Blog - Naiara com Elas

Por Naiara Bertão — São Paulo


A essa altura de fevereiro é difícil quem não ouviu falar sobre o tal do ChatGPT, aquela inteligência artificial que deu o que falar por conseguir elaborar frases muito bem escritas, a partir de um amplo repertório de conteúdo. Não sabe? Então sugiro que escute o episódio do Pod Isso, Meninas?, podcast que participo e que tem um episódio só sobre isso (clique aqui).

Mas, se você já ouviu falar do ChatGPT, há grandes chances de também já ter refletido sobre o nível de ameaça que seu trabalho hoje ou profissão que escolheu está sofrendo com este tipo de tecnologia sendo cada vez mais acessível. Certo? Essa coluna, porém, não é para falar que você não deve se preocupar porque sempre vão precisar do cérebro humano. E nem para dizer que tudo está perdido e você deve ir logo atrás da barraca de coco na praia porque logo mais a concorrência vai ser alta e vai ser mais caro comprar um espaço na areia.

A minha intenção aqui é trazer a seguinte reflexão: o que mais importa disso tudo é que você parou, de verdade, para pensar sobre você, sobre o que você está fazendo, se você tem habilidades que são diferenciais e se está se preparando como deve para trabalhar, em breve, com mais tecnologia e análise de dados a seu redor. Mesmo se você ficou no time dos que estão cada vez mais buscando o oposto, uma ocupação com menos contato com tecnologia ou com “telas” (celular, computador, TV , câmaras etc.), o importante é que parou para refletir.

Esse é o primeiro passo. O segundo, é agir para colocar algumas ideias sobre sua carreira em prática, seja aprender algo novo ou mudar totalmente de rota. Na minha opinião, o que a onda ChatGPT mostrou é que não dá mais para ignorar a nossa carreira. Precisamos tomar as rédeas dela e, dentro do possível, direcioná-la para o que queremos.

Para ajudar com essas questões, eu conversei com a Dani Verdugo, CEO da THE Consulting e fundadora do Grupo THE, que faz recrutamento e seleção de executivos, oferece soluções para o desenvolvimento de profissionais e equipes, entre outras atividades.

Confira os principais trechos do bate-papo:

Dani Verdugo, CEO da THE Consulting e fundadora do Grupo THE — Foto: Divulgação
Dani Verdugo, CEO da THE Consulting e fundadora do Grupo THE — Foto: Divulgação

  • Naiara Bertão: O que é importante considerar na hora de mudar de carreira ou de emprego?

Dani Verdugo: Nesse momento, o primeiro passo é fazer uma reflexão sobre os motivos que foram determinantes para essa decisão. Uma dica interessante é anotar – literalmente – os motivos que estão levando a pessoa a essa mudança de carreira e revisitá-los sempre que for necessário, do início ao fim do processo.

Com a decisão tomada e a devida conexão com as motivações estabelecidas, o segundo passo é iniciar um planejamento – claro e objetivo – que leve em conta toda a capacitação/estrutura já adquirida pela profissional nos aspectos: técnico, financeiro e de relacionamento interpessoal. Feito isto, vale responder a perguntas como: Eu já estou pronta para fazer essa transição? Eu tenho uma estrutura financeira que possa me manter durante o percurso? Tenho uma rede de relacionamento que possa encurtar esse processo?

Por fim, o terceiro passo é estabelecer metas e prazos de forma clara. Esse aspecto, embora seja o mais “técnico”, é essencial para que a pessoa encontre um impulso maior para se comprometer com aquilo que havia se proposto no início da transição.

  • Naiara Bertão: O que você sente que pode ser um diferencial valioso para o mercado, independente da área de atuação?

Verdugo: O mercado busca, cada vez mais, profissionais que tenham as chamadas “Soft Skills” bem desenvolvidas. Essa é uma demanda geral, que independe da área de atuação. Habilidades como: pensamento criativo, flexibilidade, comunicação eficaz, resiliência, entre outras, são um diferencial extremamente importante na hora da contratação e análise, por parte do recrutador, se a pessoa se adequa às demandas de uma determinada posição.

