"Parente" de tubarão branco, fóssil é descoberto em pedreira no México

Com cerca de 10 metros de comprimento, "Ptychodus" tinha uma dieta à base de tartarugas marinhas e amonites, além de uma estrutura corporal adaptada para nadar em alta velocidade

Por Redação Galileu


Fósseis de tubarão preservados do México esclarecem enigma de longa data Vullo et al/Proceedings B

Pesquisadores descobriram fósseis completos do tubarão pré-histórico Ptychodus, revelando sua aparência e dieta. Essa espécie é um parente antigo do tubarão branco e viveu entre 105 milhões e 75 milhões de anos atrás. Os achados foram foram publicados nesta quarta-feira (24), em artigo no periódico Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.

O gênero de tubarões Ptychodus foi descoberto pela primeira vez no século 18 e descrito principalmente com base em seus grandes dentes adaptados para esmagar conchas. Embora os fósseis tenham sido encontrados, muitos eram apenas dentes isolados, com cerca de 55 centímetros (cm) de comprimento e 45 cm de largura, com uma estrutura cartilaginosa. Isso dificultou a determinação de sua aparência e posição na árvore evolutiva.

"A descoberta de espécimes completos de Ptychodus é realmente emocionante porque resolve um dos enigmas mais marcantes da paleontologia de vertebrados", disse Romain Vullo, autor principal do estudo e pesquisador da Universidade de Rennes, na França, ao portal Live Science por e-mail.

O esqueleto "excepcionalmente preservado" foi encontrado em pedreiras de calcário em Nuevo León, estado no nordeste do México. A descoberta fornece novos detalhes sobre a evolução e ecologia desses antigos tubarões.

Ilustração que simula a alimentação do Ptychodus — Foto: F. Spindler

A partir da análise dos fósseis, a equipe concluiu se tratar de um grande predador do grupo dos tubarões-mako (Lamniformes), que tem entre seus membros modernos o grande tubarão branco (Carcharodon carcharias), o tubarão-mako (Isurus oxyrinchus) e os tubarões-salmão (Lamna ditropis). O Ptychodus tinha cerca de 10 metros de comprimento e dentes maciços de trituração, que são diferentes da estrutura encontrada nos tubarões atuais.

A estrutura corporal do antigo peixe era aerodinâmica e adaptada para alta velocidade, o que o ajudava na caça de presas como tartarugas marinhas e amonites, um tipo de crustáceo com concha dura. Essas conclusões contradizem pesquisas anteriores, sugerindo que o tubarão provavelmente caçava em águas abertas e não se alimentava de criaturas do fundo do mar.

"O Ptychodus geralmente era considerado morfologicamente semelhante aos tubarões bênticos, como o tubarão-enfermeiro moderno, mas agora sabemos que ele se parecia com o tubarão-sardo, uma forma pelágica de natação rápida", declarou Vullo ao jornal britânico The Guardian.

Os cientistas sugerem que a extinção do Ptychodus ocorreu devido à competição com outros predadores marinhos que se alimentavam de presas semelhantes. Segundo Vullo contou ao Live Science, essa espécie ocupava um nicho ecológico único nos mares do Cretáceo Tardio, sendo o único tubarão adaptado para comer presas com casca dura. Isso pode ter causado sua extinção há cerca de 76 milhões de anos.

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