Meio ambiente

Por Redação Galileu

Pesquisadores descobriram que as águias migratórias estão alterando suas rotas em até cerca de 250 km/h para evitar áreas de conflito na Ucrânia. Isso prolonga sua viagem para os locais de reprodução, exigindo mais energia.

O estudo publicado no periódico Current Biology na última segunda-feira (20) comparou os voos de migração de 19 águias-pesqueiras antes e depois da invasão russa, entre março e abril de 2022, na Ucrânia em direção aos locais de reprodução no sul da Bielorrússia. As fêmeas da espécie viajam de locais frios para mais quentes na Grécia, enquanto os machos percorrem o leste da África. A pesquisa compara esses caminhos com 65 migrações registradas de 20 aves entre 2018 e 2021.

Dados do GPS mostraram que as águias-pesqueiras desviaram significativamente suas rotas após o início da invasão, reduzindo paradas para descanso e reabastecimento ou evitando-as completamente. Acredita-se que o atraso para chegar no destino pode estar afetando a reprodução e a sobrevivência dos filhotes, já que a presa pode estar menos disponível quando os ovos eclodirem.

"Atualmente, não há muito que possamos fazer, mas é importante que compreendamos os estresses nessas populações, para que em um cenário pós-conflito possamos ajudar não apenas a apoiar as populações de águias-pesqueiras e ajudá-las a se recuperar, mas também os ecossistemas como um todo", explica Josh Milburn, filósofo da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, cuja pesquisa explora questões éticas sobre animais e guerra, em entrevista ao jornal The Guardian.

A área de reprodução europeia (verde) e a área de invernada (bege), com rotas típicas de migração na primavera para indivíduos que se reproduzem na Bielorrússia mostradas com linhas pretas; A Ucrânia está destacada em vermelho. — Foto: Current Biology
A área de reprodução europeia (verde) e a área de invernada (bege), com rotas típicas de migração na primavera para indivíduos que se reproduzem na Bielorrússia mostradas com linhas pretas; A Ucrânia está destacada em vermelho. — Foto: Current Biology

O impacto na reprodução e na sobrevivência das águias jovens pode ser significativo. O novo estudo destaca os efeitos negativos do conflito na vida selvagem e destaca a necessidade de proteção das populações afetadas.

Após a invasão, as águias-pesqueiras viajaram em média 85 km a mais e levaram em média 55 horas adicionais para chegar aos seus destinos de reprodução. Além disso, a velocidade dos machos reduziu durante o voo após o início do conflito. Antes, 90% das águias faziam paradas na Ucrânia, mas depois apenas 32% fizeram, evitando alguns locais completamente.

Os maiores desvios das rotas ocorreram em áreas com alta atividade militar. Embora algumas águias tenham continuado a voar por áreas de conflito, outras mudaram de rota depois de se aproximarem de explosões e batalhas nos arredores da cidade.

De acordo com Charlie Russell, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de East Anglia, também na Inglaterra, os desvios parecem ter sido feitos no momento em resposta a eventos esporádicos. "Não é como se as aves estivessem verificando as notícias todas as manhãs para descobrir para onde deveriam ou não voar em suas migrações."

Para ele, os impactos do conflito são mais profundos: "As descobertas deste estudo ecoam o que sabemos de pesquisas anteriores, focadas em outras zonas de guerra: a guerra tem um impacto esmagadoramente negativo nos animais selvagens, tanto em termos de objetivos de conservação quanto em termos do sofrimento de animais individuais".

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