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Corrige miopia e astigmatismo: quem pode fazer cirurgia refrativa?

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Imagem: Unsplash

Colaboração para o VivaBem

06/07/2024 04h00

A cirurgia refrativa é uma opção popular para corrigir problemas de visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Nos últimos anos, a evolução tecnológica da medicina tem resultado em procedimentos mais precisos e seguros.

Apesar disso, para quem sofre com problemas de visão, pode ser difícil entender como a cirurgia funciona e quais resultados esperar de cada técnica disponível. A seguir, com a ajuda de médicos oftalmologistas, respondemos as principais dúvidas sobre cirurgia refrativa.

O que é a cirurgia refrativa?

A cirurgia refrativa engloba uma série de procedimentos que visam a correção dos graus dos olhos, e a cirurgia refrativa com o uso do laser é o procedimento que mais se realiza no mundo, permitindo tratar a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia.

O procedimento é indicado para quem quer diminuir ou eliminar a dependência do uso de óculos ou lentes de contato. Para saber se o interessado apresenta os critérios para realizar o tratamento, deve ser feita uma avaliação oftalmológica completa com exames específicos, voltados principalmente para a córnea, que é a lente natural do olho.

Quais são os métodos de cirurgia refrativa mais usados atualmente?

LASIK (Laser-Assisted In Situ Keratomileusis): No LASIK, é criado um flap na córnea, ou seja, um pequeno segmento superficial da córnea é delicadamente cortado e levantado, formando uma espécie de "tampa" ou "aba". Através dessa abertura, o laser remodela o tecido corneano. Existe uma versão chamada "femto-LASIK", que utiliza um laser para levantar o segmento da córnea, oferecendo maior precisão do que o bisturi tradicional. A cicatrização no LASIK é mais rápida, e o paciente geralmente tem uma recuperação visual quase imediata, saindo da cirurgia já enxergando bem. Esse procedimento é confortável e conveniente, mas deve ser cuidadosamente indicado.

PRK (Photorefractive Keratectomy): No PRK, a camada superficial da córnea é removida e o laser é aplicado diretamente na superfície da córnea. A ferida resultante é deixada exposta para cicatrizar sozinha, embora se use uma lente de contato como curativo. A recuperação no PRK é mais lenta e pode ser mais desconfortável inicialmente, mas é altamente segura em longo prazo. Essa técnica é frequentemente recomendada para pessoas com córneas mais finas ou que praticam atividades de alto impacto, pois não envolve a criação de um flap corneano.

SMILE (Small Incision Lenticule Extraction): No SMILE, o laser faz uma dissecção interna da córnea, criando um pequeno pedaço de tecido que é removido através de uma incisão mínima. Essa técnica não envolve a criação de um flap ou a remoção da camada superficial da córnea. A recuperação é rápida e confortável, semelhante ao LASIK, mas o SMILE é considerado ligeiramente mais seguro. No entanto, essa técnica tem algumas limitações, como não ser indicada para corrigir hipermetropia.

Nenhuma dessas técnicas é necessariamente superior a outra; a escolha depende das características específicas do olho do paciente e de suas necessidades visuais. Cada método tem suas vantagens e desvantagens, e a decisão sobre qual utilizar deve ser feita em conjunto com um oftalmologista.

Alguma técnica antiga já caiu em desuso? Por quê?

A técnica de ceratotomia radial, que envolve cortes radiais na córnea para corrigir a miopia, caiu em desuso devido à maior precisão e segurança oferecidas pelas técnicas a laser como LASIK e PRK.

Além disso, a ceratotomia radial apresentou maior risco de problemas em longo prazo, como a instabilidade refrativa, que é a mudança gradual na correção da visão, e o risco de complicações como infecções e cicatrização irregular da córnea.

Quais são os riscos de cirurgia refrativa?

Os riscos de cirurgia refrativa incluem infecções, problemas no flap (no caso do LASIK), regressão do efeito (retorno parcial do grau), sobrecorreção ou subcorreção, e efeitos visuais como halos (círculos luminosos ou anéis que aparecem ao redor de fontes de luz) ou glare (sensação visual incômoda causada pelo excesso de luminosidade, que dificulta a visão clara), especialmente à noite. Embora essas complicações possam ocorrer, é importante destacar que são extremamente raras.

O maior receio dos pacientes é o risco de cegueira, mas quando a cirurgia é feita por um profissional especialista e em centro cirúrgico adequado, o risco é praticamente inexistente. A infecção é o risco mais grave, mas a ocorrência é mínima, e a cirurgia refrativa é considerada bastante segura.

