Um espelho raro foi encontrado em perfeito estado em Jerusalém, Israel, durante escavações em uma tumba de 2,3 mil anos. O túmulo pertenceu provavelmente a uma prostituta grega de alta classe do período de Alexandre, o Grande.
A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) divulgou o achado hoje (27) no Facebook. Segundo a postagem, a tumba data do final do século 4 ao início do século 3 a.C. e, além do espelho, também guardava os restos mortais cremados de uma jovem.
Yossi Nagar, antropólogo físico da IAA, encontrou os ossos humanos carbonizados e os identificou como sendo de uma mulher. Junto às ossadas estavam vários pregos de ferro.
![Escavações na tumba datada do século 3 ou 4 a.C. — Foto: Shai Halevi, Israel Antiquities Authority](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/oPhqFYMrZumw4fCWK-75_64tp4c=/0x0:1360x2048/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/8/a/dzPH9fSeyv0uKFOqQYPQ/378374086-621003913541097-1695226332755982216-n.jpg)
"Esta é, de fato, a primeira evidência em Israel de cremação no período helenístico", considera Guy Stiebel, do Departamento de Arqueologia e Antigo Oriente Próximo da Universidade de Tel Aviv.
Junto de Liat Oz, arqueóloga da IAA, Stiebel liderou um estudo conjunto sobre o espelho descoberto na tumba. A pesquisa sugere que o objeto pertencia provavelmente à cortesã de um militar de alta patente ou mesmo de um funcionário governamental helenístico.
![Guy Stiebel e Liat Oz com o espelho raro da tumba da cortesã — Foto: Yoli Schwartz, Israel Antiquities Authority](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/oU7m9HNiyS9uusxt4T1-lSbDLbU=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/e/d/QRZzCaTMCN4FbbesOihw/384243994-621003830207772-3317685578092400428-n.jpg)
O espelho de caixa dobrável é um artefato associado às mulheres gregas. Este tipo de objeto já foi documentado em túmulos e templos no mundo greco-helenístico. Tais itens eram geralmente decorados com gravuras ou relevos de figuras femininas idealizadas e figuras de deusas, especialmente imagens de Afrodite.
“Este é apenas o segundo espelho deste tipo descoberto até agora em Israel e, no total, apenas 63 espelhos deste tipo são conhecidos em todo o mundo helenístico”, conta Oz." A qualidade da produção do espelho é tão alta que ele foi preservado em excelentes condições e parecia ter sido feito ontem."
![Guy Stiebel and Liat Oz com o espelho da tumba de 2,3 mil anos — Foto: Emil Aladjem, Israel Antiquities Authority](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/86BdoT_wz78BgaNZX7g4GSyCTuY=/0x0:1600x900/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/n/s/zU7IjzRBuhcTSEgpBMpA/377759952-621003840207771-543016694061929683-n.jpg)
O túmulo onde estava o espelho fica em uma estrada que leva a Jerusalém, longe de qualquer local ou povoado da época. Para entender porque uma mulher estava enterrada de forma tão isolada, os investigadores analisaram uma série de dados que caracterizavam o sepultamento.
Os pesquisadores acabaram concluindo que a falecida não havia sido casada, visto que essas mulheres raramente saíam de casa na Grécia. Como não havia um assentamento perto da tumba, acredita-se que a mulher tenha sido uma prostituta.
![Estatueta de terracota de uma mulher olhando para um espelho — Foto: Liat Oz, Israel Antiquities Authority](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/bbSqxYyuhwFCJmW24-W553_rlf8=/0x0:1535x2048/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/h/o/nGX4J7Sj2JveJUy1gZyA/382967458-621003866874435-879355069390598256-n.jpg)
"Espelhos de bronze como o que foi encontrado eram considerados um item de luxo caro e podiam chegar às mãos das mulheres gregas de duas maneiras: como parte do dote antes do casamento ou como presente dado pelos homens às suas hetairas [prostitutas gregas]", dizem os investigadores.
Os pesquisadores explicam que, como as gueixas japonesas, essas cortesãs gregas eram acompanhantes sociais, e não necessariamente só servidoras sexuais. As hetairas, como eram conhecidas, detinham salões literários e serviram de musas para as mais famosas obras de escultura e pintura. Algumas delas se tornaram esposas de direito comum dos governantes greco-helenísticos, bem como de generais de alto escalão e intelectuais famosos.
Os especialistas querem fazer outros estudos para obter dados mais precisos sobre a vida da mulher encontrada em Israel, seu raro espelho e até a origem do homem que ela teria acompanhado.