• Redação Galileu
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Restauração hipotética da vida de Dolly. A doença pulmonar infectando este animal não teria sido externamente evidente, mas os prováveis sintomas externos semelhantes a pneumonia teriam incluído tosse, respiração difícil, secreção nasal, febre e perda de peso, entre outros. (Foto: Woodruff, et al. (2022) and Corbin Rainbolt)

Restauração hipotética da vida de Dolly. A doença pulmonar infectando este animal não teria sido externamente evidente, mas os prováveis sintomas externos semelhantes a pneumonia teriam incluído tosse, respiração difícil, secreção nasal, febre e perda de peso, entre outros. (Foto: Woodruff, et al. (2022) and Corbin Rainbolt)

Um fóssil de um diplodocídeo, saurópode herbívoro que viveu há 150 milhões de anos, no período Jurássico Superior da Era Mesozóica, contém os primeiros indícios de infecção respiratória em dinossauros, relata um estudo publicado nesta quinta-feira (10) no periódico Scientific Reports.

De acordo a pesquisa, a espécie apelidada de “Dolly” tinha protuberâncias ósseas nas vértebras cervicais e no pescoço de formatos e texturas nunca vistos antes. Cary Woodruff e seus colegas do Museu do Dinossauro das Grandes Planícies, nos Estados Unidos, chefiaram a investigação e observaram as saliências em três conjuntos de ossos no pescoço do animal.

Cada uma das estruturas estava localizada em uma área óssea onde deveria haver sacos cheios de ar, os quais se conectariam aos pulmões do animal formando um sistema respiratório complexo. Ao analisar as saliências por meio de tomografia computadorizada, Woodruff descobriu que elas eram feitas de um tecido ósseo anormal e que foram, muito provavelmente, formadas em resposta a uma infecção respiratória que se alastrou, via sacos de ar, para as vértebras do pescoço.

O complexo pulmonar elaborado e tortuoso do saurópode, com a via hipotética de via infecciosa. Barra de escala humana é o perfil de um homem com 170 cm de altura. (Foto: Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro)

O complexo pulmonar elaborado e tortuoso do saurópode, com a via hipotética de via infecciosa. Barra de escala humana é o perfil de um homem com 170 cm de altura. (Foto: Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro)

Por conta da descoberta dessa infecção fossilizada em bom estado, questionamentos importantes sobre implicações anatômicas do sistema respiratório de dinossauros saurópodes foram levantados. “Esta infecção fóssil em Dolly não apenas nos ajuda a traçar a história evolutiva das doenças respiratórias no tempo, mas nos dá uma melhor compreensão de quais tipos de doenças os dinossauros eram suscetíveis”, acrescenta Woodruff, em comunicado.

A causa da morte de Dolly, para os autores da pesquisa, pode ter sido ocasionada por uma infecção fúngica semelhante à aspergilose, cujos sintomas se assemelham aos de uma pneumonia ou resfriado, podendo desencadear infecções ósseas. Essa doença é comum atualmente em aves e répteis, podendo levar à morte se não for tratada em pássaros, o que deve ter ocorrido com o dinossauro saurópode.