retalhos costurados.

tapete-rustico (Foto: Casa e Jardim)

Rústico | Feito de fibras naturais, como sisal, seagrass ou mountain grass, tem toque mais áspero. É ideal para áreas de grande tráfego (secas). Pode estragar, se exposto à umidade e ao tempo. Custa, em média, R$ 300 o m².

tapete-shaggy (Foto: Casa e Jardim)

Shaggy (pelo alto) | É um modelo bem confortável, de pelagem alta e felpuda. Geralmente feito de náilon ou poliéster, é muito usado em salas de TV ou home theaters. Sua faixa de preço varia de R$ 500 a R$ 700 o m².

tapete-convencional (Foto: Casa e Jardim)

Convencional | Com espessura geralmente de 10 mm, tem pelagem média, mas não é felpudo. Pode ser de lã ou de seda – um exemplo é o persa. O preço varia entre R$ 500 e R$ 3 mil o m².

tapete-kilim (Foto: Casa e Jardim)

Kilim (sem pelo) | Feito de lã ou seda, é colorido, mais acessível, e indicado para áreas internas. Os de fibra de garrafa pet podem ficar em ambientes externos. Uma peça de lã custa de R$ 200 a R$ 800 o m². Os de seda são mais caros.

tapete-aubusson (Foto: Casa e Jardim)

Aubusson | Hoje são raros os produzidos com a técnica original francesa. Se um fio se soltar, a peça fica comprometida. Trazem tons pastel, medalhão central e flores. Custam de R$ 800 a R$ 1.500 mil o m². Os franceses saem a preços bem mais altos.

DESVENDANDO AS FIBRAS

As fibras naturais (vegetais ou de origem animal) e as sintéticas formam os dois principais grupos de materiais de que são compostos os tapetes. Porém, há desdobramentos dessas categorias. A pesquisa de criação de novas fibras é intensa no mundo todo, em especial na Índia e no Nepal.

Entre as sintéticas mais conhecidas estão o náilon, o polipropileno (ou PP), a poliamida, o vinil e a seda sintética (ou viscose). As queridinhas, de acordo com Arthur Verechi, da By Kamy, são o náilon e a viscose. “São as que mais saem, pela praticidade, preço e  flexibilidade de usos”, diz.

O náilon Antron é um dos que figuram com destaque nessa classificação. “É um fio que suporta o alto tráfego sem pesar,com benefícios extras: é antiestático, resiliente, antialérgico e não propaga chamas”, aponta Alfredo Barbosa de Oliveira, diretor de criação da Punto e Filo.

Já no caso das fibras naturais, é possível citar o sisal, a fibra de coco, o seagrass, moutaingrass, summergrass, as fibras de taboa, de bananeira, juta, lã, algodão, hemp, aloe, cactos, chenille, seda natural, fiber banana e fiber bamboo. “As vantagens das peças de origem natural são a qualidade superior e o brilho, quemuda de acordo com a incidência de luz do dia. “É como se ele tivesse mais vida, além do toque muito macio”, aponta Arthur.

Para Amir Shahrouzi, iraniano que há 20 anos lida com o iteme comanda a Botteh Handmade Rugs, os modelos de lã são os de melhor custo-benefício. Ele cita peças em museu que persistem há cerca de três mil anos. “Lã dá menos alergias, é mais confortável e é mais durável”, resume.

A ESPESSURA IDEAL

É preciso pensar na quantidade de pessoas que circulam pelo ambiente antes de escolher um tapete mais fino ou um mais felpudo. As espessuras variam muito. Os de 5 mm não têm pelos – a própria trama é o desenho, como é o caso dos kilims, dos Dhuries e dos Aubussons. Já os de 10 mm são os mais usados. Entre os de 25 mm a 50 mm estão os de pelo alto, que podem ser de pele, náilon ou poliéster. Por fim, os de 70 mm são os famosos tapetes Shaggy, de pelo mais alto, feitos de náilon ou poliéster.

Para uma sala de jantar, por exemplo, é preciso que a peça seja de fácil manutenção, isto é, tenha pelos curtos, de no máximo 8 mm de altura. “Náilon, algodão e lã são bons materiais para o espaço”, indica Marion Vajda. No quarto, onde menos pessoas circulam, é possível ousar mais. “O aconchego e o toque sedoso do náilon tratado (o silk), da lã, do kilim ou da pele de carneiro são ótimos”.

Para home theater ou sala de TV, os felpudos Shaggy ou peles de carneiro, ou ainda os de náilon 30 mm ou 40 mmsão confortáveis para deitar com a família no chão. Em áreas de estar, vale pensar novamente em alta circulação. Há muitas possibilidades de uso, e tudo vai depender do estilo da decoração. Esteja preparado para a manutenção da peça e ouse. Você pode até sobrepor modelos diferentes, ou fazer uma composição de peças que dialoguem entre si (em cor, formato ou estilo).

espessuras-do-tapete (Foto: Casa e Jardim)


A MANUTENÇÃO ADEQUADA

Cuidado redobrado nessa parte. Os especialistas não recomendam fazer a limpeza em casa. Mas uma manutenção básica pode. “Primeiro, é preciso verificar a etiqueta, para saber como o tapete pode ser limpo. Todos os modelos podem ser aspirados, duas vezes por semana, mas somente alguns podem ser lavados em casa”, diz Ana Paula Barcena, da Natureza e Limpeza, empresa que faz lavagem de tapetes e carpetes sem produtos químicos. Se cair líquido, absorva-o com papel, caso não tenha manchado.

