Estudantes e professores criam carros para corrida maluca geek em SP

Sem nenhum tipo de motor, veículos do Red Bull Ladeira Abaixo 2024 funcionam apenas com a ajuda da gravidade, e fazem referências a cultura pop

Por Camilla Almeida, com edição de Guilherme Eler


Evento, que já aconteceu em São Paulo em 2019, tem 39 equipes inscritas na edição deste ano Divulgação/Red Bull

Um carro desgovernado com uma cabeça de gato acoplada no capô não é daqueles veículos que você encontra todo dia. Mas é uma atração típica do Red Bull Ladeira Abaixo, competição no maior estilo Corrida Maluca que acontece em São Paulo no próximo domingo (16). Nenhum dos carros, que parecem ter saído diretamente de um desenho animado, têm qualquer tipo de motor ou são alimentados por baterias. A ação acontece com a força da gravidade em uma ladeira -- daí o nome --, para o delírio de centenas de presentes.

Este ano, o encontro acontece na Avenida Brigadeiro Faria Lima, importante avenida de São Paulo que cruza a Avenida Paulista. O percurso contará com 400 metros de obstáculos com temática geek, que forçam os competidores a fazerem curvas e desvios – usando apenas da força física e destreza dos integrantes para se manter na rota.

Para participar do desafio a quatro rodas, as equipes, formadas por até 6 integrantes, precisam inscrever um projeto de veículo autoral, produzido por eles próprios. Segundo o regulamento, o carrinho precisa ter até 2 metros de largura, 3,5 m de comprimento e 2,5 m de altura. É proibida qualquer fonte de energia externa, mas é obrigatório que se tenha freios e direção funcionais. Para a edição deste ano, também era necessário pensar em um design criativo com alusão a algum aspecto da cultura pop.

Com a gravidade como impulso, a equipe deve conseguir passar por todos os obstáculos -- sem capotar -- e ultrapassar a linha de chegada no menor tempo possível. Mas não basta apenas ser o mais rápido. Critérios como o design do carro, performance e carisma do time também serão levados em consideração para declarar o campeão. Ao total, foram selecionados 39 projetos de participantes de todo o país, que apostam em diferentes estratégias.

Um dos escolhidos foi o carro “Bloco M Racing”, feito a partir de uma mistura de referências ao filme dos anos 1980 Speed Racer e blocos de montar. Formada por alguns professores do curso de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, a equipe apostou em seus conhecimentos profissionais para desenvolver o automóvel. Dá para ver uma prévia dele na foto abaixo.

Prévia do projeto "Bloco M Racing" enviado a RedBull na hora da inscrição — Foto: Divulgação/Red Bull

“Nós utilizamos todo o nosso conhecimento de engenharia de projetos e da indústria automotiva que adquirimos e usamos na nossa vida profissional”, contou o engenheiro Filipe Buscariolo, um dos integrantes da equipe, em entrevista a GALILEU. “Os nossos alunos estão competindo contra a gente, o que deixa tudo ainda mais divertido.”

De acordo com o professor, os desafios em construir um carro sem motor são diversos: a estrutura pode não aguentar a ação das forças envolvidas em uma corrida, existe um risco de tombamento e o carro pode não pegar velocidade suficiente. “Temos que dimensionar a estrutura corretamente para que ela aguente o peso não só do piloto, mas dos esforços que são consequentes de uma corrida”, explica Buscariolo.

A aerodinâmica é um fator importante na concepção do projeto, já que o carro, quando está em movimento, se comporta como se estivesse atravessando uma barreira de ar. À medida que a velocidade do veículo aumenta, a resistência do ar sobre ele também se intensifica. Isso pode causar perdas de controle caso não haja um planejamento que ajude nesse quesito. O automóvel também não pode ser muito alto, já que o tamanho exagerado aumenta sua chance de tombar.

O engenheiro diz boas expectativas e confiam no projeto de seu time. “É uma competição muito interessante. Estamos ansiosos para ver a performance do nosso carro porque não dá para saber se dará certo até o dia da corrida em si”, relata . “Mas a expectativa é de se divertir, dar risada e almejar para que pelo menos o carro chegue até o final sem desmontar!”

Outro projeto escolhido foi o “Busão Gato”. A referência, aqui, é o Catbus -- personagem do filme “Meu Vizinho Totoro”, do Estúdio Ghibli, que é simultaneamente um gato e um ônibus. A equipe é composta apenas por meninas, todas alunas do curso técnico de design do Senac campus Santo André. Incentivada pela própria instituição e orientada por professores, a equipe construiu o veículo com materiais como papelão, isopor e fibra de vidro.

Estudantes e professores desenvolvem carros para corrida maluca geek em SP

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Sem nenhum tipo de motor, os automóveis foram desenvolvidos a funcionarem apenas com a força da gravidade – e ainda foram decorados com referências a cultura pop

“Nós pudemos trabalhar com materiais que nunca havíamos explorado, além de aprender técnicas novas. Agora, se precisarmos realizar um novo projeto ou alguma coisa parecida, nós adquirimos o conhecimento necessário para conduzir essas iniciativas” conta a estudante Larissa Furuta, uma das integrantes da equipe.

As estudantes disseram que a parte mais crítica envolveu construir a cabeça de gato 3D, moldar o isopor usado na estrutura e fazer a colagem dos pelos do gato. Os obstáculos, claro, não tiraram a empolgação do time para descer a ladeira. “Trabalhamos bastante em equipe. Ficamos algumas vezes até tarde nos laboratórios da faculdade, incluindo nos finais de semana. Foi uma experiência bem legal e divertida”, contam.

O evento terá transmissão ao vivo no canal à cabo SporTV 3, a partir das 10h. No canal do YouTube do podcast PodPah, a transmissão começará às 12h. Nos canais do streamer Gaules no YouTube e Twitch, a transmissão terá início às 10h.

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