Meio ambiente

Por Redação Galileu

Pássaros do gênero Cyanerpes que são nativos do Havaí estão morrendo de malária. E a culpa é dos mosquitos Anopheles trazidos pelas primeiras embarcações europeias e americanas que chegaram à ilha, no século 19. As aves evoluíram sem imunidade contra a doença, e podem morrer após uma única picada.

Para resolver o problema, cientistas têm um plano inusitado: liberar milhões de mosquitos modificados para viver entre os pássaros. Estranho? Nem tanto. Esses insetos possuem uma bactéria do gênero Wolbachia que é capaz de controlar as populações de insetos -- impedindo, assim, a ação da malária.

Isoladas geograficamente de outras populações de pássaros, as aves do Havaí tem pouca resposta imune contra a malária aviária. O caso mais extremo é o do trepador-do-mel ou 'i'iwi (Drepanis coccinea), passarinho avermelhado que você vê na foto acima, que tem 90% de probabilidade de morrer se for picada por um mosquito infectado.

O Havaí já foi casa de 50 espécies de pássaros Cyanerpes. Atualmente, 33 variedades já foram extintas, restando apenas 17 – que estão altamente ameaçadas. Existe a preocupação de que algumas delas possam desaparecer no intervalo de um ano.

O caso mais extremo é o do oó-de-kauai (Moho braccatus). Em 2018, existiam 450 pássaros da população e em 2023, sobravam apenas 5. Na natureza, restou apenas uma única ave da espécie conhecida na ilha de Kauai.

Conforme o clima se aquece, os mosquitos estão conseguindo se deslocar para regiões mais elevadas, passando a ameaçar um número maior de espécies.

Como o projeto funciona

Para tentar evitar a extinção das aves, um helicóptero libera 250.000 mosquitos machos na ilha toda semana. Esse exército de insetos contém uma bactéria do gênero Wolbachia, que está presente naturalmente na maioria dos insetos insetos e foi inserida em mosquitos soltos na região.

Insetos machos com Wolbachia, ao se reproduzirem com outras fêmeas, passam a bactéria para frente. Essa bactéria, no entanto, faz com que os descendentes sejam "estéreis". Isso porque eles só só podem produzir descendentes com parceiras que tenham a mesma variedade de Wolbachia.

Com menos mosquitos nascendo, menor a chance de que eles espalhem malária. Até o momento, 10 milhões de mosquitos já foram soltos.

A técnica de utilizar bactérias Wolbachia para controlar populações de mosquitos já foi utilizada em projetos envolvendo arboviroses -- como dengue, zika e chikungunya -- em vários países, incluindo no Brasil.

O projeto é liderado por um esforço coletivo do Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos, o estado do Havaí e o Projeto de Recuperação de Aves da Floresta de Maui, que leva o nome Birds, Not Mosquitoes (Pássaros, não mosquitos, do inglês).

Os pássaros do gênero Cyanerpes são conhecidos por terem um canto parecido com o do canário. Cada espécie evolui com bicos de diferentes formas, adaptados para comer diversos tipos de alimentos -- desde caracóis até frutas e néctar. Além deles serem importantes no controle de populações, se alimentando de insetos, eles ajudam polinização das plantas.

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