Para os de fibra sintética, ela dá uma receitinha: dilua meia tampa de detergente natural, sem química, em cinco litros de água. Passe com uma vassoura de cerdas macias sobre o tapete e aspire a umidade que restar. Pronto, a limpeza superficial está feita. Uma vez por ano, mande-o para uma lavanderia especializada, que fará a lavagem a seco, se você quiser que a peça tenha boa durabilidade e pareça sempre nova.

MEDIDAS

Seguir as proporções do espaço é a regra geral, mas há outras a se levar em consideração. “Se o tapete for liso, os móveis podem ficar sobre ele. Se tiver desenhos, eles devem ser vistos como uma obra de arte”, diz Amir Shahrouzi, da Botteh Handmade Rugs. A dica é reforçada por Daniel Al Makul, sócio-diretor da Vitrine e da Casa Fortaleza: “Tapetes são quadros deitados e proporcionam uma experiência visual. Listrados no sentido vertical, criam uma sensação de infinito. Florais ou com arabescos devem ficar em destaque”, aponta.

medida-tapete-sala-de-jantar (Foto: Casa e Jardim)

SALA DE JANTAR
A regra geral é que haja uma sobra de tapete para arrastar as cadeiras para fora da mesa. Essa sobra deve ser de, no mínimo, 70 cm a 1 m além da mesa. “Se houver um barrado bonito, melhor dar ainda mais espaço ao redor da mesa, a fim de que o tapete seja visto”, explica Monica Novaes, da By Kamy.

medida-tapete-quarto (Foto: Casa e Jardim)

QUARTO
O tapete deve partir da metade da cama em direção aos pés. A ideia é que, ao acordar, a pessoa não pise descalço diretamente no piso. Por isso, ele pode ser mais felpudo e macio. Outra opção é sobrepor o carpete com um modelo mais pesado – isso facilita a limpeza, já que a peça pode ser retirada e lavada.

medida-tapete-living (Foto: Casa e Jardim)

LIVING
O tapete pode cobrir toda a área, ou parte dela, caso o piso seja bonito. Nessa condição, a peça tem a função de integrar os móveis. Começa a ser disposta a partir da metade do sofá e chega até a metade da estante ou das poltronas. O conselho de Monica Novaes é experimentar. “É o melhor jeito de acertar. Vale fazer testes com o restante da decoração, porque há variáveis. Até a tonalidade muda, dependendo da incidência de luz que há no espaço.”

medida-tapete-lavabo (Foto: Casa e Jardim)

LAVABO
Sim, ele merece um tapete bonito e de fácil manutenção. Muitos modelos podem compor esse espaço. Em geral, peças de secagem rápida são as mais apropriadas. Quanto aos tamanhos, variam de acordo com o espaço do lavabo, mas costumam seguir a parte frontal da bancada.

CARPETES
Houve uma época em que carpetes eram duros, acumulavam poeira e não entravam de jeito nenhum em casas de alérgicos. Pois bem, esse tempo ficou para trás. “Assim que o mercado passou a desenvolver pisos de materiais mais agradáveis, a indústria de carpetes se renovou para ficar mais competitiva, e criou tecnologias antialérgicas. Os atuais não retêm poeira nem ácaros. Basta aspirar e acabou a preocupação. Alguns até são impermeáveis”, diz Marion Vajda. Ou seja, mesmo os alérgicos podem ter carpetes macios. “A indicação é aspirá-lo com a mesma regularidade que o chão seria varrido”, explica Marcelo Maksoud, gerente comercial da Santa Mônica.

Podem ser de náilon, polipropileno, vinil e lã. Os dois primeiros são mais duráveis, de fácil manutenção e versáteis quanto a alturas e padronagens. Marion cita os vinílicos, em alta pela praticidade e por funcionarem como tapetes. Outro sucesso são os carpetes modulares, como os das marcas Interface Flor e Beaulieu do Brasil. Se estragar uma parte, não é preciso fazer a manutenção da peça toda, o que é mais econômico.

 Suíte do casal | Colcha da Secrets de Famille. Mantas da Trousseau. Almofadas com tecidos da JRJ. Cômoda de família  e mesa de antiquário. Carpete da Avanti (Foto: Denilson Machado)

Colcha da Secrets de Famille. Mantas da Trousseau. Almofadas com tecidos da JRJ. Cômoda de família e mesa de antiquário. Carpete da Avanti (Foto: Denilson Machado)