Impopular, presidente franc�s anuncia que n�o disputar� reelei��o em 2017
Fran�ois Hollande, presidente da Fran�a, disse nesta quinta-feira (1�) que n�o vai concorrer �s elei��es de 2017. Apesar de ele ser o l�der franc�s mais impopular desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o an�ncio surpreendeu o pa�s.
� a primeira vez, desde 1958, que um presidente franc�s n�o tenta a reelei��o.
Em um discurso s�brio, Hollande afirmou ter servido o pa�s de maneira "honesta" e "sincera". Disse entender o risco de seguir adiante sem ter o apoio necess�rio.
Hollande tamb�m listou, no an�ncio, alguns pontos que v� como �xitos de sua Presid�ncia, como o acordo clim�tico de Paris e a legaliza��o do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Stephane De Sakutin/AFP | ||
Presidente franc�s, Fran�ois Hollande, durante coletiva com vice-presidente dos EUA, Joe Biden |
N�o est� claro, agora, quem ir� representar o Partido Socialista no pleito. A esquerda francesa deve realizar prim�rias abertas em janeiro de 2017 —outros partidos participam da disputa. H� expectativas de que o atual premi�, Manuel Valls, concorra.
Valls disse, ap�s o an�ncio, que a decis�o de Hollande foi "dif�cil". "Foi a escolha de um chefe de Estado."
Mas o partido, de centro-esquerda, provavelmente n�o chegar� ao segundo turno das elei��es. As pesquisas de opini�o sugerem, atualmente, que a Presid�ncia ser� disputada entre Fran�ois Fillon (centro-direita) e Marine Le Pen (extrema-direita).
Fillon venceu no dia 27 as prim�rias da sigla Os Republicanos. Ele derrotou o ex-presidente Nicolas Sarkozy e o ex-premi� Alain Jupp�.
Reagindo ao an�ncio de Hollande, Fillon afirmou que o presidente demonstrou ter lucidez a respeito de seu "claro fracasso". O mandato do socialista, disse, chegou ao seu fim em "decad�ncia".
DANO
A surpreendente desist�ncia de Hollande recorda a do presidente americano Lyndon Johnson (1908-1973), que governou de 1963 a 1969. Ele deixou de maneira inesperada as prim�rias do Partido Democrata, em 1968.
Hollande foi eleito em 2012. Sua popularidade caiu devido ao baixo crescimento econ�mico e ao alto desemprego. A satisfa��o com seu mandato bateu em apenas 4%.
Ele tamb�m foi prejudicado pelo div�rcio p�blico com Val�rie Trierweiler, que teve bastante aten��o midi�tica.
Em outubro, dois jornalistas do di�rio franc�s "Le Monde" publicaram um livro com entrevistas em que o presidente criticava aliados pr�ximos. Essas declara��es foram consideradas indiscretas demais dentro de seu partido.
Outra decis�o que lhe custou bastante popularidade foi a proposta de retirar a dupla cidadania de condenados por terrorismo.
Assim como outros pa�ses europeus, a Fran�a tem vivido o decl�nio de sua centro-esquerda. O fen�meno ocorre, por exemplo, na Espanha, com o PSOE (Partido Socialista Oper�rio Espanhol). Uma das raz�es apontadas por especialistas � o descontentamento das popula��es com a globaliza��o.
H� tamb�m um sentimento avesso ao "establishment" pol�tico, como o visto no Reino Unido, que em junho votou por sua sa�da da Uni�o Europeia. Nessa mesma linha, a It�lia pode rejeitar, no domingo (4), um referendo constitucional convocado pelo premi� Matteo Renzi.
INSEGURAN�A
A prov�vel vit�ria da centro-direita no pleito de 2017, indicada por pesquisas atuais, tamb�m est� relacionada � percep��o de inseguran�a nos �ltimos anos.
Houve uma s�rie de atentados terroristas na Fran�a, como os que deixaram 130 mortos em Paris em novembro de 2015. O governo de Hollande foi visto como incapaz de impedir os ataques. O pa�s est� em estado de emerg�ncia at� janeiro.
A situa��o beneficia Fillon e Le Pen, cujas campanhas s�o agressivas a imigrantes, especialmente os da comunidade isl�mica. Fillon criticou, em artigo recente, a integra��o de mu�ulmanos.
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