• Carla Paredes (@paposobreautoestima)
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Bianca Balti lança coleção de vestidos para grávidas (Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

Outro dia me deparei com um post que estava sendo bastante discutido no meu feed. Era um ensaio gestante, o pai beijando a barriga de sua mulher grávida e a legenda dela dizia algo do tipo: “Obrigada pois nunca pensei que pudesse me sentir amada mesmo estando desse jeito”. Ah, o “desse jeito” estava relacionado às mudanças que ocorreram no corpo dela durante a gravidez. Eu não sei se alguém aqui vai se relacionar com isso (espero que não), mas senti vontade de responder a essa mulher, e resolvi fazer nesse espaço que tenho aqui:

Querida mulher grávida, seu corpo nesse exato momento é uma bomba de hormônios enlouquecidos, em constante mudança. Eu ainda lembro da sensação de olhar no espelho e não reconhecer muito bem que corpo era aquele que estava refletido. Tinha certas dificuldades de entender que minha mobilidade havia mudado, minha posição de dormir também. Ganhei de presente uma bela dor nas costas. Nem o argumento do “você está gerando seu filho” funcionava muito bem em meio a tantas novidades, mudanças e inseguranças.

Eu sei que essa é uma época onde estamos naturalmente mais vulneráveis, mais frágeis. E solitárias também. Gravidez é um processo solitário por si só, não importa quantas pessoas estejam contando os dias para ver o rostinho do bebê. Por mais que a gente divida nossos processos com nossa família e amigos, no fim, só a gente sabe o que está acontecendo dentro de nós. Seja no útero, na cabeça ou no coração.

Mas vamos combinar uma coisa? Nunca ache que você é indigna de amor por não estar com o corpo que tinha antes da gravidez. Não importa se você ganhou 10 ou 20 quilos. Se seu peito triplicou de tamanho. Ou seja lá qual for a sua particularidade durante a gestação.

Eu sei que as mudanças no corpo acontecem e nos deixam confusas. Inseguras. Até mesmo com medo. Mas se estamos em um relacionamento saudável, aparência não é um parâmetro para amor. Com ou sem filhos. Estando grávidas ou não. Seu valor não está na sua aparência, e o amor de alguém por você não deve ser pautado em algo tão efêmero e mutável quanto um corpo.

Sei que é difícil de acreditar nisso quando a gente cresce ouvindo coisas como “se você se descuidar, seu marido vai deixar de te desejar”. Quem nunca ouviu alguém justificando uma traição porque a esposa parou de cuidar de si mesma? E quantas vezes o “parar de cuidar de si mesma” é sinônimo de ter engordado? Estamos em 2020, discussões sobre body positive e autoestima estão acontecendo por todos os lados, e ainda tem gente falando isso por aí. Por isso não me espanta - só me entristece - ver alguém não conseguindo acreditar que pode ser amada mesmo estando com um corpo diferente.

Estou falando com você, mulher grávida, mas na verdade essa discussão vale para qualquer uma que ache que seu valor como mulher está no próprio corpo. Ou que acredite que só merece ser amada ou desejada se estiver com determinada aparência.

Da próxima vez, agradeça pela companhia. Ou por ter alguém ao seu lado que está entendendo esse momento de vulnerabilidade e te trazendo segurança. Agradeça pelo amor que permitiu gerar seu filho. Mas não agradeça por estar sendo amada mesmo com um corpo diferente. Corpos se modificam não apenas na gravidez, mas no passar do tempo. Por mais dedicada que você seja com a manutenção da sua aparencia, ela não será sempre a mesma. E isso é a vida. Agradeça por ela também e seja muito feliz nessa sua nova fase.