Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Folhajus LGBTQIA+

Juiz cita 'imunidade parlamentar' e nega pedido de ONG para crianças trans após moção de repúdio

Entidade participa da Parada LGBTQIA+ e foi acusada de 'expor' jovens

A Justiça recusou um pedido da ONG Minha Criança Trans para que a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul (Alems) prestasse esclarecimentos sobre uma moção de repúdio contra a entidade, aprovada pelos parlamentares da Casa, que a acusou de "expor crianças" na Parada LGBTQIA+ de São Paulo.

A moção, de autoria do hoje ex-deputado estadual Rafael Tavares, que teve o seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi aprovada no fim do ano passado.

Participantes exibem cartaz com a frase 'Crianças trans existem' durante a 27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, na avenida Paulista, em São Paulo - Eduardo Knapp/Eduardo Knapp - 11.jun.23/Folhapress

Ela diz que "crianças não possuem a maturidade necessária para decidir sobre sua orientação sexual" e que "é crucial proporcionar um ambiente seguro às nossas crianças, onde não haja preocupação com a influência desse tipo de ativismo [da ONG]".

A entidade, que presta auxílio em áreas distintas para cerca de 650 famílias com filhos trans, acionou a Justiça, pedindo que a Alems esclarecesse informações sobre o posicionamento.

"Quais são as bases científicas e elementos técnicos utilizados pela Assembleia Legislativa para fundamentar o argumento de que as ‘crianças não possuem a maturidade necessária para decidir sobre sua orientação sexual?’", é um dos questionamentos apresentados na interpelação judicial.

Em sua defesa, a Casa Legislativa afirmou que não responderia aos questionamentos, alegando imunidade parlamentar.

"As ‘opiniões’, ‘palavras’ e os ‘votos’ dos parlamentares são invioláveis, de modo que situações como a presente trazida ao Judiciário (pedido de explicações ou mesmo produção antecipada de provas acerca de opinião política), consubstancia-se em incontroversa ilegalidade e inconstitucionalidade", disse a Alems.

O juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Público, da Comarca de Campo Grande, acatou a argumentação, afirmando que os deputados têm "atuação livre para expressar suas opiniões e palavras, no desempenho do mandato ou em razão dele" e que, "a princípio, não podem ser por elas responsabilizados".

O magistrado entendeu que a ONG buscava, com o questionamento, "fundamentos para ingressar com uma ação" futura contra a Assembleia Legislativa. "Ocorre que a moção [de repúdio], expressando opinião dos parlamentares, é acobertada pela imunidade material", afirma o juiz.

A ONG foi fundada por Thamirys Nunes. Ela é mãe de uma criança trans e narrou a sua trajetória pessoal no livro "Minha Criança Trans", lançado em junho de 2020. A entidade participa da Parada LGBTQIA+ em São Paulo há três anos.

"O silêncio da Assembleia confirma que a moção de repúdio é um ataque político revestido de ódio contra a pauta de crianças e adolescentes trans que vem se estruturando no Brasil", diz Nunes. Ela, que é representada pelo advogado Carlos Nicodemos, afirma que irá recorrer da decisão.


MICROFONE

A cantora Tiê participou da segunda edição da Casa The Summer Hunter, realizada no Galpão Nacional, no centro da capital paulista. Com o tema "Dá pra ser solar em São Paulo?", o evento realizou palestras e workshops no último fim de semana. A influenciadora Veronica Oliveira participou de um bate-papo no domingo (7). A escritora Isabel Dias foi uma das debatedoras de sábado (6).

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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