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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Justiça fecha acordos para acabar com esqueleto habitacional na Caixa

Casos envolvem famílias de baixa renda que financiaram casas que desabaram ou sofreram danos e seguro não quer cobrir

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Brasília

Cerca de 1.600 mutuários, a maioria de baixa renda e idosa, fecham até o fim desta semana, em Petrolina (PE), acordos para receber indenizações e dar fim a ações judiciais por danos estruturais em suas moradias.

Em muitos casos, os processos tramitam há mais de dez anos. O mutirão de assinaturas é organizado pelas Justiças comum e federal, em parceria com a Caixa e advogados, e tem o aval do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Prédio da Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro
Prédio da Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro - Pilar Olivares - 20.ago.14/Reuters

A expectativa é de que, ao evitar sentenças condenatórias, as pactuações garantam uma economia de ao menos R$ 71,9 milhões ao chamado Fundo de Compensação das Variações Salariais (FCVS), administrado pela Caixa, que cobre apólices de seguro referentes aos imóveis.

Com o acordo, cada mutuário receberá R$ 26.400, totalizando R$ 42,2 milhões. Na Justiça, mediante processos morosos e desgastantes, a indenização média é de R$ 71.369, conforme estimativa de valor feita em 2015 pelo próprio FCVS e corrigida pela inflação.

Esse cálculo, no entanto, é conservador. Segundo advogados, a economia com a mediação será ainda maior, de cerca de R$ 100 milhões, pois as condenações judiciais têm sido, em média, de R$ 90 mil por mutuário.

A partir da semana que vem, 600 famílias de Goiânia serão contempladas.

Esqueleto para a Caixa

As ações de indenização foram ajuizadas contra seguradoras por cerca de 300 mil famílias compradoras de moradias pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) nos anos de 1980.

A reserva técnica dos seguros ficava em um fundo coletivo que passou a ser administrado pela Caixa.

Os imóveis apresentaram defeitos de construção como rachaduras e infiltrações. Muitas famílias tiveram de sair de suas casas e vivem de aluguel social enquanto o problema não se resolve.

A maioria dos interessados é pobre e idosa, beneficiária de programas sociais de habitação, o que reforça a importância da celeridade no pagamento da compensação.

Quase 70 mil ações

Atualmente, há cerca de 69 mil processos em curso. O STJ é um dos responsáveis por formatar o projeto das mediações, que começou em 2020.

Por outro lado, em outra frente, a corte julgará em breve processo em que as seguradoras e a Caixa buscam estabelecer uma prescrição para o seguro.

A ideia das companhias é que ele só pode ser acionado até um ano após o fim do financiamento imobiliário. Para as defesas das famílias, o correto é que o direito expire um ano após a descoberta do dano estrutural.

Posição do governo

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) encampou a tese das seguradoras, sob o argumento de que ela garantiria uma economia de R$ 17 bilhões para o governo ao evitar condenações.

Para os advogados dos mutuários, esse impacto fiscal inexiste e não é automático, pois o STJ definirá apenas se as ações podem continuar. E essa continuidade não assegura que as famílias sairão vitoriosas.

Com Diego Felix

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