Ciência

Por Redação Galileu

Em estudo publicado em 15 de dezembro na revista PLOS ONE, pesquisadores brasileiros descrevem a descoberta do crânio mais completo já registrado de um pterossauro da espécie Caiuajara dobruskii. O réptil pré-histórico viveu há milhões de anos na atual cidade de Cruzeiro do Oeste, no Paraná.

A criatura encontrada em sítio conhecido como "Cemitério dos Pterossauros" tinha mais de 2 metros de envergadura e constitui o primeiro pterossauro brasileiro descrito fora da região do Nordeste. Embora a espécie do Cretáceo já tenha sido descrita em 2014, o achado é importante visto que ossos que compunham principalmente o crânio eram pouco conhecidos.

O trabalho foi conduzido por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Lucas Canejo e Alexander Kellner, em parceria com Luiz Weinschütz, João HZ Ricetti e Everton Wilner, da Universidade do Contestado em Mafra (SC); e Borja Holgado, da Universidade Regional do Cariri (CE).

 Fotografia de crânios pertencentes a vários espécimes de Caiuajara dobruskii — Foto: Canejo et.al
Fotografia de crânios pertencentes a vários espécimes de Caiuajara dobruskii — Foto: Canejo et.al

O estudo também descreve outros novos exemplares de C. dobruskii, que revelam características inéditas. “A qualidade do material preservado com a quantidade de fósseis pertencentes a Caiuajara nos proporciona uma rara possibilidade de entender como esses animais se desenvolviam ao longo da vida e até mesmo imaginar como os machos se diferenciariam das fêmeas”, conta Canejo, em comunicado.

Com a análise do material é possível diferenciar pelo menos dois morfotipos de crânios, segundo o pesquisador, suja dissertação de mestrado foi a base da pesquisa. Isso pode ser explicado, conforme ele explica, por um possível dimorfismo sexual — ou seja, pela diferenciação de machos e fêmeas.

Região do palato do pterossauro fossilizado  — Foto: Canejo et.al
Região do palato do pterossauro fossilizado — Foto: Canejo et.al

“A análise do novo material revela informações que normalmente não teríamos acesso em grupos extintos, uma vez que na grande maioria dos casos os indivíduos são resgatados isolados, se tornando difícil ou até mesmo impossível compararmos vários espécimes de uma mesma espécie”, afirma Canejo.

Todo o material coletado em campo em 2014 foi preparado ao longo dos anos subsequentes, o que revelou novos exemplares de pterossauro que diziam mais sobre a anatomia do réptil voador.

Ramo mandibular do espécime de pterossauro encontrado no Paraná  — Foto: Canejo et.al
Ramo mandibular do espécime de pterossauro encontrado no Paraná — Foto: Canejo et.al

Segundo Weinschütz, o local das escavações constituía uma grande área desértica (o Deserto Caiuá), onde C. dobruskii convivia com outros vertebrados em torno de áreas úmidas, compondo um possível oásis.

Desde o início das escavações, também foram descritas para a mesma localidade uma espécie de lagarto (Gueragama sulamericana), duas espécies de dinossauros (Vespersaurus paranaense e Berthasaura leopoldinae) e mais uma espécie de pterossauro pertencente a outra família (Keresdrakon vilsoni).

“Em tão pouco tempo já foram descritas uma grande quantidade de animais para o local e apenas começamos a arranhar a superfície do afloramento”, destaca Wilner.

O exemplar de C. dobruskii está exposto no Museu da Terra e da Vida, no Centro de Pesquisa Paleontológica da Universidade do Contestado, em Mafra (SC). O estudo e questão foi contemplado com uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ressaltando a importância do apoio à ciência nacional.

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