Folha de S. Paulo


Moro diz que h� ind�cios de que Gleisi recebeu verba de 'natureza criminosa'

Alan Marques/Folhapress
Senadora Gleisi Hoffmann faz discurso em defesa ao projeto do governo federal que cria os conselhos populares (Alan Marques - 4.nov.2011/Folhapress) PODER - gleisi
Senadora Gleisi Hoffmann faz discurso em defesa ao projeto do governo federal que cria os conselhos populares (Alan Marques - 4.nov.2011/Folhapress)

Em despacho enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), o juiz federal Sergio Moro, do Paran�, afirmou que as investiga��es da Opera��o Lava Jato identificaram "ind�cios de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) seria benefici�ria de valores de poss�vel natureza criminosa", recebendo "pagamentos sem causa".

De acordo com o documento, a senadora teria sido benefici�ria do chamado "Fundo Consist", empresa que teria atuado no desvio de recursos de empr�stimos consignados do Minist�rio do Planejamento –que era comandado pelo marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo.

Pelo menos R$ 50 mil desse fundo em pagamentos do esquema teriam sido repassados tamb�m em favor da congressista e de pessoas ligadas a ela, al�m do ex-ministro.

As apura��es mostram que os desvios envolviam os escrit�rios do advogado Guilherme Gon�alves, respons�veis pela coordena��o jur�dica das campanhas da petista, e o pagamento de propina ligado � atua��o da empresa de tecnologia Consist no Minist�rio do Planejamento, Or�amento e Gest�o e ainda o uso de empresas de fachada.

Um documento apreendido durante as investiga��es indica que o pagamento de R$ 50 mil de honor�rios pela Consist a Gon�alves em 29 de novembro de 2011. Ele teria acertado com Paulo Bernardo, que ficaria, segundo as investiga��es, com todo o valor.

"A anota��o em quest�o, revelando que Guilherme precisaria da concord�ncia de terceiro para ficar com os honor�rios pagos pela Consist, indica que os valores n�o se tratavam de fato de honor�rios", dizem os investigadores.

Ex-ministra da Casa Civil do governo Dilma, Gleisi j� � alvo de inqu�rito no STF que apura sua suposta liga��o com o esquema de corrup��o na Petrobras.

"Na busca e apreens�o realizada no escrit�rio de Gon�alves, foram colhidos documentos que indicam que os valores recebidos da Consist teriam sido em parte utilizados para efetuar pagamentos em favor da senadora", diz Moro.

De acordo com os investigadores, "parte expressiva da remunera��o da Consist, cerca de 9,6% do faturamento l�quido, foi repassada, a Gon�alves, em Curitiba, que, por sua vez, utilizou esses mesmos recursos para pagamentos associados � senadora Gleisi Hoffmann".

Entre as despesas pagas com esses recursos estariam um d�bito de R$ 1.344,51, a t�tulo de pagamento de multa relacionada ao nome da pr�pria senadora, e d�bitos relacionados a Zeno Minuzzo e Hernany Bruno Mascarenhas, pessoas ligadas a ela, segundo a autoridade policial.

Em um dos lan�amentos de d�bito junto ao nome de Hernany consta a anota��o "sal�rio motorista - cheque 828", enquanto no outro, "Diversos PT, PB, Gleisi".

Para a Pol�cia Federal, Mascarenhas prestaria servi�os de motorista � senadora, enquanto Zeno Minuzzo teria sido secret�rio de finan�as do Diret�rio Estadual do Partido dos Trabalhadores.

Para acobertar os repasses, o escrit�rio teria prestado um ou outro servi�o � Consist, mas aparentemente incompat�veis com a remunera��o de cerca de R$ 7 milh�es.

OPERADORES

Tamb�m foram identificados pagamentos da Consist para Milton Pascowitch –que intermediou pagamento de propina ao PT– de cerca de R$ 12 milh�es, e ao advogado e ex-vereador do PT Alexandre Romano, que teria recebido R$ 37 milh�es da empresa.

"N�o foi at� o momento identificada causa l�cita para os pagamentos da Consist Software para Milton Pascowitch e para Alexandre Romano, tendo o primeiro, ali�s, j� admitido que inexistia motivo l�cito e que os contratos de consultoria celebrados eram mero disfarce para repasse de propina."

Foram rastreados pagamentos pelas empresas do Grupo Consist de parte desses valores a dezenas de empresas de fachada ligadas a Romano ou a terceiros. H� ainda ind�cios de repasses a servidores do pr�prio Minist�rio do Planejamento que teria sido feito mediante pagamento a empresas de fachada.

Aos investigadores, Guilherme Gon�alves alegou que utilizava recursos recebidos a t�tulo de honor�rios advocat�cios da Consist para pagar despesas de clientes do escrit�rio, como da senadora ou de pessoas ligadas a ela.

O advogado tamb�m afirmou que os d�bitos seriam relativos a "despesas urgentes" dos clientes –sem esclarecer quais eram–, que posteriormente eram ressarcidas.

O juiz Moro pediu que o STF avalie o desmembramento do processo, uma vez que Gleisi tem foro privilegiado e s� pode ser alvo de investiga��o no Supremo. Ele justificou que n�o investigou a senadora, se antecipando a eventuais acusa��es de que usurpou atribui��es do STF.

"Importa destacar que os fatos foram descobertos em desdobramento natural das investiga��es na assim denominada Opera��o Lava jato e h� poss�veis liga��es com outros fatos apurados no �mbito da referida investiga��o, pois, como bem apontado pelo MPF, o escrit�rio de Alexandre Romano tamb�m recebeu dep�sitos vultosos das empreiteiras investigadas no �mbito da Opera��o Lava Jato, assim como o pr�prio Milton Pascowitch", escreveu.

OUTRO LADO

Em nota, a senadora afirmou que "todo o trabalho do Guilherme Gon�alves consta nas minhas presta��es de contas, aprovadas pela Justi�a Eleitoral." A petista disse ainda que desconhece rela��es contratuais que Gon�alves mant�m com outros clientes, "assim como qualquer doa��o ou repasse de recursos da empresa Consist a minha campanha".

A senadora sustentou que, em rela��o a 2014, "ainda existe d�bito com seu escrit�rio, o que est� a cargo do PT", e que a sua "campanha foi atendida pelo dr. Luiz Fernando Pereira".

A petista destacou que tem uma rela��o antiga com Gon�alves.

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