Protesto contra reforma trabalhista na Fran�a re�ne 75 mil em Paris
Paris foi palco na ter�a-feira (14) da nona jornada de manifesta��es contra o projeto de lei trabalhista atualmente em discuss�o no Parlamento franc�s.
A pol�cia estimou entre 75 mil e 80 mil o n�mero de participantes do ato convocado por sete sindicatos do pa�s. Os organizadores falaram em 1 milh�o de pessoas.
Alain Jocard/AFP | ||
Manifestante mascarado carrega sinalizador durante um protesto contra a reforma trabalhista em Paris |
Houve confronto entre grupos de manifestantes localizados nas alas iniciais do cortejo e policiais, que usaram jatos de �gua e bombas de g�s lacrimog�neo contra indiv�duos encapuzados que depredaram ag�ncias banc�rias, restaurantes, abrigos de �nibus, bancas de jornais e at� um hospital.
Quarenta pessoas ficaram feridas, e 58 foram retidas para prestar esclarecimentos. Na v�spera, a pol�cia anunciara ter proibido 130 pessoas de participar da marcha, em que era patente a diminui��o na presen�a de jovens —o que a coincid�ncia de data com o exame nacional de acesso � universidade pode ajudar a explicar.
A maior fonte de contesta��o ao projeto apresentado pelo governo do socialista Fran�ois Hollande em fevereiro � o artigo que eleva o status dos acordos firmados por cada empresa com seus funcion�rios.
Esses tratos n�o estariam mais subordinados ao c�digo geral do trabalho nem a acordos setoriais (por exemplo, dos fabricantes de componentes eletr�nicos), como acontece hoje.
Os sindicatos dizem que a revers�o de hierarquia faria com que, em empresas com baixos �ndices de sindicaliza��o, os trabalhadores se tornassem ref�ns dos des�gnios dos empregadores em mat�ria de dura��o da jornada, por exemplo. O governo sinalizou em mais de uma ocasi�o que o item n�o � negoci�vel.
Outros pontos sens�veis do texto s�o a introdu��o da possibilidade de empresas m�dias e grandes demitirem funcion�rios ap�s, respectivamente, tr�s e quatro trimestres consecutivos de redu��o nas encomendas ou no faturamento; e a redu��o do teto para o adicional por hora extra (de at� 50% atualmente para 10%).
SEM VOTO
Para fazer passar a proposta na Assembleia Nacional, o governo recorreu a um dispositivo constitucional que suspende a necessidade de vota��o no plen�rio. Oposi��o e sindicatos viram autoritarismo na manobra.
No Senado, onde o texto entrou em debate nesta semana, a maioria oposicionista j� sinalizou que far� emendas como a supress�o do teto da jornada semanal (de 35 horas, vigente h� quase 20 anos). De l�, a mat�ria volta � Assembleia para nova an�lise.
A mobiliza��o contra o projeto atingiu seu auge no fim de maio, quando greves em refinarias causaram desabastecimento agudo de combust�veis no pa�s. Ferrovi�rios e funcion�rios dos servi�os de limpeza tamb�m cruzaram os bra�os durante v�rios dias.
Desde fevereiro, jovens promoveram ocupa��es em escolas e universidades para questionar a lei. Em algumas, o semestre foi cancelado. Essa faixa et�ria tamb�m responde pelo grosso dos participantes do Nuit Debout (noite em claro), movimento que tomou a ic�nica pra�a da Rep�blica a partir de mar�o com assembleias populares em clima de quermesse hippie.
Nos �ltimos dias, a articula��o sindical tem dado sinais de perda de f�lego. As grandes centrais estariam dispostas a aceitar o projeto com emendas pontuais.
Na manifesta��o de ter�a, entretanto, o discurso era outro. "N�o h� concess�o poss�vel. O texto representa uma revers�o da civiliza��o. Os dirigentes [sindicais] precisam convocar a greve geral. N�o temos escolha", disse a conselheira educacional C�cile, que n�o quis dar o sobrenome.
"A luta � como um jogo de futebol. Enquanto n�o termina, ainda resta esperan�a", completou a atendente telef�nica Sylvie Cinti.
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