Um ano após fechamento de buffet, clientes ainda não foram ressarcidos

A nota divulgada nas redes sociais do buffet aponta que o motivo do fechamento do estabelecimento foi a crise financeira causada pela pandemia. Na época, a assessoria do Buffet informou que 74 eventos deixaram de ser realizados por conta do encerramento das atividades.

Os clientes que foram lesados, se juntaram e entraram com ações contra o Buffet, mas mesmo um ano depois do episódio, nada mudou.

Ano passado, a reportagem entrevistou Kely Correia, que havia contratado os serviços do Buffet para a festa de aniversário de 15 anos de sua filha, que aconteceu, mas não no Colonial.

“Fez um ano de um momento triste, acho que a maioria das pessoas acabou fazendo as festas, mas em outros lugares e com outras condições”, conta Correia.

Assim como acontece com outras pessoas, no processo de Kely consta que as autoridades já citaram os responsáveis pelo Buffet, mas sem sucesso, pois sempre há alguma mudança de endereço por parte dos responsáveis.

Ainda em 2022, o Buffet Colonial afirmou que alguns clientes já haviam sido reembolsados. No entanto, segundo as fontes entrevistadas, nenhuma das pessoas que participam do grupo recebeu nenhum reembolso, nem parcial e nem total.

Outra cliente lesada pelo Buffet foi a advogada Raquel Nincao, que apenas quatro dias antes do decreto de falência, visitou o Buffet para definir os detalhes de sua festa de 60 anos que seria realizada no dia 25 de junho do mesmo ano, e afirma que o local estava cheio. "Deram um grande calote e o processo crime está andando nos passos da Justiça brasileira”, comenta a advogada.

Karla Rossetto é outra cliente lesada pelo fechamento do local. Ela e Thiago Ortega estavam com o casamento marcado para o dia 24 de julho de 2022. A festa dos sonhos no Colonial estava quase pronta. No final de semana anterior ao anúncio do fechamento do local, ela e o noivo foram ao Buffet para terminar de ver os detalhes com os fornecedores e o clima era tranquilo. “O lugar estava cheio, os funcionários estavam fechando contratos, montando festas, tudo em pleno funcionamento”, conta.

Karla foi uma das primeiras pessoas a receber o anúncio de que o Buffet tinha fechado as portas e ao tentar contato com os responsáveis, não obtiveram respostas. Depois de muito insistir, decidiram criar um grupo com os clientes que foram lesados pelo Colonial.

Mesmo um ano depois, Rossetto reafirma que ninguém do grupo recebeu nenhuma quantia e nenhuma resposta sobre o processo.

“As informações que recebemos são do advogado dos responsáveis através do processo que está aberto. É uma defesa bem fraca, com uma resposta que contém tudo o que foi divulgado na nota de fechamento”, explica.

Rossetto conta que o Colonial dizia que o imóvel era propriedade dos responsáveis, mas quando a bomba estourou, a história mudou e os responsáveis passaram a dizer que o imóvel era alugado.

Thiago Ortega é quem está à frente dos processos com o grupo e afirma que os responsáveis estão fugindo dos processos. “O Buffet Colonial, Teresa Tomoco Yoshikawa - que detém o CNPJ do Colonial registrado em seu nome - e o filho de Teresa, Ricardo Norihide Yoshikawa, estão sendo citados no processo, mas quando são procurados, o advogado de defesa afirma que mudaram de endereço”, conta Ortega.

No ano passado, a assessoria do Buffet informou que as festas realizadas antes da pandemia de covid-19 tinham um valor médio de R$ 40 mil, e durante a pandemia, esse valor médio passou a ser R$ 17 mil. No entanto, o casal conta que o pagamento de R$ 56 mil referente ao casamento foi feito à vista. Ao conversar com o resto do grupo, o casal fez um levantamento com os outros clientes e diferentemente do que a assessoria informou. Entre os participantes do grupo, o ticket médio por festa é de R$ 100 mil, bem longe dos R$ 40 mil alardeados pelo Buffet.

“Não importa o tempo que seja, vamos continuar atrás dos nossos direitos. É importante que eles saibam que fizeram algo muito errado e isso não pode passar despercebido. Eles mexeram com os sonhos de muitas pessoas, inclusive, pessoas que precisam do dinheiro para realizar outra festa. Queremos respostas”, finaliza Thiago.

A advogada Luanna Perdiz de Jesus, sócia do escritório Perdiz de Jesus Advogados, explica que o Buffet deverá restituir o valor integral da quantia paga a realizações dos eventos já contratados, pois se trata de uma rescisão unilateral por fechamento do estabelecimento, em que não há hipótese de realização do evento pelo mesmo Buffet em data futura.

“Os clientes que contrataram o serviço podem, inclusive, ingressar com uma demanda judicial para pleitear além do ressarcimento integral, uma indenização a título de danos morais”, esclarece a advogada.

Ainda por ser uma relação amparada pelo Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor, que no caso é o Buffet, deverá arcar com os demais prejuízos que tiver causado.

A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Buffet Colonial no dia 14 de abril, mas não recebeu retorno.