Meio ambiente

Por Gabriela Garcia*


Países buscam reduzir 30% da taxa global de metano até 2030 (Reprodução/Pexels) — Foto: Galileu
Países buscam reduzir 30% da taxa global de metano até 2030 (Reprodução/Pexels) — Foto: Galileu

Erradicar lixões, combater o desmatamento e melhorar o manejo da agropecuária são algumas das medidas propostas pelo Observatório do Clima (OC) para a redução das emissõesde metano (CH4).

Assinado por mais de 100 países durante a COP26, o Global Methane Pledge (Compromisso Global do Metano, em tradução livre) visa reduzir as emissões desse gás poluente em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020.

Com dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) o relatório Desafios e Oportunidades para Redução das Emissões de Metano no Brasil, apresentado nesta segunda-feira (17), sugere ações que podem reduzir as emissões brasileiras de CH4 em até 36%.

Segundo maior responsável pelo aquecimento global, o metano é um poluente climático de vida curta, entretanto seus efeitos trazem sérios danos ao meio ambiente. De acordo com o documento, as emissões globais desse gás chegaram a 364 milhões de toneladas em 2020, tornando-o um dos maiores responsáveis pelo aumento das temperaturas.

“O metano fica cerca de 12 anos na atmosfera, diferente do gás carbônico (CO2), que dura cerca de 150 anos. Se as emissões de metano fossem todas zeradas, ou tivessem uma boa redução, teríamos um efeito mais rápido na diminuição da temperatura global”, explicou Tasso Azevedo, coordenador do Seeg, em coletiva de imprensa.

Atualmente, o Brasil é o quinto maior emissor de CH4 do mundo, com 5,5% das taxas globais de emissão. Segundo os cálculos do OC, se nenhuma política for adotada, o país chegará a 2030 emitindo 23,2 milhões de toneladas, um aumento de 7% em relação a 2020.

“Apesar das altas porcentagens, este documento mostra que o Brasil tem um grande potencial não apenas de entregar o que foi prometido e assinado na conferência em Glasgow [a COP26, em 2021], mas também fazer mais que isso, empregando novas tecnologias e técnicas principalmente para a agricultura", ressaltou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC, no evento.

Medidas a serem tomadas

Para que o país alcance as metas estabelecidas, o relatório sugere medidas em alguns setores. A agropecuária, por exemplo, foi responsável por 71,8% das emissões nacionais de metano em 2020. Já a indústria de saneamento representou 16% das emissões naquele ano. A queima de florestas, por sua vez, 9%; e o setor de energia, 3%.

No setor agropecuário, as maiores fontes se resumem a fermentação entérica do rebanho bovino (o “arroto” do boi), o manejo de dejetos animais, o cultivo de arroz irrigado e a queima de resíduos agrícolas, como ocorre na colheita manual de cana.

Fermentação entérica do rebanho bovino (o “arroto” do boi) aumenta emissão de metano (Foto: Jakob Cotton/Unsplash) — Foto: Galileu
Fermentação entérica do rebanho bovino (o “arroto” do boi) aumenta emissão de metano (Foto: Jakob Cotton/Unsplash) — Foto: Galileu

Para mitigar as emissões de CH4, os especialistas propõem uma ampliação de melhora para dieta bovina, além de uma mudança no tratamento dos dejetos. Já na agricultura, a mecanização da colheita é uma opção a ser considerada, além de um preparo antecipado do solo.

No tratamento de resíduos, o relatório aponta as estratégias de baixo e médio custo, visto que a maioria das tecnologias já está disponível. As soluções estão voltadas para resíduos sólidos, a partir da redução gradativa de lixo orgânico em aterros sanitários, recuperação ou queima de pelo menos 50% do biogás gerado por aterros, e a erradicação de lixões até 2024.

Mesmo emitindo pouco metano, o setor de energia tem como gargalos sobretudo a queima de lenha e a exploração e produção de petróleo e gás natural. Para isso, os especialistas sugerem a troca de fornos à lenha por fogões a gás ou elétricos e realizar uma transição para energia limpa, evitando a exploração de carvão mineral.

Incêndios florestais

A bióloga Bárbara Zimbres pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) explica que no setor de uso de terras, as queimadas associadas ao desmatamento representam 81% das emissões de CH4 nacionais. “Apesar da área desmatada ser menor que a área queimada, é no desmatamento que a maior parte do estoque de carbono vai ser incendiado, liberando maiores quantidades de metano”, comentou Zimbres.

A especialista pontua que, de acordo com o MapBiomas Alerta, 99% dos desmatamentos detectados têm índice de ilegalidade. Pois isso, uma das metas é zerar o índice de desmatamentos ilegais, bem como mitigar o uso de manejo do fogo como prática agropecuária.

Caso essas medidas sejam aplicadas, fazendo uso das melhores práticas e tecnologias disponíveis, o Brasil poderia reduzir suas emissões em até 36,4% até 2030. Isso acarretaria uma redução acumulada de até 180 milhões de toneladas no período entre 2020 e 2030. Com isso, o país ultrapassaria em 6% as metas estipuladas no Compromisso Global de Metano.

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