Ciência

Por Redação Galileu

Quem olha para o Oceano Índico – a terceira maior divisão oceânica do mundo, com 20% de água da Terra – nem imagina que, em suas profundezas, existe uma grande anomalia gravitacional que só agora cientistas acreditam ter desvendado.

Descoberto em 1948, o "buraco" foi apelidado de baixo geoide do Oceano Índico (IOGL, na sigla em inglês). Teoricamente, ele não é um buraco físico; na verdade, o termo é usado por geofísicos para denotar uma área concentrada onde os efeitos da gravidade da Terra são muito inferiores à média.

Isso mesmo: embora a força da gravidade aja em todo o nosso planeta, ela não funciona da mesma forma em todos os lugares. Como a Terra é coberta de protuberâncias e saliências, há uma geologia de densidade variável que puxa massas próximas com graus de força sutilmente diferentes.

No baixo geoide do Oceano Índico, essa força é muito mais fraca do que em outras regiões. Com cerca de três milhões de quilômetros quadrados, a área da "falha" de gravidade fica numa parte do fundo do mar na qual existe uma vasta depressão.

Em pesquisas anteriores, feitas em navios e com medições via satélite, foi revelado que o nível do mar próximo à ponta do subcontinente indiano desceu devido ao "cabo de guerra" gravitacional entre o IOGL e os "altos" gravitacionais ao seu redor. Mas o que causou o enfraquecimento de gravidade no nessa região do Oceano Índico nunca ficou claro.

Um novo estudo do Instituto Indiano de Ciência joga luz sobre os tipos de fenômenos planetários que podem estar envolvidos no IOGL. Publicada na Geophysical Research Letters no dia 5 de maio, a análise explora como o baixo geoide teria surgido.

Para descobrir a origem da anomalia, os pesquisadores criaram um modelo de uma placa tectônica e da convecção global do manto da Terra ao longo de 140 milhões de anos. Além disso, eles examinaram estudos antigos sobre essa região do Oceano Índico.

Um mapa de gravidade da Terra. — Foto: NASA/JPL/University of Texas Center for Space Research

Com isso, a equipe concluiu que o diminuição da gravidade pode ser resultado do fenômeno “bolha africana”. Essa "bolha" nada mais é do que uma enorme massa no manto da Terra, a cerca de 965 quilômetros sob a África, que teria sido empurrada para baixo do Oceano Índico.

Geólogos acreditam que essa bolha tenha sido formada a partir dos restos de relevo oceânico do Mar de Tétis. Essa região existiu durante a era Mesozoica, há mais de 200 milhões de anos, e ficava entre os supercontinentes Laurásia e Gondwana. O Oceano Índico foi formado há aproximadamente 120 milhões de anos, quando Gondwana se moveu em direção norte.

A movimentação das placas tectônicas nessa época teria liberado plumas de magma quente e de baixa densidade. Esse processo, junto ao afundamento das placas do Mar de Tétis, teria moldado o baixo geoide do Oceano Índico, segundo os autores do novo estudo.

Apesar disso, alguns pesquisadores não envolvidos no artigo não acreditam nessa teoria. Em entrevista ao New Scientist, site britânico de divulgação científica, esses especialistas afirmaram que ainda não há nenhuma evidência sismográfica clara de que plumas de magma apontadas pelos pesquisadores do Instituto Indiano de Ciência realmente existam sob o Oceano Índico. Assim, mais estudos sobre o IOGL devem ser feitos no futuro para se chegar a um consenso científico sobre a misteriosa anomalia no Oceano Índico.

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