Ciência

Por Redação Galileu

Cientistas estudaram vários pedaços de âmbar do Cretáceo contendo carcaças de lagartos cercadas por insetos comedores de carniça. Entre os achados, destacou-se o réptil Oculudentavis naga, atualmente extinto, mas que ficou conservado com mais de 130 animais e plantas em 13 camadas de resina.

A pesquisa foi publicada em 18 de fevereiro na revista Scientific Reports. O trabalho é de autoria de uma equipe internacional, liderada por Mónica Solórzano Kraemer, do Instituto de Pesquisa Senckenberg e do Museu de História Natural de Frankfurt, na Alemanha.

O largarto O. naga tem pouco mais de 5 cm de comprimento. "O que há de especial é que a camada em que o lagarto é colocado revela uma 'janela aberta', uma pequena área no pescoço onde a carcaça está insuficientemente coberta por resina", descreve Kraemer, em comunicado.

Segundo ela, “isso presumivelmente permitiu que o odor de decomposição se espalhasse, atraindo várias moscas necrófagas e predadoras em grande número, que por sua vez aderiram à resina e foram preservadas”. O resultado: um tipo de “armadilha necrófaga”, termo proposto no estudo.

O âmbar de 99 milhões de anos, dessa maneira, "congelou" momentos específicos no processo de decomposição. "Estudamos três espécimes excepcionais de âmbar de Mianmar, cada um contendo um lagarto envolto na mesma camada de resina fossilizada junto com uma variedade de insetos carniceiros", relata Kraemer.

As peças em âmbar com essas inclusões, segundo a pesquisadora, são extremamente raras. Ela explica que isso ocorre “porque os répteis muitas vezes eram capazes de se desvencilhar novamente da resina pegajosa devido ao tamanho de seu corpo”.

“Muitas vezes, criaturas que parecem que foram preservadas juntas em âmbar estão, na verdade, localizadas em camadas adjacentes separadas — a proximidade espacial sugere uma relação biológica que pode não ter existido realmente”, acrescenta Kraemer.

Juntamente com as carcaças de lagartos envoltas na camada de resina, os pesquisadores encontraram um grande número de moscas necrófagas das famílias de Phoridae e Empidoidea. Um fato que chamou atenção é que não havia formigas nas carcaças, que ainda não desempenhavam o papel de "polícia sanitária da floresta" pelo qual elas são conhecidas atualmente.

"Hoje, as formigas desempenham um papel fundamental na remoção de carniça em florestas tropicais — simplesmente por causa de sua massa”, explica a líder da pesquisa. “A biomassa global de todas as formigas excede a de mamíferos ou aves."

As formigas, por outro lado, são geralmente raras em depósitos de fósseis cretáceos, segundo a pesquisadora. “O fato de estarem completamente ausentes dos âmbares que estudamos sugere que rastrear e decompor carniça ainda não fazia parte de suas estratégias de alimentação naquela época”, conta a especialista.

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