Moro decreta pris�o preventiva de ex-vereador suspeito de coletar propina
O juiz federal Sergio Moro decretou a pris�o preventiva (sem prazo determinado) do ex-vereador Alexandre Romano (ex-PT), o Chambinho, suspeito de coletar e distribuir propina em um contrato relacionado ao Minist�rio do Planejamento.
Preso na �ltima quinta (13), Romano recebeu R$ 37 milh�es por supostamente ter intermediado que o acordo com o Minist�rio do Planejamento e duas entidades ligadas ao setor banc�rio para que a empresa de software Consist operasse com exclusividade o software de gest�o de empr�stimos consignados de 2 milh�es de servidores da Uni�o. Para a Procuradoria, trata-se de propina destinada ao PT.
A decis�o do magistrado saiu no final da tarde desta ter�a (18). O juiz considerou que a liberdade de Romano, a quem a Pol�cia Federal acusa de ter desaparecido com uma mala cheia de documentos antes da deflagra��o da fase Pixuleco 2 da Lava Jato, oferecia risco para a instru��o da investiga��o.
"At� que o epis�dio seja melhor esclarecido, a realiza��o de busca em local, com caracter�sticas de ter sido esvaziado dias antes da busca, com a filmagem do investigado deixando o local com uma mala (cujo conte�do n�o foi esclarecido), � indicativo de que houve�oculta��o de provas e�que h�risco � investiga��o e � instru��o", escreveu o juiz Moro.
Reprodu��o | ||
![]() |
||
Alexandre Romano com a mala que estaria cheia de documentos e que desapareceu |
As imagens que embasaram a decreta��o da pris�o da pris�o preventiva foram captadas em 5 de agosto, ap�s a pris�o do ex-ministro Jos� Dirceu e da empresa de software Consist ter sido vasculhada por policiais federais por suspeitas em um contrato da empresa com a Petrobras.
Em depoimento � PF na �ltima sexta, ele disse que intermediou pagamentos da empresa de software Consist a empresas escrit�rios de advocacias indicados pelo ex-ministro do governo Lula Luiz Gushiken supostamente para "ajudar o PT" e de ter realizado repasses ao ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreira.
Pela sua vers�o, n�o se tratava de propina, mas pagamento devido a Gushiken que estava fora do governo e, atuando como consultor para uma entidade de empresas de seguro privado, identificou a oportunidade de neg�cio para a Consist no Minist�rio do Planejamento, em 2010, � �poca comandado pelo petista Paulo Bernardo.
Gushiken morreu em 2013 e Ferreira nega que tenha recebido qualquer valor.
COMO ERA O ESQUEMA
Alvo da opera��o "Pixuleco 2" - refer�ncia ao apelido dado � propina pelo ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto, segundo o delator Ricardo Pessoa -, Romano intermediou um contrato entre a empresa Consist, Sinapp (Sindicato de Entidades Abertas de Previd�ncia Privada) e a ABBC (Associa��o Brasileira de Bancos) para operar a gest�o de empr�stimos consignados de servidores da Uni�o com o aval do Minist�rio do Planejamento.
Segundo a suspeita dos investigadores, para passar a prestar o servi�o, a Consist concordou em superfaturar o pre�o de seus servi�os e repassar parte dos ganhos a Alexandre Romano. Este, por sua vez, indicava que parte de seus ganhos -inicialmente 40% do faturamento da Consist com o sistema de consignados - deveria ser entregue a empresas indicadas por Gushiken.
Os supostos desvios come�aram em 2010 quando o Minist�rio do Planejamento era comandado por Paulo Bernardo. Segundo a Pol�cia Federal, 7,2 milh�es dos pelo menos R$ 37 milh�es movimentados por Romano foram destinados ao escrit�rio de advocacia Guilherme Gon�alves -que j� defendeu causas de Bernardo e atuou nas campanhas da mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Entre 2010 e 2015, o esquema movimentou pelo menos R$ 52 milh�es -R$ 15 milh�es dos quais movimentados pelo lobista Milton Pascowitch e que tinham como destinat�rio final o ex-tesoureiro Vaccari. Pascowitch, que aproximou a Engevix do PT, � um dos delatores da Lava Jato.
OUTRO LADO
A Folha ainda n�o conseguiu ouvir os defensores de Romano, Daniel e Leandro Casagrande, sobre a decreta��o da preventiva. Antes disso, eles pediram ao juiz Sergio Moro a liberta��o do ex-vereador sob alega��o de que ele est� colaborando com a investiga��o. Eles negam que Romano oferecesse risco � investiga��o.
Segundo os advogados, Romano foi preso na quinta, no aeroporto de Congonhas (SP), quando esperava um voo para Curitiba para depor espontaneamente sobre a rela��o com a Consult.
A tese da defesa � que n�o houve desvio de dinheiro p�blico, uma vez que Romano era remunerado pela Consist, que recebia de bancos privados para gerir o sistema de margem consign�vel dos empr�stimos.
A defesa tamb�m tenta desacreditar a dela��o de Milton Pascowitch, que envolveu Romano, afirmando que os dois n�o se conheciam.
"Solicitar � Consist o pagamento de um 'parceiro comercial' (Luiz Gushiken), que � �poca n�o era funcion�rio p�blico, mas consultor do Sinapp e que havia indicado o neg�cio ao acusado, � completamente diferente de pagar o partido, como teria feito Milton por meio da empresa Jamp", escreveram os advogados de defesa de Romano.
Em nota, uma das entidades que firmou contrato com a Consist para a gest�o dos consignados, a ABBC (Associa��o Brasileira de Bancos) defendeu o acordo de coopera��o t�cnica por ter melhorado a "seguran�a dos contratos de empr�stimos consignados para servidores federais" e que o acordo foi considerado legal pela Advocacia-Geral da Uni�o e o Tribunal de Contas da Uni�o.
Segundo a entidade, n�o havia nada que desabonasse a Consist at� a deflagra��o da Lava Jato. A ABBC pediu a rescis�o do contrato com a Consist na ter�a (18).
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade