Morador das montanhas isoladas da Sierra Nevada de Santa Marta, no norte da Colômbia, o beija-flor asa-de-sabre-de-santa-marta (Campylopterus phainopeplus) ficou perdido para a ciência por 64 anos, até que foi fotografado em 2010. Desde então, a espécie ficou outros 12 anos sem ser registrada.
Finalmente, a ave criticamente ameaçada de extinção voltou a ser vista em 2022, pelo pesquisador Yurgen Vega. O novo registro foi descrito em um estudo publicado mais recentemente, em 19 de março de 2024, no site bioRxiv. A pesquisa em formato de pré-impressão ainda não foi revisada.
Antes, havia apenas três avistamentos documentados do beija-flor desde que foi descrito em 1879. Os pesquisadores relatam no estudo que avistaram em 2022 uma população do pássaro ao longo do rio Guatapurí, perto das aldeias de Chemesquemena e Guatapurí.
O novo estudo no bioRxiv oferece informações inéditas sobre os comportamentos de alimentação, canto e cortejo da espécie. “Depois de dois anos pesquisando o beija-flor asa-de-sabre-de-santa-marta, finalmente tornamos nossos principais resultados públicos”, disse o professor Carlos Esteban Lara, da Universidade Nacional da Colômbia, em comunicado.
Mais tarde, em janeiro de 2023, os especialistas voltaram a ver as aves, desta vez em San José, também na Colômbia. "Nossas descobertas mostram que este incrível beija-flor pode ser um exemplo de microendemismo, pois parece estar restrito a uma área limitada dentro do centro continental de endemismo mais importante do mundo", explica Esteban Botero-Delgadillo, autor principal da pesquisa.
Durante 16 meses consecutivos, a equipe localizou outros vários beija-flores da espécie rara e monitorou cuidadosamente seus comportamentos e territórios. Os autores descobriram que o pássaro mantém territórios durante todo o ano e pode não ser uma migrante altitudinal como anteriormente se especulava.
O pássaro agora redescoberto está entre as 10 espécies de aves perdidas mais procuradas pela Search for Lost Birds, uma colaboração entre a American Bird Conservancy (ABC), Re:wild e BirdLife International. As novas descobertas trazem esperança para a sobrevivência do animal, embora sua presença ainda não esteja garantida para sempre.
Segundo conta Eliana Fierro-Calderon, Oficial de Projeto de Conservação Internacional para a Colômbia da ABC, o beija-flor mora em terras indígenas. “As comunidades indígenas que possuem as terras onde o beija-flor asa-de-sabre-de-santa-marta vive são os guardiões do habitat da espécie, e cabe a elas decidir como conservá-lo", ela diz. "A ABC e nossos parceiros querem apoiar essas comunidades no que elas precisam para este esforço de conservação".
O vídeo abaixo mostra um avistamento do beija-flor raro durante uma das expedições recentes dos pesquisadores. Veja: