Comportamento

Por Fernanda Bassete, da Agência Einstein

Idosos sedentários que passam mais de três horas por dia assistindo televisão e usando computador/celular, ou mais de seis horas por dia só em frente à TV, têm mais risco de terem problemas associados ao sono, aponta estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e publicado na revista Cadernos de Saúde Pública.

As autoras da pesquisa usaram os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, que entrevistou 43.554 idosos com mais de 60 anos de todas as regiões do país. Para chegar aos resultados, elas fizeram o cruzamento de informações com base nas respostas sobre tempo que eles passavam em frente à TV, no computador, celular e também sobre possíveis problemas de sono nos últimos 15 dias.

Do total de idosos da amostra, 36% relataram algum problema para dormir nas duas semanas anteriores à pesquisa — ter dificuldade para adormecer, levantar muito durante a noite ou, ainda, dormir pouco.

Segundo a fisioterapeuta Núbia Carelli Pereira de Avelar, coordenadora do Laboratório de Pesquisas do Envelhecimento, Recursos e Reumatologia da UFSC e uma das autoras do estudo, esse percentual estava dentro do esperado para a época de coleta das respostas (no ano de 2019), mas provavelmente deve ter aumentado após o início da pandemia.

“Nós acreditamos que houve uma piora na qualidade do sono dos idosos nesses últimos anos porque eles ficaram muito mais tempo dentro de casa e sem atividades físicas. As queixas aumentaram muito”, relata a pesquisadora, que também é professora-adjunta na universidade. O objetivo foi identificar essa associação para estimular a necessidade de redução do sedentarismo entre os mais velhos.

Segundo Núbia, o grupo avaliou o tempo que os idosos informaram ficar sentados assistindo televisão (considerado sedentarismo) e tempo que os idosos informavam algum tipo de atividade de lazer também sentados (como usar o computador, o celular), mas que envolve um comportamento mais relacionado a cognição.

“Por mais que a pessoa no celular esteja sentada, ela pode receber estímulos cognitivos ao interagir nas redes sociais, por exemplo. Ficar apenas em frente à TV nós consideramos um tipo de lazer passivo pela falta de interação”, explicou.

A pesquisadora ressaltou que os efeitos das atividades físicas na saúde como um todo e, inclusive, na qualidade do sono, já são conhecidos pela ciência.

“Nós já sabemos que os exercícios físicos têm um impacto considerável na qualidade do sono. O que fizemos nesse estudo foi avaliar o comportamento sedentário desses idosos. Ele pode ser fisicamente ativo, mas, se ele passa grande parte do dia sentado, ele tem um alto comportamento sedentário”, disse Núbia, que recomenda que os idosos se levantem pelo menos por cinco minutos a cada uma hora para fazer o mínimo de exercício – como ir buscar um copo de água, por exemplo.

Cansar para dormir

Para a geriatra Thaís Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein, os resultados reforçam a importância de os idosos manterem algum tipo de atividade física, por menor que ela seja.

“A pessoa precisa se cansar para dormir e o idoso muitas vezes não se cansa por passar muito tempo sedentário. Quando um idoso fica muito tempo na frente da TV, ele costuma cochilar sem perceber. Se ele fizer três cochilos de 20 minutos, por exemplo, é uma hora a menos de sono para ele dormir à noite”, explica a geriatra, que destaca que os idosos geralmente dormem menos e precisam de menos horas de sono para se sentirem satisfeitos.

Thaís diz que a qualidade e a quantidade de sono dos idosos é uma questão importante e complexa na geriatria. Ela ressalta a importância da higiene do sono — não ficar no celular ou na televisão duas horas antes de ir se deitar, usar uma luz amarela e não branca no quarto, entre outras medidas — e o manejo de medicamentos para ajudar na tarefa.

“Temos que aproveitar os outros medicamentos que o idoso usa a nosso favor. Se ele toma antidepressivo, por exemplo, a gente pode indicar algum que também atue no sono para não dar uma medicação que seja apenas indutora do sono, que pode aumentar o risco de queda”, completou a geriatra.

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