Biologia

Por Redação Galileu

Pesquisadores das universidades de Copenhaguen, na Dinamarca, e de Lund, na Suécia, estão curiosos sobre as proporções bizarras de um verme marinho que habita as águas do Mediterrâneo. OVanadis tem olhos grandes que pesam cerca de 20 vezes mais que o resto da cabeça do animal, além de serem maiores que a própria cabeça.

Achados recentes sobre a espécie foram publicados na última segunda-feira (8) na revista Current Biology.

Para ter ideia, se um humano tivesse a mesma característica, carregaria um peso corporal de 100 kg a mais. Os cientistas ficaram impressionados com a descoberta de uma espécie tão primitiva ter uma visão avançada, com a capacidade de ver luz ultravioleta e focar em objetos relativamente pequenos, rastreando-os enquanto se movem.

Além disso, os autores suspeitam de que o animal tenha uma linguagem secreta, usando os olhos para se comunicar, acasalar e caçar presas. "É realmente interessante, porque uma habilidade como essa geralmente é reservada para nós, vertebrados, junto com artrópodes (insetos, aranhas etc.) e cefalópodes (polvos, lulas). Esta é a primeira vez que uma visão tão avançada e detalhada foi demonstrada além desses grupos", ressalta o biólogo marinho Anders Garm, do Departamento de Biologia da Universidade de Copenhaguen, em comunicado.

Segundo Garm, o verme tem uma visão "excepcional", comparável à de camundongos ou ratos. A criatura pertence a uma família de vermes marinhos chamada de poliquetas, encontradas em muitas partes do mundo, como ao redor da ilha italiana de Ponza, a oeste de Nápoles. Ele pode ser visto apenas à noite, por preferirem o escuro.

O verme Vanadis pertence a uma família de vermes de olhos grandes — Foto: Michael Bok
O verme Vanadis pertence a uma família de vermes de olhos grandes — Foto: Michael Bok

Garm tem estudado o sistema nervoso do verme, que apesar de parecer simples, tem funções complexas. "Nos propusemos a desvendar o mistério de por que um verme praticamente invisível e transparente, que se alimenta no meio da noite, evoluiu para adquirir olhos enormes. Portanto, o primeiro objetivo era responder se olhos grandes dotam o verme de uma boa visão", diz Michael Bok, da Universidade de Lund, em nota.

Estrutura com luz ultravioleta

Os pesquisadores estão tentando documentar se o Vanadis tem bioluminescência, isto é, a capacidade de produzir luz com sua própria energia, como os vaga-lumes. Se comprovado, será o primeiro animal com essa característica no ultravioleta, ou seja, eles criam esse tipo de luz naturalmente para várias funções, como comunicação.

Esse argumento é a principal hipótese para comprovar a boa visão do verme. Eles têm uma estrutura corporal transparente, mas os olhos não, e precisam de luz para funcionar. "Ninguém nunca viu o verme durante o dia, então não sabemos onde ele se esconde. Portanto, não podemos descartar que seus olhos sejam usados durante o dia também. O que sabemos é que suas atividades mais importantes, como encontrar comida e acasalar, ocorrem à noite. Então, é provável que seja quando seus olhos sejam importantes", explica Garm.

O biólogo marinho explica que se o verme usar luz azul ou verde normal como bioluminescência, para se comunicar com outros da espécie, também corre o risco de atrair predadores. Entretanto, se usarem luz ultravioleta, permanecem invisíveis para outros animais e não para a sua própria espécie.

Atualmente, os cientistas do estudo têm trabalhado com pesquisadores de robótica do Instituto Maersk Mc-Kinney Møller da Universidade do Sul da Dinamarca (SDU), com o objetivo de investigarem juntos o mecanismo dos olhos desses animais. "Isso sugere que existem maneiras superinteligentes de processar informações em seu sistema nervoso. E se pudermos detectar esses mecanismos matematicamente, eles poderiam ser integrados em chips de computador e usados para controlar robôs", explica Anders Garm.

Mais recente Próxima Fofos, mas com mordida tóxica, primatas ameaçados nascem em zoo nos EUA
Mais de Galileu

Cientistas observaram região acima da Grande Mancha Vermelha com o telescópio James Webb, revelando arcos escuros e pontos brilhantes na atmosfera superior do planeta

Formas estranhas e brilhantes na atmosfera de Júpiter surpreendem astrônomos

Yoshiharu Watanabe faz polinização cruzada de trevos da espécie "Trifolium repens L." em seu jardim na cidade japonesa de Nasushiobara

Japonês cultiva trevo recorde de 63 folhas e entra para o Guinness

Especialista detalha quais são as desvantagens do IMC e apresenta estudo que defende o BRI como sendo mais eficaz na avaliação de saúde

Devemos abandonar o IMC e adotar o Índice de Redondeza Corporal (BRI)?

Consumidores de cigarro eletrônico apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros convencionais por dia, alertam cardiologistas

Como o cigarro (inclusive o eletrônico) reduz a expectativa de vida

Artefatos representam as agulhas de pedra mais antigas que se tem registro até hoje. Seu uso para confecção de roupas e tendas para abrigo, no entanto, é contestado

Agulhas de pedra mais antigas da história vêm do Tibete e têm 9 mil anos

Cofundador da Endiatx engoliu durante palestra da TED um aparelho controlado por um controle de PlayStation 5 que exibiu imagens em tempo real de seu esôfago e estômago; assista

Homem ingere robô "engolível" e transmite interior de seu corpo para público

Pesquisadores coletaram amostras do campo hidrotérmico em profundidades de mais de 3 mil metros na Dorsal de Knipovich, na costa do arquipélago de Svalbard

Com mais de 300ºC, campo de fontes hidrotermais é achado no Mar da Noruega

Além de poder acompanhar a trajetória das aves em tempo real, o estudo também identificou as variáveis oceanográficas que podem influenciar na conservação dessas espécies

6 mil km: projeto acompanha migração de pinguim "Messi" da Patagônia até o Brasil

Estudo é passo inicial para que enzimas produzidas pelo Trichoderma harzianum sejam usadas para degradar biofilmes orais

Substância secretada por fungos tem potencial para combater causa da cárie dental

Lista traz seleção de seis modelos do clássico brinquedo, em diferentes tipos de formatos, cores e preços; valores partem de R$ 29, mas podem chegar a R$ 182

Ioiô: 5 modelos profissionais para resgatar a brincadeira retrô