Eles querem recongelar o Ártico
A investigação começou em 2023, com bombas para tirar água e fazer gelo. Uma ideia simples que resulta, mas tem alguns desafios.
A paixão pela patinagem no gelo está por trás de uma ideia, no mínimo, bizarra para salvar o planeta do aquecimento global. Um grupo de investigadores holandeses propõe-se voltar a congelar o Ártico. É que esta região do Hemisfério Norte tem vindo a aquecer a uma velocidade quatro vezes superior ao resto do planeta. Aliás, a cada década está a encolher 13%. Portanto, é necessário encontrar uma solução. Como explica à SÁBADO Tom Meijeraan, a ideia é simples. “Os clubes de patinagem do gelo holandeses, para terem mais gelo rapidamente, colocam água nas pistas naturais de forma a acelerar a produção de gelo. Estas pequenas camadas congelam rapidamente e tornam o gelo mais espesso. Este princípio inspirou-nos a fazer o mesmo no Ártico.”
Após dois anos de investigação, a equipa da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, com a startup Arctic Reflections decidiram testar a ideia na realidade. Ao utilizarem as próprias correntes do oceano, escavaram buracos no gelo e colocaram bombas para trazer a água do mar à superfície a um ritmo de cerca de 3.400 litros por minuto. O objetivo é que essa água, depois tornada em gelo, engrosse a camada que cobre o Ártico. “Estamos muito confiantes na restauração do gelo do Ártico”, explica.
Mas será assim tão fácil? “O nosso objetivo é, anualmente, colocar gelo nuns 100 mil km2”, diz à SÁBADO Tom Meijeraan, cofundador da startup. Os primeiros testes no terreno foram em março de 2023, em Svalbard, na Noruega. E depois seguiu-se a experiência no Canadá. “No próximo inverno teremos mais um projeto no Ártico canadiano. A cada inverno que passa vamos aumentando a operação até chegarmos ao nosso objetivo.” Quanto custa? A empresa tem vários investidores, mas Tom Meijeraan não esconde que são precisos “muitos mil milhões de euros por ano”.
Projeto polémico
Este não é o único projeto experimental a tentar travar o degelo do Ártico. Outro exemplo é a instalação de bolas de sílica que protegeriam o gelo do calor, ao refletir os raios solares. Segundo João Canário, investigador e especialista do Instituto Superior Técnico, trata-se de técnicas de geoengenharia polémicas. O motivo é simples: “A ciência ainda não garante que estas intervenções não produzam impactos mais negativos no ambiente do que aqueles que já existem.” E alerta: “O problema não está em colocar mais gelo, mas sim em mantê-lo.” Afinal, o aquecimento global continua a ser a maior ameaça ao desaparecimento do Ártico.
A paixão pela patinagem no gelo está por trás de uma ideia, no mínimo, bizarra para salvar o planeta do aquecimento global. Um grupo de investigadores holandeses propõe-se voltar a congelar o Ártico. É que esta região do Hemisfério Norte tem vindo a aquecer a uma velocidade quatro vezes superior ao resto do planeta. Aliás, a cada década está a encolher 13%. Portanto, é necessário encontrar uma solução. Como explica à SÁBADO Tom Meijeraan, a ideia é simples. “Os clubes de patinagem do gelo holandeses, para terem mais gelo rapidamente, colocam água nas pistas naturais de forma a acelerar a produção de gelo. Estas pequenas camadas congelam rapidamente e tornam o gelo mais espesso. Este princípio inspirou-nos a fazer o mesmo no Ártico.”
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