Após novas críticas de Lula a Campos Neto, expectativas para o Copom crescem ainda mais

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Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo


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A quarta-feira (19) chega e, com ela, vem a expectativa de encerramento do ciclo de queda da Selic. Hoje, no fim do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia sua decisão. A divulgação, no entanto, vem após o presidente Lula fazer novas críticas a Roberto Campos Neto, atual dirigente do Banco Central, e questionar os juros ainda altos. Portanto, o comunicado deve ganhar especial atenção desta vez.

Ontem (18), em entrevista à radio CBN, o presidente Lula (PT) afirmou que “não há explicação para a taxa de juros do jeito que está” e voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo Lula, o dirigente da autoridade monetária “não demonstra capacidade de autonomia” e que “trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”. “A única coisa desajustada, nesse instante, no Brasil, é o comportamento do Banco Central”, afirmou o presidente.

As falas, portanto, dão a entender que existe uma pressão por parte do governo para que os juros continuem caindo. Não à toa, na última reunião do Copom houve divergências entre os dirigentes. Enquanto aqueles indicados pelo atual governo votaram por um corte de 0,5 ponto percentual, mantendo o ritmo das quedas anteriores, os membros do comitê indicados pelo governo anterior optaram por um corte mais brando, de 0,25 ponto percentual, que acabou sendo a decisão final.

Agora, as apostas do mercado estão todas voltadas para a manutenção dos juros em 10,5%. Inclusive, o próprio Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central que mostra as projeções dos economistas para alguns dos principais indicadores econômicos, mostrou esse movimento. Em sua última leitura, a previsão dos economistas para a Selic no fim deste ano saiu de 10,25% para 10,5%. Isso significa, portanto, que as apostas são de que o ciclo de cortes seja encerrado.

É importante lembrar, no entanto, que o mandato de Roberto Campos Neto e de outros diretores do Banco Central se encerra no fim deste ano. Com ele, se despedem também outros dois membros da diretoria que, assim como o novo presidente da autoridade monetária, serão substituídos por nomes indicados pelo atual governo. Assim, os apontados pelo presidente Lula serão maioria. E essa troca já está causando aflições no mercado. Segundo alguns analistas, a tese de que a taxa básica deve parar de cair neste ano e voltar a cair no ano que vem ganha cada vez mais força.

Portanto, hoje o mercado deve ficar atento não só à decisão monetária, mas também ao que comunicado emitido pelo BC pode trazer.

Lula e Campos Neto — Foto: Agência O Globo/Agência Senado
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