Ciência

Por Redação Galileu

Você sabia que, ao jogar amendoins em meio litro de cerveja, eles afundam até que começam a flutuar e “dançar”? Na Argentina, algumas pessoas até gostam de adicionar alguns amendoins torrados, descascados e inteiros às cervejas do tipo Lager, com baixa fermentação.

Em um novo estudo publicado nesta quarta-feira (14) na revista Royal Society Open Science, cientistas estudaram esse fenômeno dos amendoins “dançantes” e notaram que ele tem implicações para a compreensão da extração mineral ou do magma borbulhante na crosta terrestre.

O principal autor do estudo, o brasileiro Luiz Pereira, da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, na Alemanha, relatou à agência de notícias France-Presse (AFP) que teve a ideia de estudar isso quando esteve na capital argentina, Buenos Aires, para aprender espanhol.

Segundo Pereira, era "coisa de bartender" na cidade pegar alguns amendoins e colocá-los em cervejas. Como os petiscos são mais densos que a bebida, eles primeiro afundam no copo. Em seguida, cada amendoim se torna um chamado “local de nucleação”, com centenas de minúsculas bolhas de dióxido de carbono (CO2) em suas superfícies atuando como “bóias” que os arrastam para cima. "As bolhas preferem se formar nos amendoins do que nas paredes de vidro", explica o pesquisador.

Quando as bolhas atingem a superfície, elas estouram. Os amendoins então mergulham antes de serem impulsionados novamente por bolhas recém-formadas — em uma “dança” que continua até que o CO2 acabe, ou alguém beba cerveja.

Para avaliarem a “dança”, a equipe de pesquisadores da Alemanha, Grã-Bretanha e França examinou como amendoins torrados e descascados se comportavam na cerveja Lager. Os especialistas apelidaram os dois fatores-chave do processo de "sistema cerveja-gás-amendoim".

O primeiro fator é o "ângulo de contato" entre a curva de uma bolha individual e a superfície do amendoim: quanto maior esse ângulo, maior é a probabilidade da bolha se formar e crescer. Já o segundo fator é o raio da bolha, que deve ser menor do que 1,3 milímetro.

A partir desse sistema simples, Pereira disse esperar que sua equipe possa compreender um sistema que seja útil para a indústria ou para explicar fenômenos naturais. Ele cita que o processo de flutuação observado no amendoim foi semelhante ao usado para separar o ferro do minério.

Nesse caso, o ar é injetado, de forma controlada, em uma mistura na qual o ferro “subirá porque as bolhas se ligam mais facilmente a ele, enquanto outros minerais afundam”, explica Pereira.

O processo dos amendoins também pode explicar por que os vulcanólogos descobriram que a magnetita mineral sobe para camadas mais altas do que o esperado no magma cristalizado da crosta terrestre.

Assim como o amendoim, a magnetita é mais densa, então deve ficar no fundo. Mas, segundo os cientistas, devido a um alto ângulo de contato, o mineral sobe através do magma com a ajuda de bolhas de gás.

“Como qualquer bom começo de conversa de bar, a ‘dança do amendoim’ é um veículo para discussões sobre flutuação de partículas em geral”, dizem os autores na pesquisa. Eles concluem que “a observação da dinâmica das bolhas na cerveja é um tópico rico, que merece investigação repetida”.

O vídeo abaixo mostra amendoins "dançando" quando jogados na cerveja. Veja:

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