• Juliana Passos, editado por Isabela Moreira
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Confira nossas dicas de como estudar literatura para o Enem (Foto: Flickr/aehdeschaine)

Confira nossas dicas de como estudar literatura para o Enem (Foto: Flickr/aehdeschaine)

Apesar de não cobrar uma lista específica de livros, o foco do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano é abordar o conhecimento sobre as escolas literárias do Brasil. “Além de saber as obras clássicas de cada período, é importante que o candidato tenha um ponto de vista crítico sobre elas”, diz o professor de literatura Carlos Gontijo em entrevista à GALILEU.

Essa é a hora de unir o conhecimento adquirido com as obras literárias lidas no ensino médio com a análise crítica do período em que foram escritas. Para começar, Gontijo recomenda que os estudantes leiam pelo menos três resenhas de cada livro clássico, dando preferência para àquelas que discutem o contexto das narrativas e do Brasil no momento em que foram publicadas pela primeira vez.

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Abaixo, separamos um resumo das principais características de cada escola literária. Vale prestar atenção no modernismo, período preferido dos avaliadores do Enem. E se surgir alguma questão na prova com autores contemporâneos, não se esquente. “Nesse caso é só interpretação do próprio trecho do texto apresentado na questão”, explica a professora Maria Catarina Borges, coordenadora de equipe de redação do Colégio Poliedro de São José dos Campos, em São Paulo.

Relembre as escolas literárias:

1 - Quinhentismo (Século XVI)

A produção do período quinhentista está voltada para a literatura informativa, principalmente por meio de relatos de viagens dos europeus encantados e assombrados diante de uma nova terra. O valor é mais histórico do que literário. Além disso, o período é marcado pela literatura jesuítica e materiais para a catequização.

Principais autores:
- Pero Vaz de Caminha:
Escreveu “Carta ao Rei Dom Manuel” em 1500 para relatar a chegada ao Brasil.
- Padre José de Anchieta:
Escreveu textos religiosos e para teatro com destaque para a moral cristã e clara divisão entre o bem o mal.
- Padre Manuel da Nóbrega:
Coordenou a primeira missão jesuítica ao Brasil e escreveu relatos aos superiores.

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2 - Barroco (Século XVII)

A literatura barroca é marcada pelo conflito entre matéria e espírito, o apelo à religião, ao sobrenatural e ao misticismo, bem como o exagero e a extravagância. O contexto aborda a dominação espanhola no Brasil e a sombra da inquisição, que condenou o Padre Antônio Vieira por seus textos. A poesia satírica também é um dos elementos de destaque do período.

Principais autores:
- Bento Teixeira:
Autor de Prosopopéia, obra que é o marco da introdução do barro no Brasil.
- Gregório de Mattos:
As poesias do escritor baiano também conhecido como "Boca do Inferno" possuem diferentes facetas: lírica, satírica e religiosa – esta última em sua maturidade literária.
- Padre Antônio Vieira:
Talvez o mais polêmico dos autores, Vieira é autor do Sermão de Santo Antônio ou dos Peixes e foi preso pela inquisição de 1665 a 1667.

Padre Antônio Vieira (Foto: Wikimedia)

Padre Antônio Vieira (Foto: Wikimedia)

3 - Arcadismo (Século XVIII)

A produção desta escola literária tem como características o predomínio da razão, o objetivismo e o universalismo. A natureza é utilizada como constante plano de fundo e a imitação da cultura clássica greco-latina também. A linguagem é simples e majoritariamente descritiva, sem subjetivismo.

Principais autores:

- Cláudio Manuel da Costa – Obras Poéticas
- Santa Rita Durão – Caramuru
- Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu

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4 - Romantismo (Século XIX)
        
O romantismo pode ser dividido em três gerações: a primeira possui influências neoclássicas e aborda questões históricas e políticas. O subjetivismo é extremo, a produção é medievalista e nacionalista, com bastante idealização da mulher. A segunda fase é marcada pelo pessimismo, sentimentalismo exagerado e irracionalismo. Já a terceira inicia a transição para o realismo e há uma diluição das características românticas.

Principais autores:
1.ª fase: Gonçalves Dias – Canção do Exílio

Gonçalves Dias, autor de Canção do Exílio (Foto: Wikimedia)

Gonçalves Dias, autor de Canção do Exílio (Foto: Wikimedia)


2.ª fase: Álvares de Azevedo – Lira dos Vinte Anos
3.ª fase: Castro Alves – O Navio Negreiro

5 - Naturalismo (Segunda metade do século XIX)

No contexto do naturalismo é necessário observar os pensadores contemporâneos daquela época: August Conte com o positivismo, o evolucionismo de Charles Darwin, o surgimento da psicanálise com Sigmund Freud, o determinismo do meio com Hippolyte Taine e a luta pela emancipação do proletariado com Karl Marx. Isso significa uma preocupação com uma descrição objetiva da realidade e a busca pela verdade, marcada pelo determinismo biológico.

