• Gabriela Garcia*
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O aparelho é capaz de se conectar a computadores, smartphones ou tablets através do Bluetooth (Foto: Reprodução/Tix )

O aparelho é capaz de se conectar a computadores, smartphones ou tablets através do Bluetooth (Foto: Reprodução/Tix )

Com a tecnologia avançando a cada dia, é possível ter acesso a diversos serviços utilizando apenas o smartphone. Mas o que para muitos é uma facilidade, para outros é um grande desafio. Pessoas tetraplégicas ou que por algum motivo não possuem o movimento dos membros superiores não têm a mesma praticidade no manuseio desses aparelhos.

Por isso, a startup brasileira TiX, especializada em tecnologia assistiva, desenvolveu um aliado na acessibilidade digital para pessoas com deficiência (PCD) motora. O produto, chamado Colibri, é um dispositivo sem fios que funciona como um mouse de cabeça para celulares, computadores e tablets. 

Segundo Adriano Assis, engenheiro eletricista e sócio-fundador da startup, a empresa já está há algum tempo no mercado buscando lançar produtos que atendam a necessidade do público PCD. “Já tinha outros produtos de tecnologia assistiva para outras deficiências motoras, mas não tínhamos nenhuma solução para pessoas que especificamente não tivessem nenhum movimento ou muito pouco movimento do pescoço para baixo”, explica Assis a GALILEU.

A inspiração para o Colibri foi Mikael Monteiro, um menino de 10 anos com síndrome artrogripose múltipla – uma condição congênita caracterizada pela deformidade e rigidez das articulações, limitando os movimentos. Devido a essa deficiência, o garoto utilizava a boca para jogar e mexer no celular, o que é pouco funcional.

Pensando numa maneira de proporcionar à criança mais autonomia, conforto e acessibilidade, os especialistas começaram a desenvolver o dispositivo. “A gente pensou numa tecnologia móvel que aproveitasse ao máximo o movimento da cabeça para transformar aquilo num bom controle de mouse, para que as pessoas pudessem utilizar eletrônicos com privacidade e segurança”, conta o engenheiro.

De acordo com Assis, eles fabricaram o primeiro protótipo — que na época ainda possuía fios — e encaminharam para o menino testar. Após o feedback positivo, o Colibri foi aprimorado: retiraram os fios e o compactaram, de modo que ele pudesse ser acoplado facilmente a qualquer armação de óculos. “Agora, além de jogar, o Mikael está aprendendo programação, tudo isso com o auxílio do nosso aparelho”, completa.

Tecnologia sem fios

O Colibri capta movimentos intuitivos da cabeça para controlar o ponteiro do mouse com precisão, e os cliques podem ser feitos com o piscar dos olhos, o sorriso ou automaticamente após a parada do ponteiro.

O dispositivo é leve, tem bateria recarregável e não precisa instalar nada no computador ou celular, é só parear com o bluetooth para utilizar. Por ser compacto, ele pode ser acoplado tanto nas armações de óculos como em tiaras, bonés e fones headset.

Parceria com a AACD

Já disponível no mercado, o Colibri hoje está sendo utilizado em terapias de reabilitação nas unidades da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Ana Carolina Rodrigues, terapeuta ocupacional, conta que ele é usado tanto nos setores de adultos como nos infantis, em tratamentos como fonoaudiologia e pedagogia, atendendo todos os diagnósticos do local.

Na ala infantil, o aparelho é utilizado em crianças com paralisia cerebral, malformações congênitas ou doenças neuromusculares. Já entre os adultos, são pacientes amputados, que sofreram AVC ou com alguma lesão medular que mais usufruem da tecnologia.

“Para os pacientes tem sido maravilhoso, porque com isso surgem novas possibilidades. O mundo é tecnológico, hoje em dia resolvemos praticamente tudo pelo celular, então com o Colibri, o nosso paciente é inserido nesse meio com mais autonomia”, relata Rodrigues.

Lina Borges, coordenadora de terapia ocupacional, afirma que o plano da AACD é expandir o uso do dispositivo para outras unidades de São Paulo e depois para todas as unidades em outros estados.

“Essa tecnologia assistiva dentro da nossa área de reabilitação pode oferecer para a pessoa com deficiência diversas oportunidades, como estar presentes nas redes sociais e ter a oportunidade de inclusão no mercado de trabalho, em lugares onde é necessário o uso de computadores”, conclui.

O aparelho pode ser adquirido por meio de planos de assinatura ou também comprado diretamente, por R$ 2.990. Para mais informações, basta acessar o site.

*Com supervisão e edição de Luiza Monteiro