Na semana passada, uma moça que trabalha como caixa em um supermercado me contou que, de cada dez clientes que atende, apenas um costuma dizer bom dia e perguntar como ela está. Os demais são grosseiros, reclamam de algo que não é da sua competência ou a ignoram completamente.
“Você é a primeira pessoa que me deu bom dia hoje. Antes, um homem gritou comigo porque o preço do queijo estava errado. Fez um escândalo. Uma mulher me entregou o cartão sem dizer uma só palavra, nem olhou para mim, continuou mexendo no celular. Outra, você não vai acreditar, tossiu e espirrou na minha direção, e nem pediu desculpa. Parece que não sou gente, que sou invisível, tenho vontade de chorar e de largar tudo, mas não posso. É muito humilhante ser tratada assim.”
Depois de contar as violências e indelicadezas que experimenta no cotidiano, ela disse que fica feliz quando um cliente (como eu fiz) elogia a sua simpatia e delicadeza. E acrescentou: “um sorriso e um elogio são alimentos para o meu coração: gentileza gera gentileza”.
Não tem sido fácil manter o equilíbrio e a saúde física e mental em tempos tão sombrios. Pessoas atenciosas, respeitosas e empáticas, na vida real e no mundo virtual, estão cada vez mais raras. Por isso, é importante ficarmos atentos para não reproduzir comportamentos tóxicos, preconceituosos e violentos.
Quando me perguntam “o que posso fazer para diminuir o pânico, o ódio e a intolerância que estão destruindo amizades, amores e famílias?”, respondo: Que tal começar com pequenos gestos de gentileza, como dizer bom dia, muito obrigado, por favor, desculpe? Afinal, o que custa olhar nos olhos das pessoas que nos cercam, prestar atenção no que elas dizem, sorrir e dar um simples “bom dia”?
Parece até absurdo pedir isso em qualquer momento, e mais ainda agora, mas pode se afastar e cobrir o rosto quando tossir e espirrar?
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