Tesouro Direto: taxas desaceleram após inflação dos EUA e prévia no Brasil

O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029, que encerrou a sessão de ontem pagando 6,19%, fecha em queda

Por Cris Almeida, Valor Investe — Rio


audima

Os papéis do Tesouro Direto encerram em queda nesta sexta-feira (26), em comparação com o fechamento da sessão de ontem. Os títulos indexados à inflação seguem pagando retorno real acima de 6%. Já os prefixados estão bem próximos dos 12%, embora tenha dado uma desacelerada hoje.

No radar dos investidores de títulos públicos estão indicadores dos Estados Unidos, em especial o PIB, que surpreendeu para baixo, e a inflação, que disparou ontem. Aqui no Brasil, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação, é o principal assunto do dia.

O IPCA-15 ficou em 0,21% em abril ante março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador desacelerou ante o visto em março, quando subiu 0,36%. O índice ficou abaixo das 35 projeções coletadas pelo Valor Data, que iam de uma alta de 0,23% a um avanço de 0,36%. A mediana das expectativas apontava para uma inflação de 0,28%.

Essa é uma boa notícia porque indica que o Banco Central pode ver como um ambiente seguro a continuação da queda da taxa Selic, um dos de instrumentos que a autoridade tem para controlar o aumento dos preços.

No exterior, o alívio do índice de gastos com consumo (PCE) de março nos Estados Unidos dentro do esperado dá uma esperança de que os juros americanos possam cair neste ano, mais um fundamento para o BC do Brasil se agarrar na hora da decisão sobre juros por aqui. O indicador foi publicado nesta sexta-feira (26).

O PCE dos Estados Unidos registrou alta de 0,3% em março frente fevereiro, quando também cresceu 0,3%. Os analista esperavam alta de 0,3%.

No fechamento desta sexta, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029, que encerrou a sessão de ontem pagando 6,19%, oferecia 6,11% no fim da sessão. Essa invertida na lógica do mercado de títulos públicos, dos papel mais curto pagar mais, é explicada pelas últimas perspectivas em relação à taxa Selic, que pode voltar a cair a passos mais lentos. A percepção de juros maiores no curto prazo faz com que o prêmio dos títulos também de curto prazo sejam mais relevantes, para acompanhar o movimento do mercado.

Entre os prefixados, mais desaceleração. Os títulos mais longos, com pagamento em 2031 e 2035 (este com juros semestrais), continuam próximo dos 12%, ambos oferecendo 11,64%.

Como se sabe, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento —, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.

Fechamento dos títulos públicos (26/4)

Título Rentabilidade anual Investimento mínimo Preço Unitário Vencimento
TESOURO PREFIXADO 2027 10,82% R$ 30,40 R$ 760,04 01/01/2027
TESOURO PREFIXADO 2031 11,64% R$ 33,69 R$ 481,42 01/01/2031
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2035 11,64% R$ 37,58 R$ 939,59 01/01/2035
TESOURO SELIC 2027 SELIC + 0,0966% R$ 147,27 R$ 14.727,97 01/03/2027
TESOURO SELIC 2029 SELIC + 0,1460% R$ 146,64 R$ 14.664,88 01/03/2029
TESOURO IPCA+ 2029 IPCA + 6,11% R$ 31,65 R$ 3.165,56 15/05/2029
TESOURO IPCA+ 2035 IPCA + 6,07% R$ 44,62 R$ 2.231,15 15/05/2035
TESOURO IPCA+ 2045 IPCA + 6,04% R$ 37,47 R$ 1.249,09 15/05/2045
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 IPCA + 6,08% R$ 43,60 R$ 4.360,48 15/05/2035
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 IPCA + 6,05% R$ 43,03 R$ 4.303,67 15/08/2040
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 IPCA + 6,06% R$ 43,60 R$ 4.360,77 15/05/2055
— Foto: GettyImages
Mais recente Próxima Tesouro Direto: título mais curto atrelado à inflação chega a pagar 6,19%