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Mariposas tóxicas emitem um som agudo para sinalizar aos morcegos de seu gosto desagradável, e tal comportamento seria imitado por besouros-tigres que buscam afastar esse predador. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (15) no periódico Biology Letters.
Estudos anteriores mostraram que, em resposta a uma imitação artificial do ultrassom emitido por morcegos, besouros-tigre emitem um som agudo. Para entender o motivo disso, uma equipe de pesquisadores coletou 19 espécies de besouro-tigre do sul do Arizona, nos Estados Unidos.
No laboratório, foi reproduzido o som dos cliques emitidos por um morcego logo antes de atacar. Presos a uma haste de metal, sete das 19 espécies desses besouros noturnos responderam ao estímulo com estalos agudos emitidos pela colisão das asas dianteiras e traseiras. O fenômeno pode ser observado no vídeo a seguir:
Os insetos são de uma família de besouros predadores caracterizados como rápidos corredores e que apresentam cores chamativas e mandíbulas fortes, e o que pode-se ouvir no vídeo é o componente de frequência mais baixo do ruído emitido por eles.
Segundo os pesquisadores, o som imita a respostas de mariposas tóxicas. Algumas mariposas têm asas que absorvem o som do predador, evitando ser detectadas pelo sonar dos morcegos; outras emitem sons ultrassônicos (abaixo da faixa audível humana) com suas genitais, o que pode bloquear o sonar ou assustar os morcegos.
Os besouros usados na pesquisa produzem químicos que os defendem dos inimigos. Apesar disso, morcegos marrons da espécie Eptesicus fuscus devoraram 90 de 94 besouros oferecidos em laboratório, o que sugere que os sons emitidos pelos insetos não têm a função de demonstrar toxicidade aos morcegos, mas são uma imitação do comportamento de mariposas-tigre que emitem alertas sobre seu gosto ruim.
"Nós temos muito mais a descobrir sobre o que está acontecendo no céu noturno", afirmou Harlan Gough, entomologista de conservação no Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, ao Science News. Analisar como esse fenômeno atua nas quase 3 mil espécies de besouro-tigre no mundo, por exemplo, permitiria aos cientistas entender a origem evolutiva de tais defesas acústicas junto a evolução dos primeiros morcegos ecolocalizadores há milhões de anos.
Para Gough, apesar de ser necessário desenvolver mais pesquisas para confirmar a hipótese da mímica, os besouros-tigres seriam os primeiros insetos depois das mariposas a usar ultrassons contra morcegos.
