A decisão de João Doria (PSDB-SP) de aplicar a primeira vacina neste domingo (17) gerou mal-estar. Em grupo de WhatsApp de governadores, Wellington Dias (PT-PI) disse que a atitude foi lamentável. "O entendimento sempre foi o Brasil numa mesma data. Um estado coloca os demais como de segunda categoria", escreveu.
A insatisfação chegou a Eduardo Pazuello (Saúde), que sentiu confiança para convidar governadores a um ato simbólico nesta segunda-feira (18).
Até o fim da noite, Doria não tinha respondido no grupo. Nos bastidores, governadores se dividiram. Alguns dizem ter sido uma atitude previsível do tucano, de explorar politicamente os efeitos do acerto de ter apostado na ciência e na vacina contra o negacionismo de Jair Bolsonaro e seu ministro. Outros endossaram a crítica.
Na visão de parte do grupo, a ação do governador paulista deu sobrevida a Pazuello. Quem não concordou decidiu ir para o lado do enfraquecido ministro com a justificativa de que devem todos se unir ao plano nacional de imunização.
Quem criticou Doria diz que o ato convocado pelo titular da Saúde estará maior por causa da insatisfação gerada. Alguns deles tinham o mesmo discurso de Pazuello: a vacina é do SUS, não de SP. Convidado para a cerimônia, Doria enviará o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) em seu lugar.
Desde o início da pandemia, o governador de São Paulo tomou a liderança em medidas que observavam a ciência, enquanto o presidente da República tentava minimizar a pandemia.
De um lado, Doria apostou em ações de isolamento social da população, seguindo orientação de especialistas, e, de outro, passou a levantar a bandeira da vacina. Virou, assim, o maior contraponto a Bolsonaro, tendo apoio também de colegas governadores.
TIROTEIO
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