Nem sempre uma pessoa com boas habilidades operacionais será a melhor opção na gestão de pessoas. Marcel Schwantes, especialista em liderança, já viveu isso na prática. Há alguns anos, contratou um profissional para um alto cargo que, durante a entrevista de emprego, parecia competente, ao mesmo tempo que exibia "qualidades de liderança que pensávamos que o fariam ter sucesso no cargo".
Ainda na primeira semana de trabalho, ele ouviu o profissional durante uma ligação com um fornecedor. "Testemunhei um lado dele completamente diferente daquele que havíamos contratado. Ele parecia grosseiro, agressivo, mal-humorado e pouco profissional", escreve Schwantes em um artigo publicado na Inc. "Eu não pude deixar de me sentir envergonhado por ele."
O profissional manteve seu cargo, mas seu departamento sofreu os impactos com uma alta rotatividade da equipe. "Infelizmente, seu caso não é único. Ao longo dos anos, testemunhei pessoalmente numerosos comportamentos contraproducentes entre a gestão média e superior", diz o colunista.
Ele cita cinco características tóxicas que já identificou:
1. Chefe que nunca erra
O chefe que parece pensar que está sempre certo e que os funcionários estão errados é um dos perfis identificados pelo especialista. "Eles acham difícil admitir quando são os culpados e preferem transferir a culpa ou evitar assumir a responsabilidade por suas ações. A sua principal prioridade parece ser proteger a sua imagem e evitar qualquer aparência de erro."
2. Chefe que não se comunica com clareza
Pode ser frustrante quando os chefes não se comunicam com clareza ou não cumprem sua palavra — como se contassem metade de uma história para manter os funcionários no escuro. Às vezes, parece que eles dizem uma coisa na segunda-feira e mudam completamente de direção na quarta-feira, sem informar a equipe", diz o colunista. A consequência é que os colaboradores se sentem inseguros e incapazes de entender seus líderes na maior parte do tempo.
3. Chefe controlador
"Este chefe trata de microgerenciar cada pequena coisa, sem deixar espaço para respirar. Querem controlar tudo, não confiam na equipe e se recusam a delegar. Discussões em grupo ou sugestões? Esqueça isso", explica Schwantes. Com isso, não há espaço para criatividade ou para aprender algo novo — os funcionários apenas fazem o que é pedido, sem fazer perguntas.
4. Chefe que culpa os outros
Há um ditado que diz: “Para cada dedo que você aponta, há três apontando para você”. Segundo Schwantes, ao interagir com esse tipo de chefe, é possível notar rapidamente a tendência de culpar os outros. O colunista acredita que o "comportamento decorre de uma falta de responsabilidade pessoal, o que muitas vezes indica um problema de caráter".
5. Chefe em quem você nunca deve confiar
"Este tipo de gestor pode derrubar todo um departamento ou equipe ao promover uma cultura de desconfiança, tornando inseguro partilhar informações ou colaborar estreitamente", explica o especialista em liderança. Com o clima imprevisível imposto pelo gestor, os membros da equipe são deixados à própria sorte, sem saber em quem confiar. "Em um espaço de trabalho tão volátil e politicamente carregado, confiar nos pares parece arriscado – eles podem acabar por ser adversários favorecidos pelo chefe."