• LUANDA VIEIRA (@luandavieira)
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Green seedling in test tubes. (Foto: Getty Images)

8 dúvidas sobre fertilização para você começar a pensar no assunto (Foto: Getty Images)

“A falta de informação gera todos os tabus em torno da infertilidade. O peso e a cobrança de uma gravidez recaem todo sobre a mulher, quando, na verdade, existem outros fatores que podem atrapalhar o processo. O homem é tão responsável quanto”, diz Dr. Matheus Roque, médico especialista em reprodução humana, da Clínica Mater Prime. Ele afirma que de 15 a 20% dos casais passam pela dificuldade de engravidar. “O assunto velado faz com que se perca muito tempo procurando soluções ginecológicas, ao invés de encontrar um especialista que vai avaliar um tratamento adequado para o casal”, explica.

No ranking entre as cinco doenças mais comuns do mundo, a infertilidade, no meio médico, é chamada de ‘doença democrática’, por não apresentar um único motivo aparente, mas diversos. “Existem várias investigações entre os casais que passaram pela infertilidade e, na maioria, não conseguimos detectar semelhanças. Dos que conseguimos, 30% são fatores isolados na mulher, 30% são fatores isolados no homem e 30% são uma associação de fatores”, explica.

Abaixo, selecionamos um apanhado de dúvidas respondidas pelo Dr. Matheus Roque.

PRIMEIRO PASSO

“É descobrir uma causa, ver se é reversível e tentar potencializar uma chance de gravidez natural.”

QUAIS SÃO OS TIPOS DE TRATAMENTOS?

O especialista conta que existem os tratamentos de baixa complexidade e os de alta complexidade. Os primeiros são os de indução à ovulação, que nada mais é do que a ingestão de comprimidos para a mulher estimular a produção; ou o coito programado, que também conta com a ajuda de medicamentos mas com o acompanhamento de ultrassom “para monitorar e entender qual seria o melhor período para o casal ter relações sexuais.” 

Ainda dentro da baixa intensidade existe um último passo que é a inseminação artificial ou a inseminação intrauterina. “É quando damos o remédio para produzir a ovulação da mulher, mas, diferente dos outros casos, não programa uma data para ter relação. Depois, colhemos o sêmen do homem (pode ser de um banco de sêmens, inclusive) e o preparamos para injetar dentro do útero da mulher”, explica.

Já a conhecida como ‘fertilização in vitro’ é de alta intensidade e de maior probabilidade de sucesso. “Avançamos vários passos com esse processo. Vamos ao laboratório promover o encontro do espermatozoide com o óvulo ao invés da penetração ser na tuba uterina. O embrião já chega formado no útero.”

EXISTEM FORMAS DE TESTAR O EMBRIÃO?

“Do mesmo jeito que fazemos exames quando a mulher está grávida para detectar qualquer tipo de doença previamente, como Síndrome de Down, nós também conseguimos fazer uma análise genética do embrião antes de transferir para o útero, o chamado teste genético pré-implantacional. Saber de o embrião é normal ou anormal leva as chances de gravidez para 70%, mas o maior desafio hoje em dia é que esse número seja 100%.”

QUESTÕES EMOCIONAIS INTERFEREM NO PROCESSO?

“Talvez o emocional seja mais uma consequência do processo todo, mas outras coisas são muito mais interligadas, como: estilo de vida, nutrição e sedentarismo; bebida alcoólica, cigarro e/ou drogas são fatores que influenciam e diminuem as chances de gravidez natural e podem prejudicar os resultados de tratamentos também”, diz Dr. Matheus. Além desses fatores, o especialista dá um exemplo básico de como entender o que pode atrapalhar a gravidez: “tudo que faz mal para o coração, também faz mal à fertilidade”.

EXISTEM LIMITES DE TENTATIVAS?

“Não. Muitas vezes vemos que o limite é muito mais emocional ou, algumas vezes, financeiro, do que necessariamente um limite pela medicina. A prova disso é que em alguns países, como na Holanda e na Bélgica, o governo para pelo tratamento e mesmo nesses locais vemos que a taxa de continuidade é de 25 a 30%. O impacto emocional as vezes é maior do que a vontade e eles param.

TEM UMA IDADE LIMITE PARA CONGELAR OS ÓVULOS?

“Em teoria, quanto antes se congelar os óvulos melhor. É aconselhável que uma mulher depois dos 30, que não sabe se quer ou quando vai engravidar, congele, mas não tem uma idade limite. A partir dos 35 a qualidade e quantidade de óvulos começa a cair muito.

O CONGELAMENTO É GARANTIA DE GRAVIDEZ?

“Não, mas uma potencialização de gravidez no futuro, como se estivéssemos congelando a idade reprodutiva dela. Isso é importante”, explica.

EXISTE ALGUM RISCO À SAÚDE?

Não, é tudo muito bem controlado. Questionam se os hormônios podem estar relacionados ao câncer de ovário ou de útero, mas não há nenhuma comprovação. O que sabemos é que os hormônios podem atrapalhar pacientes que estão em tratamento de câncer de mama, por exemplo, e por isso optam por congelar os óvulos antes da quimioterapia. As complicações do tratamento são baixíssimas também. Hoje, menos de 1% tem risco de sangramento ou de infecção.”