Colunas de Tito Gusmão

Por Tito Gusmão

Empreendedor, CEO e fundador da Warren

São Paulo


Todo empreendedor sabe que crescer é um processo menos linear do que parece. Aliás, não precisa ser empreendedor para entender isso: basta se lembrar da sua infância e da diferença de altura entre você e seus colegas de classe. Os mais altos, lidando com a estranheza do estirão precoce. Os mais baixinhos, ansiosos para não serem mais os primeiros quando a professora enfileira a turma por altura.

Numa empresa de crescimento acelerado, em especial no mercado financeiro, dar o estirão não depende só do nosso “sistema endócrino”. E é por isso que uma aquisição ou fusão faz sentido — é preciso garantir que a missão que você quer entregar chegue mais longe, sem perder o timing que o seu negócio precisa.

Até aqui, tudo parece tranquilo. Algumas (ou quase todas) noites de insônia fechando planilhas, alinhando estratégia, business as usual, como é a vida de qualquer louco que decide fundar algo no Brasil.

Só que, quando decidimos, em 2020, fazer a primeira aquisição na corretora de investimentos e gestora de patrimônio da qual sou CEO, a turbulência não foi passageira: ela virou a regra do jogo, sem chance para o time de comissários sequer distrair a nossa mente com o carrinho de lanches no meio do voo.

Abro um parêntesis para explicar por que incomodamos tanto: nascemos com uma missão diferente no mercado de investimentos, a de oferecer um modelo sem comissão e sem conflito de interesses, com foco nos objetivos do cliente.

Se você prefere termos chiques em inglês, aqui está: fee-based e goal-based. Lá fora, na Europa e nos Estados Unidos, eles já são o arroz e feijão de qualquer carteira de investimentos que se preze. Por aqui, era uma iguaria exclusiva de investidores com patrimônio na casa das dezenas de milhões.

Mas não nascemos em um mar azul, onde a oportunidade de mercado se traduzia 100% em brasileiros com os seus milhões embaixo do colchão. A verdade é que muito investidor já está vinculado ao completo oposto do nosso modelo: comissão, conflito e taxas abusivas. Aí estava a nossa oportunidade: crescer a base de clientes e trazer para dentro de casa um escritório associado a uma das nossas principais concorrentes.

Em um movimento de aquisição é fundamental que a matemática tenha resultado exponencial e a cultura seja a mesma: o santo bater, diria a minha e a sua avó. Por isso, não apenas clientes e seu patrimônio são os números da equação, mas também, e principalmente, os talentos da empresa que estamos trazendo a bordo. Adeus modelo conflitado e problemático da corretora antiga. Bem vindo futuro, com o sonho de construir a maior corretora, fazendo o certo, da forma certa com as pessoas certas.

Mas aí vieram os primeiros alertas de apertar os cintos: sistemas derrubados sem motivo, mensagens ameaçadoras, informações dos clientes e suas contas expostas e migradas para diversos outros escritórios associados. Tentativas desesperadas da antiga corretora de não perder seus clientes. Quem antes investia com a família toda por meio de um só escritório de confiança, se viu, do dia para a noite, com diversos novos assessores, totais desconhecidos com acesso a todas as suas informações financeiras. Um verdadeiro caos.

Quer mais uma pitada de adrenalina? Isso começou pouco antes do início da COVID-19 e foi se desenrolar no auge da chegada da pandemia no Brasil, com lockdown afetando a operação desde o bar da esquina até cartórios brasileiros. E esse é um detalhe que faz toda diferença: sabíamos que a hostilidade da antiga corretora não seria pouca, mas ela se provou especialmente maliciosa em um momento tão delicado para todo mundo.

Boa parte dos nossos novos clientes precisavam assinar diversos documentos para migrar seus patrimônios e continuar com a gente. E, apesar de tentativas pouco cordiais de segurá-los em outros escritórios, como já comentei, tivemos a sorte de que os clientes confiam nos seus especialistas. Aliás, sorte nada — isso foi um dos motivos que nos fez buscar esse movimento de M&A, a confiança de que eles já trabalhavam em um modelo de transparência e proximidade.

Com os cartórios fechados, a grande corretora fez questão de aproveitar esse momento de exceção para alongar ainda mais a despedida, impedindo, por exemplo, o uso da tecnologia de assinatura de um documento eletrônico para dar continuidade às migrações.

Acho que já dei detalhes o suficiente para desenhar um cenário macro para você: no fim, quem você acha que saiu mais constrangido e chateado porque teve que se preocupar com burocracias em um momento tão delicado? Garanto que não foi a antiga corretora. Tampouco fui eu e meu time, afinal, como empreendedor, a burocracia chata é como meu cafezinho da manhã: nem sinto mais o gosto, de tanto que me acostumei. Quem realmente ficou fragilizado foi o investidor.

Curioso, não acha? As máscaras caíram e, quem se vendia décadas atrás como a melhor alternativa aos bancos, se mostrou muito disposto a empatar a vida de quem confiou e acreditou para gerir seu patrimônio.

Anos depois, os relacionamentos entre especialistas e investidores só melhoraram aqui do nosso lado: fortalecemos o foco em transparência, em olho no olho, em jogo aberto. E essa história toda serve para mostrar um lado bastante duro e pouco falado do mercado financeiro: na hora de defender um modelo conflitado, ruim pro cliente, têm corretora que faz de tudo, até “jogar a água fora com o bebê dentro”.

 — Foto: GettyImages
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