Complicações menores, como hipocorreção ou hipercorreção (quando o grau não é corrigido completamente ou é corrigido em excesso), podem ser corrigidas com um retoque posterior. Alterações do flap e pequenas dobras também podem ocorrer, mas são problemas técnicos sutis que geralmente não afetam significativamente a visão do paciente.

É possível ter que refazer a cirurgia refrativa? O grau pode retornar?

Sim, embora seja raro, é possível que o paciente desenvolva problemas de visão novamente após a cirurgia refrativa, necessitando de uma correção adicional, se o resultado inicial não for o ideal ou se houver regressão do efeito com o tempo.

A incidência de surgimento de novos problemas visuais é baixa, girando em torno de 4%, e o retratamento pode ser indicado desde que os exames oftalmológicos estejam normais.

Refazer a cirurgia é uma opção viável em situações específicas. Mas os especialistas explicam que não é ideal realizar cirurgias consecutivas em curto intervalo de tempo.

Normalmente, espera-se que o grau esteja estabilizado antes de realizar a cirurgia inicial para evitar múltiplos procedimentos. Por exemplo, se após a cirurgia inicial ainda restar algum grau de miopia, o paciente pode optar por uma correção adicional. Situações como a visão ligeiramente borrada podem ser corrigidas com um novo polimento a laser.

Quais os critérios para determinar se sou um bom candidato para a cirurgia?

Os critérios para determinar se você é um bom candidato para a cirurgia refrativa incluem:

Idade: Geralmente, a cirurgia é recomendada para pessoas com pelo menos 20 anos, para garantir que o grau esteja estabilizado.

Estabilidade do grau: O grau de visão deve estar estável por pelo menos um ano. Isso significa que não deve haver evolução significativa do grau, o que é verificado através de refrações periódicas.

Espessura e saúde da córnea: A córnea precisa ter uma espessura adequada para a quantidade de grau a ser corrigida. Córneas finas com graus altos podem não ser indicadas para a cirurgia. A córnea deve ser saudável, o que é avaliado por exames como a tomografia corneana.

Ausência de doenças oculares ativas: Não deve haver condições oculares como catarata, glaucoma ou outras doenças ativas que possam comprometer os resultados da cirurgia.

Qualidade do "filme lacrimal": A superfície ocular deve estar bem lubrificada, com uma qualidade lacrimal adequada. Problemas de secura ocular devem ser tratados antes da cirurgia para garantir uma boa cicatrização pós-operatória.

Existem alternativas à cirurgia refrativa, se eu não for um bom candidato?

Alternativas incluem óculos, lentes de contato, e procedimentos menos invasivos como implantes de lentes intraoculares ou uso de lentes especiais de contato (ortoceratologia).

Cirurgia pode corrigir todos os tipos de problemas de visão?

A cirurgia refrativa pode corrigir miopia, hipermetropia e astigmatismo. A extensão da correção pode variar dependendo das características individuais da córnea e da severidade do erro refrativo.

Existe algum preparo especial que devo seguir antes da cirurgia? E depois?

Antes da cirurgia, é recomendado evitar o uso de lentes de contato por um período determinado e não usar maquiagem ou cremes faciais no dia da operação.

Após a cirurgia, deve-se evitar esforço físico, piscinas e maquiagem nos olhos durante um período recomendado pelo médico, além de utilizar os colírios prescritos.

Qual é o custo médio da cirurgia e o que está incluído no preço?

Os custos podem variar amplamente dependendo da clínica, da tecnologia usada e da localização geográfica, mas geralmente incluem todas as consultas pré e pós-operatórias, a cirurgia em si e os medicamentos pós-operatórios, podendo variar de 5 a 10 mil reais, aproximadamente.

A partir de qual grau a cirurgia é coberta pelo plano de saúde?

A ANS determina que a cirurgia refrativa deve ser coberta pelos planos de saúde para miopia com grau acima de 5 e para hipermetropia, independentemente do grau. Isso significa que graus menores que 5 para miopia geralmente não são cobertos, pois são considerados mais estéticos do que terapêuticos.

No caso de cobertura, os planos de saúde normalmente cobrem a técnica PRK. Se o paciente optar por técnicas mais modernas como LASIK, Femtolasik ou Smile, ele pode precisar pagar a diferença ou complementar o valor coberto pelo plano.

Fonte: Tiago César Pereira Ferreira, médico oftalmologista e professor de cirurgia oftalmológica na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais; Luiz Felipe Lynch, responsável pelo setor de córnea cirúrgica e preceptor da residência médica de oftalmologia do HC-UFPE/Ebserh; Edmundo Martinelli, especialista em cirurgia refrativa da Unidade Laser Ocular do H.Olhos e professor e chefe do Setor de Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina do ABC.