Em novo artigo publicado hoje (26) na revista The Astrophysical Journal Letters, pesquisadores descrevem de modo inédito uma cicatriz de metal deixada pelo processo de canibalismo realizado por uma estrela anã branca.
Quando objetos como planetas ou asteroides se aproximam de estrelas anãs brancas, eles são destruídos e se tornam apenas destroços, passando a se acumular em um disco ao redor desse tipo de estrela. Alguns desses materiais podem, então, ser "comidos" pelas anãs brancas – que, por isso, são chamadas de "canibais".
Utilizando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), cientistas observaram a cicatriz metálica deixada pela estrela "canibal" WD 0816-310, que tem o tamanho da Terra. Tal marca é a primeira assinatura de canibalismo estelar já descoberta e consiste, na verdade, em uma concentração de metais deixada na superfície do astro.
“Nós demonstramos que esses metais têm origem em um fragmento planetário tão grande ou maior que o Vesta, que tem cerca de 500 km de diâmetro e é o segundo maior asteroide no Sistema Solar”, afirma, em comunicado, o astrofísico Jay Farihi, coautor do novo estudo.
Além disso, os cientistas notaram que os metais estão concentrados em uma área específica e sofrem influência do campo magnético da WD 0816-310, estando, inclusive, localizados em um dos polos magnéticos da estrela.
“Surpreendentemente, o material não estava espalhado de maneira uniforme na superfície da estrela, como previsto pela teoria [científica]. Ao invés disso, a cicatriz consiste em uma mancha concentrada de material planetário mantido no lugar pelo campo magnético”, explica o pesquisador John Landstreet, professor na Universidade Western, no Canadá, um dos autores da pesquisa.
O vídeo abaixo contém uma animação que mostra a cicatriz da estrela "canibal" sendo criada com ajuda do campo magnético. Assista: