Irão vai a segunda volta nas presidenciais
A votação decorre no dia 5 de julho para substituir Ebrahim Raisi após a sua morte. Vai ser disputada entre o reformista Massoud Pezeshkian e o antigo membro da Guarda Revolucionária do Irão, Saeed Jalili.
A votação está marcada para o dia 5 de Julho. Servirá para substituir Ebrahim Raisi, após a sua morte num acidente de helicóptero a 19 de Maio. Vai ser disputada entre o reformista Massoud Pezeshkian, o único moderado num grupo de quatro candidatos, e o antigo membro da Guarda Revolucionária do Irão, Saeed Jalili.
De acordo com o Ministério do Interior, nenhum dos dois obteve os 50%: o reformista Masoud Pezeshkian conseguiu apenas uma pequena vantagem sobre o ultraconservador Saeed Jalili. Os resultados iniciais indicaram que Masoud Pezeshkian obteve 10,45 milhões de votos, Saeed Jalili 9,47 milhões e o outro candidato conservador, Mohammad Bagher Ghalibaf, 3,38 milhões. Já o quarto candidato, o antigo ministro da Justiça Mostafa Pourmohammadi, obteve apenas 206 mil votos.
No total, votaram 24.735.185 pessoas, cerca de 40%, atingindo assim um mínimo histórico. No entanto, o poder clerical esperava uma grande afluência às urnas, uma vez que enfrenta uma crise de legitimidade alimentada pelo descontentamento da população face às dificuldades económicas e às restrições à liberdade política e social.
O poder no Irão pertence, em última análise, ao líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, pelo que o resultado não anunciará qualquer mudança de política importante em relação ao programa nuclear iraniano ou ao seu apoio a grupos de milícias em todo o Médio Oriente. Apesar disso, o presidente dirige o governo diariamente e pode influenciar o tom da política iraniana.
As eleições presidenciais iranianas ocorrem numa época de escalada da tensão regional devido à guerra entre Israel e o Hamas, aliado do Irão, em Gaza, e o Hezbollah no Líbano, bem como ao aumento da pressão ocidental sobre o Irão devido ao rápido avanço do seu programa nuclear.
De acordo com a Reuters, é provável que o próximo presidente esteja estreitamente envolvido no processo de escolha do sucessor de Khamenei, que tem 85 anos e procura um chefe de estado leal que possa assegurar uma eventual sucessão sem sobressaltos para o seu próprio cargo.
Os analistas afirmam que a vitória de Saeed Jalili, que tem opiniões anti-ocidentais, assinalaria a possibilidade de uma viragem ainda mais antagónica na política externa e interna da República Islâmica. No entanto, a vitória de Masoud Pezeshkian poderá contribuir para aliviar as tensões com o Ocidente e aumentar as possibilidades de reforma económica, liberalização social e pluralismo político.
Masoud Pezeshkian, fiel ao regime teocrático do Irão, é apoiado pela fação reformista que tem sido largamente marginalizada no Irão nos últimos anos.
"Respeitaremos a lei do hijab, mas nunca deverá haver qualquer comportamento intrusivo ou desumano para com as mulheres", declarou o reformista após ter votado, referindo-se à morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi morte em 2022 quando se encontrava sob custódia da polícia moral por alegadamente ter violado o código de vestuário islâmico obrigatório.
A agitação provocada pela morte de Mahsa Amini transformou-se na maior manifestação de oposição aos dirigentes clericais iranianos dos últimos anos.