Principais autores:
- Aluísio de Azevedo – O Cortiço

Edição da BestBolso de O Cortiço, de Aluísio Azevedo (Foto: Divulgação)

Edição da BestBolso de O Cortiço, de Aluísio Azevedo (Foto: Divulgação)


6 - Realismo (Segunda metade do século XIX)
Esta escola literária é marcada pela objetividade, a descrição da realidade, a narrativa de ação e aventura. A mulher é vista com seus defeitos e qualidades, já a linguagem, é culta e direta.

Principais autores:
- Machado de AssisMemórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, O Alienista.

Machado de Assis (Foto: Wikimedia/Acervo Nacional)

Machado de Assis (Foto: Wikimedia/Acervo Nacional)


7 - Simbolismo  (Fim do século XIX)

Escola pautada pelo subjetivismo, pessimismo e a dor de existir. A linguagem é vaga, fluida e busca sugerir em vez de nomear. O uso de figuras de linguagem como metáforas, comparações, aliterações (repetições de sons iguais ou semelhantes) e assonâncias (repetir sons de vogais em verso ou frase) e sinestesias (mistura de diferentes sensações) é frequente.

Principais autores:
- Cruz e Souza – Tropos e Fantasias
- Alphonsus de Guimarães – Setenário das Dores de Nossa Senhora

8 - Parnasianismo (Final do século XIX e início do XX)

O gosto pela descrição nítida, as concepções tradicionais sobre ritmo e rima, além do ideal da impessoalidade são as características principais das obras parnasianas. O culto à forma é fundamental: os autores desta escola estão preocupados em fazer a arte pela arte, sem discutir questões sociais.

Principais autores:
- Olavo Bilac – Tratado de Versificação

9 - Pré-modernismo (Até a semana de 1922)

No começo do século a literatura passa por um momento de transição em que as escolas mais recentes convivem por igual importância, ao mesmo tempo em que os autores buscam apresentar coisas novas. É um período eclético: há a ascensão da burguesia urbana e diversas agitações de operários imigrantes no começo da industrialização do país, que aos poucos substituia o foco na produção de café para uma diversificação econômica.

Principais autores:
- Euclides da Cunha – Os Sertões
- Monteiro LobatoReinações de Narizinho
- Lima Barreto – Triste Fim de Policarpo Quaresma
- Augusto dos Anjos – Eu
- Graça Aranha – Canaã

10 - Modernismo

O período modernista é dividido em três etapas: na primeira, chamada de fase heroica, existe a busca por uma ruptura com a preocupação das estruturas clássicas no parnasianismo e o simbolismo. Há grande influência de movimentos de vanguarda como o dadaísmo, cubismo e surrealismo.

Na segunda fase, há uma consolidação de estruturas e um forte caráter regionalista na produção. Já na terceira, a literatura está mais próxima das questões existenciais e ainda que fale do regionalismo, como Guimarães Rosa em Sagarana, a intenção é partir do regional para falar do universal.

Principais autores:
Primeira fase:
- Manuel Bandeira – Libertinagem; Lira dos Cinquent'anosEstrela da Vida Inteira (poesia), Crônicas da Província do Brasil.
- Mário de AndradeLira Paulistana (poesia), Macunaíma (rapsódia), Amar, verbo intransitivo (romance).

Capa de Macunaíma, de Mário de Andrade (Foto: Divulgação)

Capa de Macunaíma, de Mário de Andrade (Foto: Divulgação)


- Oswald de Andrade – O Rei da Vela.
        
Segunda fase:
- Carlos Drummond de Andrade – Claro Enigma.
- Cecília Meirelles – Espectros.
- Érico Veríssimo – O Tempo e o Vento, Incidente em Antares.
- Graciliano Ramos – São Bernardo, Vidas Secas.
- Jorge AmadoCapitães de Areia, O Cavaleiro da Esperança, Gabriela, cravo e canela.

Na Casa de Jorge Amado, no Pelourinho, em Salvador, é possível ver a máquina Royal portátil que o escritor usou para escrever boa parte de sua obra (Foto: Reprodução)

Jorge Amado (Foto: Reprodução)


- Rachel de Queiróz –  Quinze.

Terceira fase:
- Guimarães Rosa – Sagarana.
- Clarisse LispectorA Hora da Estrela.

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (Foto: Divulgação)

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (Foto: Divulgação)

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