A vida solitária da mãe das gémeas no Brasil, enquanto o pai das crianças desaparece misteriosamente
No Brasil, Daniela dedica-se a tempo inteiro às filhas e não esconde que cuidar das meninas sozinha a levou a um "esgotamento físico, mental e financeiro". Enquanto se desdobra para que nada falte a Lorena e Maité, o pai das gémeas tem estado ausente das redes sociais das meninas, sendo que o seu desaparecimento misterioso tem dado que falar.
Daniela Luzado Martins tornou-se num nome conhecido dos portugueses devido ao caso que tem estado na ordem do dia na Comissão de Inquérito Parlamentar para apurar se houve ou não interferência do Presidente da República na decisão de administrar o medicamento mais caro do mundo às pequenas Lorena e Maité, popularizadas como gémeas luso-brasileiras, e que desde tenra idade sofrem de Atrofia Medular Espinhal, uma doença degenerativa e rara com graves implicações no desenvolvimento motor e intelectual.
Mas quem priva com a antiga empresária - que tem dupla nacionalidade graças à descendência de quatro avós portugueses - garante que o caso seguido atentamente em Portugal é um mal menor na sua vida difícil, uma vez que o seu dia a dia no Brasil é complexo, e marcado pelas muitas terapias e cuidados que as filhas, atualmente com cinco anos, precisam.
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"É desnecessário descrever o que essa sentença de morte fez a mim e à minha família. Mas não tive tempo de chorar porque em pouco tempo as minhas meninas foram para os cuidados intensivos. Em menos de três meses de internamento as minhas filhas foram para o bloco dez vezes. Eu quase enlouqueci", descreveu a luso-brasileira, que diz nunca ter baixado os braços no sentido de procurar uma melhor qualidade de vida para as filhas, hoje totalmente dependentes.
As meninas locomovem-se graças a cadeira de rodas e precisam de cuidados "24 horas, sete dias por semana", inclusivamente a meio da noite. Devido à condição frágil, e que muitas vezes as leva a ter de serem assistidas nos cuidados intensivos, Daniela tem-se dedicado a tempo inteiro às gémeas.
No meio da tormenta, admite, separou-se do pai das meninas, Samir Assad Filho, que desde que o caso 'estoirou' se tem resguardado. Enquanto Daniela é o rosto da polémica, o empresário brasileiro tem optado por não dar a cara publicamente. Na conta de Instagram onde a ex-empresária vai partilhando o dia a dia das meninas, Samir deixou, simplesmente, de aparecer e a última vez em que os dois se mostraram lado a lado foi no quinto aniversário de Lorena e Maité. As suas redes sociais também aparecem agora como inativas e, no seu depoimento perante os deputados, Daniela nunca se referiu diretamente ao nome do ex-marido, usando sempre um conceito mais abrangente como o de família.
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A última aparição de Samir nas redes sociais foi no aniversário das filhas, no ano passado
No entanto, percebeu-se alguma mágoa quando, por altura do divórcio, ficou sozinha em Portugal com as filhas, o que representou um esforço hérculeo, uma vez que Daniela vivia numa casa com escadas e precisava de transportar diariamente as meninas, bem como as suas cadeiras de rodas, para cima e para baixo.
"Cheguei num esgotamento físico, mental e financeiro. Passei por um divórcio e comecei a ter problemas de saúde. As meninas estavam a crescer e era eu sozinha com elas numa casa com escadas. E os meus recursos, fruto da angariação das meninas, também estavam a acabar. Tinha um gasto de mais de mil euros só com terapias", disse para justificar o porquê de ter regressado ao Brasil, onde tem uma maior rede de apoio.
A condição de Lorena e Maité não permite a Daniela um regresso a tempo inteiro ao trabalho, mas a ex-empresária recusa qualquer tipo de vitimização.
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Nas redes sociais, passa, exatamente a mensagem contrária, de alegria e ânimo por ter as filhas por perto e poder proporcionar-lhe experiências que as estimulem. Assim, em paralelo com as terapias, é frequente ver as gémeas em atividades sensoriais, programas com animais, musicais, entre muitos outros. E todas as conquistas, por mais pequenas que sejam, são motivo de celebração, numa vida agora longe do pai das meninas, mas com o apoio da família e amigos, que nunca deixaram Daniela ao longo dos últimos anos difíceis.
Depois do depoimento de Daniela, esta semana, teve lugar a audição de Nuno Rebelo de Sousa que se remeteu ao silêncio.
Foi também determinado na última quarta-feira que seria importante ouvir a companheira do filho de Marcelo, Juliana Viela Drumond, uma vez que foi este o nome que, inicialmente, desencadeou toda a polémica, com Daniela a admitir que usou 'o pistolão', ou seja, recorreu à cunha de Juliana para conseguir o medicamento para as filhas.
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Mais tarde, perante a Comissão de Inquérito, acabaria por dar outra versão dos factos. "Afirmei que conhecia a nora do presidente da República, mas a verdade é que somente a conheci num evento de Natal em São Paulo, anos depois da medicação."
Um assunto que agora os deputados querem ver esclarecidos com a audição de Juliana, a nora da polémica, que está há anos ao lado de Nuno Rebelo de Sousa. Os dois apaixonaram-se depois de o filho de Marcelo se ter mudado para o Brasil com a ex-companheira e os filhos e a paixão súbita levou ao divórcio de Rita Sousa Coutinho, algo que entristeceu o presidente da República que tinha uma adoração especial pela nora.
