Ciência

Por Redação Galileu

Um sítio fossilífero em Taichoute, no Marrocos, em uma área antes submersa, mas que hoje é um deserto cheio de fósseis, traz evidências de que enormes artrópodes de até 2 metros dominaram os mares há 470 milhões de anos.

A descoberta foi publicada por cientistas nesta terça-feira (13) na revista Scientific Reports. De acordo com os autores, evidências iniciais revelam parentes antigos de criaturas modernas, incluindo camarões, insetos e aranhas, que nadavam livremente no início do período Ordoviciano.

Os artrópodes gigantes ainda não foram totalmente identificados, mas alguns podem pertencer a espécies da biota das formações Fezouata descritas anteriormente, segundo conta Xiaoya Ma, da Universidade de Exeter, na Inglaterra. “Seu grande tamanho e estilo de vida de natação livre sugerem que eles desempenharam um papel único nesses ecossistemas”, diz o especialista, em comunicado.

Os registros fósseis são muito diferentes de outros de locais previamente descritos e estudados a 80 quilômetos de distância, que também fazem parte da biota Fezouata. Para os experts, os achados abrem novos caminhos para pesquisas paleontológicas e ecológicas.

Grandes fragmentos de artrópodes que se movimentam nas águas  — Foto: Bertrand Lefebvre
Grandes fragmentos de artrópodes que se movimentam nas águas — Foto: Bertrand Lefebvre

"Tudo é novo sobre esta localidade — sua sedimentologia, paleontologia e até a preservação de fósseis — destacando ainda mais a importância da biota Fezouata para completar nossa compreensão da vida passada na Terra", afirma Farid Saleh, principal autor da pesquisa, da Universidade de Lausanne, na Suíça.

Os fósseis de Taichoute estavam preservados em sedimentos alguns milhões de anos mais jovens que os da área de Zagora, onde foram encontrados restos de animais que viviam em um mar raso. Esse trecho passou por repetidas atividades de tempestades e ondas, que enterraram as comunidades e as preservaram.

Local recém-descoberto do sítio Folhelho Fezouata — Foto: Bertrand Lefebvre
Local recém-descoberto do sítio Folhelho Fezouata — Foto: Bertrand Lefebvre

De modo diferente, deslizamentos de terra subaquáticos transportaram as carcaças de Taichoute para um ambiente marinho relativamente profundo, conforme explica Romain Vaucher, da Universidade de Lausanne.

“Animais como braquiópodes são encontrados presos a alguns fragmentos de artrópodes , indicando que essas grandes carapaças agiam como reservas de nutrientes para a comunidade de habitantes do fundo do mar, uma vez que estavam mortos e deitados no fundo do mar”, observa Allison Daley, também da Universidade de Lausanne.

Já Lukáš Laibl, da Academia Tcheca de Ciências, que teve a oportunidade de participar do trabalho de campo inicial, destaca que Taichoute é importante devido ao domínio de grandes artrópodes nectônicos (de natação livre), mas também por causa da presença de seres desconhecidos pela ciência.

"Mesmo quando se trata de trilobitas [artrópodes marinhos característicos do Paleozoico], novas espécies até agora desconhecidas da biota Fezouata são encontradas em Taichoute”, ele diz.

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