• Redação Galileu
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Imagem de duas garotas escrevendo (Foto: pixabay)

Imagem de duas garotas escrevendo (Foto: pixabay)

Publicado em fevereiro no Frontiers in Human Neuroscience, um estudo concluiu que crianças podem saber fazer divisão instintivamente, mesmo antes de elas aprenderem essa operação matemática nas escolas. A pesquisa avaliou a capacidade de crianças realizarem contas e se fundamentou na teoria do sistema numérico aproximado, que propõe que, desde pequenas, as pessoas possuem uma habilidade intuitiva de comparar e estimar grandes conjuntos de objetos sem precisar de símbolos (como os numerais) ou linguagem.

Para avaliar a capacidade das crianças em realizar contas matemáticas, os estudiosos compararam um grupo de estudantes de seis a nove anos de idade e outro composto por universitários. Entre vários testes, os participantes tinham que assistir pontos ou numerais (que representavam o dividendo, ou seja, o número a ser dividido) caindo sobre uma flor com números variados de pétalas (simbolizando o divisor, isto é, o número pelo qual o divivendo é dividido).

A tarefa de ambos grupos era dizer qual quantidade era maior: a de pontos e números divididos entre as pétalas da flor, apresentada no lado esquerdo da tela, ou a de uma única pétala que tinha quantidades números de pontos e números a cada tentativa, mostrada no lado direito da tela.

Os adultos acertaram 90% das respostas e os pequenos, de 73% a 77%. Além do resultado consideravelmente alto para as crianças, imagens cerebrais feitas durante os testes mostram uma atividade aumentada na região do cérebro relacionada ao senso numérico.

Uma conclusão que chama atenção no estudo é que crianças que não sabiam resolver problemas de divisão com números e símbolos também se saíram bem no experimento — o que é um indicativo de que, desde pequenos, levamos jeito para matemática. "Então, mesmo antes da educação matemática formal, temos um senso numérico aproximado que depende de regiões cerebrais que continuam a desempenhar um papel na matemática formal”, explica, em nota, Elizabeth M. Brannon, líder do Laboratório de Desenvolvimento Mental da Universidade da Pensilvânia em Filadélfia e coautora do estudo.

O objetivo do estudo era provar que as crianças têm senso numérico e que conseguem, mesmo na primeira infância, realizar cálculos de divisão a partir do uso intuitivo e aproximado dos números. Para Brannon, esse resultado pode ser usado em sala de aula para engajar alunos que tenham dificuldade em matemática. 

“O ANS é universal, e encontrar maneiras de aproveitá-lo pode ser um dos muitos caminhos importantes para fechar a lacuna de conquistas [entre os alunos]", conclui.