Sôtor
José Carlos Pereira
Médico trintão, trabalha fora, mas vai à aldeia duas vezes por semana.
Para além de médico, também o convencem a ser veterinário. E parteiro. E enfermeiro. E fisioterapeuta. E tudo.
Por ser um homem mais moderno, todos os machos aldeões acham que ele é homossexual. Pelo contrário, as mulheres não.
O Sôtor é um homem envolto de mistério, desconhecendo-se, de todo, a vida dele fora do consultório. É um homem culto, viajado e que, volta e
meia, fica muito alheado, quer emocionalmente, quer presencialmente.
Sofre de fortes dores de cabeça e automedica-se em excesso, levando a população, a pouco e pouco, ficar preocupada, sem perceber a causa.