• Bárbara Öberg (@barbaraoberg)
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Karla Lopes (Foto: Reprodução Instagram)

Karla Lopes (Foto: Reprodução Instagram)

Entre as poucas coisas boas que a pandemia trouxe, uma delas foi impulsionar a discussão sobre saúde mental, autocuidado e bem-estar no Brasil, aquecendo um mercado que já estava crescendo por aqui. Foi nesse fervor, que a jornalista belo-horizontina Karla Lopes colocou a sua marca Lunnare, antes chamada de Lunna Care, no mapa. 

"Quando foi decretada a quarentena entrei em desespero, pensava quem iria querer comprar incenso na pandemia", explica. "Mas entre abril e outubro teve um boom gigantesco da marca. Tivemos o dobro de pedidos e crescemos 56% nesse período de isolamento social. Não conseguia dormir nem comer de tanto trabalho."

Todo esse sucesso não passou despercebido por Bruna Tavares, empresária, jornalista e blogueira do meio de beleza, que surpreendeu Karla ao fazer uma compra grande no começo de junho de 2020. Além disso, enviou uma mensagem via Instagram fazendo um convite de parceria entre as duas, mostrando seu interesse de investir e divulgar a marca.

A dupla articulou um remodelamento da Lunna Care, tanto seu nome, como embalagem, produção, portfólio e fórmulas. De 20 itens, a marca passa a ter 60 artigos de spirit care, como spray energético, banhos, escalda pé, incensos e óleos. 

Lunnare (Foto: Reprodução Instagram)

Alguns produtos da Lunnare (Foto: Reprodução Instagram)

A jornalista, que já trabalhou em assessoria de imprensa, na Rede Minas (rede de televisão) e no blog Chata de Galocha, escreve o blog Hey Jude desde 2009, onde fala sobre moda, beleza e bem-estar. A ideia de desenvolver produtos só surgiu em 2018. Enquanto tocava um negócio de cerâmica, no qual vendia pratos decorativos, suporte de incenso e outros acessórios, seguiu a recomendação da sua terapeuta de "buscar" suas raízes com o intuito de ajudar com uma crise de saúde mental, picos de ansiedade, cansaço e um diagnóstico de depressão.

Fez isso se aproximando ainda mais da sua avó, de 87 anos, com quem começou a produzir  itens de cuidados pessoais como tinturas de ervas (infusão de folhas, flores, cascas, raízes ou frutos em substância alcoólica), sprays e incensos. "Foi como um resgate de ancestralidade negra, me fez me conectar ainda mais com ela e com a minha criança interior, enxergar coisas e possibilidades", garante Karla. "Todas as receitas eram da minha bisavó, que viveu em uma época em que pessoas negras não tinham acesso a nada, por isso, ela desenvolveu um conhecimento grande sobre as ervas."

Na época, Karla passou a vender os produtos para amigas, depois começou a participar de feirinhas em Belo Horizonte – meio em que passou a ser reconhecida e celebrada antes da chegada da pandemia. "Para mim é muito louco e inusitado ver tudo isso acontecendo, a Lunnare é um exemplo para mostrar para outras meninas que vieram de bairros periféricos, de olhar para isso e ver que é possível também", comemora.

Hoje, além dessa pegada bruxinha que a marca propõe, a ideia é expandir o portfólio para o lado da beleza, lançando um item multifuncional, assim como os bálsamos, uma espécie de perfume sólido com óleo essencial.