Folha de S. Paulo


Hollande prometeu ser pr�ximo ao povo, mas sai debaixo de reprova��o

Minh Hoang - 6..set.2016/Reuters
French President Francois Hollande meets with Vietnamese chairwoman of the National Assembly Nguyen Thi Kim Ngan (not pictured) at the National Assembly's Office in Hanoi, Vietnam, September 6, 2016. REUTERS/Minh Hoang/Pool ORG XMIT: HOA38
O ex-presidente franc�s Fran�oi Hollande

Fran�ois Hollande havia prometido ser um "presidente normal" pr�ximo ao povo. Mas neste domingo (14) saiu do Pal�cio Eliseu, em Paris, como um dos chefes de Estado mais impopulares da Fran�a, deixando para tr�s um cen�rio pol�tico muito complexo.

A isso se soma a humilha��o de ter cedido as r�deas do pa�s a um ex-conselheiro de 39 anos, Emmanuel Macron, praticamente novato na pol�tica, eleito com a promessa de romper com seus cinco anos no poder.

Incompreendido, criticado inclusive dentro de sua pr�pria maioria, Hollande se imp�s como chefe de guerra, encadeando as opera��es militares no exterior com uma determina��o em total contradi��o com sua imagem em pol�tica interna.

Diante de cada novo ataque –Os atentados terroristas deixaram 239 mortos na Fran�a desde 2015– adotou com �xito seu papel de pai da na��o, consolando um pa�s ferido.

Mas isso n�o foi suficiente para melhorar sua imagem negativa, agravada ainda mais por um livro de confid�ncias feitas a dois jornalistas publicado em outubro de 2016, e por sua incapacidade em conseguir uma maioria para aplicar seu programa econ�mico.

Ao fim de seu mandato, a figura presidencial ficou abalada. "� preciso restaur�-la (...) encontrar um presidente que saiba tra�ar o caminho", resume o ex-ministro das Rela��es Exteriores, Dominique de Villepin.

Em 2012, Hollande, o primeiro presidente socialista desde Fran�ois Mitterrand (1981-1995), prometeu ser o oposto do l�der em fim de mandato Nicolas Sarkozy. Sua presid�ncia "modesta" devia romper o estilo "extravagante" de seu rival.

'MUITOS SONHOS'

No entanto, sua popularidade come�ou a cair desde seus primeiros meses no poder. As cr�ticas foram muitas: "n�o sabe tomar uma decis�o", "n�o tem autoridade".

Em 2013, a legaliza��o do casamento gay –uma reforma prometida durante sua campanha– provocou uma profunda rachadura na sociedade francesa.

O aumento sem precedentes da press�o fiscal aos lares e �s empresas, acompanhado de uma queda do gasto p�blico, provocou a hostilidade de boa parte da classe m�dia.

Para lutar contra taxas de desemprego em torno de 10%, o presidente optou no meio do mandato por dar uma guinada socioliberal que lhe valeu uma chuva de cr�ticas da ala esquerdista do partido socialista e a sa�da de v�rios ministros.

Esta hostilidade a uma pol�tica considerada muito favor�vel �s empresas culminou no in�cio de 2016 com uma guerra no Parlamento com os rebeldes de seu pr�prio partido, contr�rios a uma reforma da legisla��o trabalhista.

A reforma levou ao mesmo tempo dezenas de milhares de trabalhadores, jovens e estudantes �s ruas em grandes manifesta��es.

"Muitos de seus eleitores tiveram a desagrad�vel sensa��o de terem sido enganados. Simplesmente lhes vendeu muito sonhos", estimaram os dois jornalistas que publicaram o livro de confid�ncias, G�rard Davet e Fabrice Lhomme.

MACRON, SEU HERDEIRO?

Em janeiro de 2015, a Fran�a foi atingida por um primeiro atentado contra a revista sat�rica Charlie Hebdo. Ele foi seguido por uma onda mortal de ataques extremistas em v�rios lugares do pa�s.

Hollande reagiu endurecendo a interven��o francesa no Iraque e na S�ria contra o grupo extremista Estado Isl�mico.

"Gostaria que dissessem de mim, j� que � a verdade, que fui valente neste per�odo", afirmou o presidente, de 62 anos, segundo o livro "Un pr�sident ne devrait pas dire �a..." ("Um presidente n�o deveria dizer isso", em tradu��o livre)

No �mbito privado, o presidente tamb�m viveu momentos complicados, como a separa��o de Val�rie Trierweiler em janeiro de 2014 ap�s a revela��o por parte de uma revista de fofocas de seu relacionamento com a atriz francesa Julie Gayet.

A onda de cr�ticas gerada pelo livro de confid�ncias e a impopularidade recorde levaram Hollande a desistir em dezembro de 2016 de concorrer � reelei��o. Algo in�dito desde 1958.


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