  • Naiara Bertão: Como as mulheres podem se destacar em entrevistas? Quais dicas seriam valiosas?

Verdugo: O primeiro ponto, antes de qualquer coisa, é apresentar suas conquistas e posicionamento profissional independentemente de gênero ou crenças pessoais. Além de demonstrar, inclusive por meio de exemplos práticos, suas competências técnicas, uma dica valiosa para a hora da entrevista é revelar de qual maneira desafios exclusivamente femininos impactaram positivamente seu desempenho, por exemplo: Como a maternidade te tornou uma profissional mais atenta e ágil?

  • Naiara Bertão: Durante a transição de carreira, qual dica você daria para lidar melhor com o emocional?

Verdugo: Existem dois cenários distintos. O primeiro é quando o profissional opta pela transição por decisão própria e o segundo é quando essa transição tem início em decorrência de um desligamento unilateral por parte da empresa. No entanto, em ambos os cenários é importante ter consciência de três pontos centrais: nossa capacidade de contribuição para um novo cenário profissional, bem como nossas habilidades já desenvolvidas e os pontos que precisamos desenvolver.

Na situação onde ocorreu um desligamento unilateral, a pessoa tende a ficar mais frágil, logo, é importante priorizar um trabalho de entendimento dos motivos que ocasionaram o desligamento e, posteriormente, traçar um plano de recolocação profissional. Minha dica principal, durante esse período sensível, é não se isolar e olhar exclusivamente no “processo de luto”, mas também entender que existe uma série de oportunidades a surgir neste novo ciclo.

Agora, no cenário no qual o profissional se preparou para uma transição, ele está mais organizado emocionalmente, mas, mesmo assim existe um choque devido a mudança de rotina, logo, é importante se manter ativo e focado em um novo plano de trabalho. Minha dica final, para ambos os casos, é sempre importante apostar num acompanhamento psicológico, aliado a atividades físicas. Cuide da sua mente e do seu corpo para enfrentar melhor esse processo de mudança e tudo tende a se tornar mais leve.

  • Naiara Bertão: Como você sente que o mercado lida com o profissional em transição? O acolhimento ainda é um desafio?

Verdugo: De fato, ainda existe um preconceito com o profissional que está em transição de carreira. No cenário de um desligamento unilateral, o mercado questiona os motivos que ocasionaram essa decisão, por parte da empresa, e, logo, a competência do profissional. Agora, em um cenário de transição motivada apenas por escolha, o preconceito do mercado se dá por um questionamento a respeito da maturidade e capacidade de resiliência do profissional.

No entanto, isso varia muito de quem está à frente do processo seletivo. Se essa pessoa for um bom "Storyteller", sem dúvida conseguirá enxergar valor no colaborador e mapear a contribuição que este pode oferecer.

  • Naiara Bertão: E aquele último recado para as profissionais que estão passando por uma transição, ou trocando de emprego?

Verdugo: É importante aproveitar esses momentos de transição, independente de qual motivação tenha impulsionado o movimento, para revisitar aquilo que nos move. O processo de transição é uma oportunidade valiosa para imersão em si própria, aprimorando o autoconhecimento e autoanálise. Com avanços nesse ponto, a pessoa tende a chegar com os mais variados aspectos alinhados em sua nova empreitada profissional.

Lembre-se de todas as suas contribuições, fortalezas, desafios vencidos, entre outras conquistas que a fizeram uma profissional de destaque e, acima de tudo, tenha paciência e resiliência consigo mesma. Internalize que é tudo parte de um processo de adaptação que demanda: paciência, planejamento e equilíbrio emocional.

Dúvidas? Sugestões? Críticas? Dilemas? Conte para mim no naiara.bertao@valor.com.br

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