Espaço

Por Redação Galileu

Dados do telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelaram uma nova família de buracos negros, que já tem dois membros. As descobertas foram registradas em 30 de março na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Ambos os fenômenos recém-descobertos estão mais próximos da Terra do que qualquer outro buraco negro que conhecemos. Chamados Gaia BH1 e Gaia BH2, eles estão localizados, respectivamente, a 1.560 anos-luz, na direção da constelação de Ophiuchus, e a 3.800 anos-luz, na constelação de Centauro.

Os buracos negros que ficam no nosso "quintal cósmico" foram descobertos com base no estudo da movimentação de suas estrelas companheiras. Havia uma estranha “oscilação” nesse movimento, indicando que os astros estavam orbitando objetos muito massivos — que eram os dois buracos, com cerca de 10 vezes a massa do Sol.

Gaia BH1 e Gaia BH2 só podem ser detectados por tais efeitos gravitacionais, o que os diferencia de todos os buracos negros anteriores, que os astrônomos só conheciam por emissão de luz, geralmente em comprimentos de onda de raios-X e de rádio.

Segundo Kareem El-Badry, pesquisador do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos, que ajudou na descoberta, outra característica que “diferencia esse novo grupo de buracos negros daqueles que já conhecíamos é sua ampla separação de suas estrelas companheiras”.

De acordo com o especialista, Gaia BH1 e Gaia BH2 provavelmente têm uma história de formação completamente diferente dos binários de raios X — os pares nos quais os buracos negros ficam mais próximos das estrelas.

A 'oscilação' das estrelas no céu é causada pela atração gravitacional de outras estrelas, exoplanetas ou buracos negros. Nesta imagem, o objeto atraente é um exoplaneta — Foto: ESA
A 'oscilação' das estrelas no céu é causada pela atração gravitacional de outras estrelas, exoplanetas ou buracos negros. Nesta imagem, o objeto atraente é um exoplaneta — Foto: ESA

A missão Gaia forneceu medições precisas do movimento das estrelas que acompanham Gaia BH1 e Gaia BH2 em três direções. Mas isso não foi o bastante: para entender melhor como ocorreu essa movimentação, foram necessários dados adicionais de velocidade radial, fornecidos por observatórios terrestres.

Os astrônomos notaram, com isso, que os buracos negros recém-descobertos são de uma família que não emite luz. Isso os torna praticamente invisíveis, provavelmente por estarem muito mais distantes de suas estrelas companheiras.

Os novos buracos negros têm as órbitas mais amplamente separadas de todos os já conhecidos. Por serem também o primeiro e o segundo buracos negros mais próximos da Terra, é possível que existam muitos outros fenômenos semelhantes esperando para ser descobertos.

“Isso é muito emocionante porque agora implica que esses buracos negros em órbitas amplas são realmente comuns no espaço – mais comuns do que binários onde o buraco negro e a estrela estão mais próximos. Mas o problema é detectá-los”, afirma Yvette Cendes, astrônoma que ajudou na descoberta de Gaia BH2.

A boa notícia, segundo a cientista, é que o telescópio Gaia ainda está coletando informações. Segundo Cendes o próximo lançamento de dados, em 2025, “conterá muito mais dessas estrelas com companheiros misteriosos de buracos negros”.

O vídeo abaixo mostra detalhes sobre dois os buracos negros descobertos por Gaia. Veja:

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