Fluorescência em fósseis revela cores de vieiras de 240 milhões de anos

Com uso de luz ultravioleta, cientista alemão identificou variações em padrões de cores em conchas da era Mesozoica — os mais antigos encontrados até o momento

Por Redação Galileu


Diferentes cores fluorescentes nas conchas fósseis da era Mesozoica Reprodução/Klaus Wolkenstein/Universidade de Göttingen

Diferentemente do que se acreditava, padrões de cores fluorescentes não são apenas encontrados em conchas fossilizadas da era geológica mais atual da Terra. Em um novo estudo publicado na revista Paleontology nesta quinta-feira (27), um cientista da Universidade de Göttingen, na Alemanha, descobriu que vieiras fósseis de 240 milhões de anos também podem “brilhar”.

A fluorescência da luz UV permite que estruturas de fósseis antes escondidas à luz do dia se tornem visíveis. Normalmente ela é utilizada para revelar padrões de cor em conchas da era Cenozoica, iniciada há 65,5 milhões de anos e que dura até os dias atuais.

No entanto, a nova pesquisa mostrou que as cores fluorescentes também podem ser encontradas em vieiras da era Mesozoica. Isso torna esses padrões de cores fluorescentes os mais antigos encontrados até o momento.

“A fluorescência induzida pela luz UV revela abundância e diversidade nunca antes vistas nos padrões de cores das conchas fósseis de Pleuronectites laevigatus do período Triássico, da era Mesozoica, da Europa Central”, relata Klaus Wolkenstein pesquisador do Departamento de Geobiologia da Universidade de Göttingen, no estudo.

Descobertas

A luz UV, que é invisível ao olho humano, desperta compostos orgânicos nos fósseis, fazendo com que eles brilhem. Isso revela uma surpreendente variedade de padrões de cores: diferentes variações de listras, ziguezagues e padrões de chamas. A diversidade de padrões de cores é semelhante à das conchas de hoje encontradas em uma praia.

Em comunicado, o autor relata que, nas conchas do período Triássico, os compostos fluorescentes só foram formados através da fossilização durante a oxidação dos pigmentos originais. Por isso, não é possível identificar fluorescência nas conchas atuais.

Ao analisar cerca de 120 espécimes de P. laevigatus, o especialista descobriu que os padrões de cores podem ser observados tanto no exterior como no interior da concha. “Os padrões de cores parecem diferir em tons de marrom, variando entre marrom claro, marrom avermelhado e a quase preto, dependendo do espécime”, comenta.

Além disso, as conchas fósseis também apresentaram cores fluorescentes diferentes dependendo da região onde foram encontradas. "O espectro de cores varia de amarelo a vermelho, com todas as transições entre eles, o que sugere que houve diferenças regionais claras na fossilização dessas vieiras", acrescenta Wolkenstein.

O especialista conclui dizendo que os resultados mostram que, usando fluorescência induzida por luz UV, restos de padrão de cor podem ser comumente detectados mesmo em conchas marinhas do período Triássico. A aplicação adicional desta metodologia às conchas mesozoicas tem, portanto, o potencial de melhorar nossa compreensão da diversidade e da evolução dos padrões de cores de conchas de moluscos.

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