Imposto de Renda 2024: vai receber a restituição no primeiro lote? Veja onde investir

Antes de destinar o valor da restituição a um produto de investimento, é importante considerar diversos aspectos, em especial os objetivos financeiros de curto, médio e longo prazos e o perfil de risco

Por Yasmim Tavares, Valor Investe — Rio


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A Receita Federal paga o primeiro lote de restituição do Imposto de Renda 2024 na próxima semana, no dia 31, última sexta-feira do mês, para 5,5 milhões de pessoas, totalizando R$ 9,5 bilhões a serem distribuídos - um recorde. Esse dinheiro "extra" pode ser aproveitado para quitar dívidas, criar um pé de meia ou até investir em produtos financeiros.

Guilherme Almeida, especialista em educação financeira da Suno, lembra que é preciso considerar diversos aspectos antes de tomar uma decisão de investimentos, em especial os objetivos financeiros de curto, médio e longo prazos e o perfil de risco da pessoa.

Se ainda não tiver uma reserva de emergência, por exemplo, esse pode ser um bom momento para dar o primeiro passo no mundo dos investimentos e formar o pé de meia. "O ideal é que todos tenham uma reserva para cobrir imprevistos, aqueles momentos que muitas vezes a gente não espera, mas podem acontecer, inclusive com mais frequência do que gostaríamos, como perder o emprego ou ter um problema de saúde", diz.

Pensando nisso, Almeida destaca a importância de investir em produtos que sejam mais seguros, com baixo risco e liquidez diária para que a pessoa consiga acessar os recursos de forma imediata.

Os títulos públicos pós-fixados, conhecidos como Tesouro Selic, são indicados para a formação do pé de meia, uma vez que possuem liquidez e segurança de rentabilidade no momento do resgate. A rentabilidade oferecida por esses papéis acompanha a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

Depois de constituir a reserva de emergência, aí sim a pessoa pode começar a pensar em diversificar o dinheiro em outras alternativas de investimentos, inclusive dentro da boa e velha renda fixa. “No Brasil, pelo fato de termos, historicamente, uma inflação elevada e uma taxa de juros ainda mais alta, existe um potencial de rentabilidade interessante no universo da renda fixa, além, é claro, da proteção do portfólio do investidor”, afirma.

O especialista chama atenção, porém, à qualidade de crédito dos emissores de títulos de renda fixa. “Se a pessoa optar por uma aplicação em um CDB, por exemplo, é importante avaliar o emissor desse papel, a característica de risco que, nesse caso, é o risco de crédito da instituição emissora quebrar, por exemplo”, explica.

Os Certificados de Depósito Bancário (CDB) são títulos de renda fixa emitidos por bancos privados com prazo de vencimento. Neste caso, o investidor empresta o dinheiro para uma instituição bancária.

Diferente do Tesouro Selic, esses títulos podem ser prefixados, pós-fixados e híbridos. No primeiro caso, a taxa de rentabilidade é definida no momento da aplicação e não varia até a data de vencimento. Nos CDBs pós-fixados, mais populares, o retorno acompanha um indexador da economia, como o CDI, usado como referência em aplicações de renda fixa atreladas à taxa de juros.

Cabe destacar que os CDBs, apesar de oferecerem um risco maior que o Tesouro Selic, uma vez que são emitidos por bancos privados e não pelo governo, são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que atua para garantir a recuperação do dinheiro investido em caso de falência do emissor do título. O valor máximo de cobertura pelo fundo é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.

O investimento em ativos de renda variável também pode ser uma opção para os investidores que têm maior apetite para correr riscos, uma vez que as ações oscilam diariamente, tanto para cima como para baixo. "Justamente por conta do bom desempenho histórico que as ações apresentam no longo prazo, o investidor pode separar uma parte da restituição para aproveitar a 'mágica' dos juros compostos", comenta.

Os fundos imobiliários também entram no leque de renda variável e podem ser interessantes, em especial pela característica do produto, que oferece um rendimento periódico ao investidor. "Esses fundos, além de pagarem rendimentos mensais para os seus cotistas, possuem uma volatilidade menor do que as ações", diz Almeida, da Suno.

Luciana Ikedo, sócia do escritório RV4 Investimentos e autora do livro "Vida Financeira - Descomplicando, economizando e investindo", pondera que, no caso das pessoas que fazem a declaração completa de imposto de renda, o dinheiro da restituição pode ser aproveitado para investir em um plano de previdência do tipo PGBL.

"É uma alternativa interessante e muito estratégica, dado que, se o patamar de rendimentos tributáveis se mantiver em linha com o ano anterior, o valor pode representar um bom pedaço da contribuição máxima para obter a elisão fiscal [estratégia legal que visa reduzir a carga tributária]", explica a especialista. "Só é importante destacar que é preciso avaliar se os rendimentos tributáveis não tiveram oscilação em relação ao período anterior", ressalta.

O que fazer com o dinheiro da restituição do Imposto de Renda? — Foto: Getty Images
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