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Origem da linguagem no cérebro humano tem ao menos 20 milhões de anos (Foto: Florey Institute/Flickr)

Origem da linguagem no cérebro humano tem ao menos 20 milhões de anos (Foto: Florey Institute/Flickr)

Pesquisadores da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, descobriram que a origem da linguagem humana é mais antiga do que se imaginava. Antes, acreditava-se que esse tipo de comunicação havia surgido bem antes, cerca de 5 milhões de anos atrás, com um ancestral comum a humanos e macacos. O novo estudo indica, porém, que a origem evolutiva da nossa linguagem remonta a ao menos 20 milhões de anos.

Para obter informações sobre essa evolução, os neurocientistas usam técnicas de imagem cerebral para comparar os cérebros de primatas e humanos. "É como encontrar um novo fóssil de um ancestral perdido há muito tempo. Também é empolgante que ainda exista uma origem mais antiga a ser descoberta", afirma, em nota, Chris Petkov, um dos autores do estudo.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature Neuroscience, analisou regiões auditivas e vias cerebrais em humanos, macacos e primatas hominóideos. Os cientistas descobriram um segmento da linguagem no cérebro humano que conecta o córtex auditivo às regiões do lobo frontal — onde ocorrem importantes processos de fala e linguagem. A via auditiva também estava presente nos primatas não humanos, indicando que essa rede cerebral é a base evolutiva da cognição auditiva e da comunicação vocal.

"Previmos, mas não sabíamos ao certo se o caminho da linguagem humana pode ter uma base evolutiva no sistema auditivo de primatas não humanos" disse Petkov. "Admito que ficamos surpresos ao ver um caminho semelhante se escondendo à vista do sistema auditivo de primatas não humanos", diz Petkov.

Outra descoberta importante da pesquisa foi em relação às diferenças do cérebro humano. No processo evolutivo, o lado direito parece ter divergido para envolver partes não auditivas do cérebro.

"Essa descoberta tem um tremendo potencial para entender quais aspectos da cognição auditiva e da linguagem humanas podem ser estudados com modelos animais de maneiras que não são possíveis com humanos e macacos", disse o autor sênior do trabalho, professor Timothy Griffiths. "O estudo já inspirou novas pesquisas em andamento, inclusive com pacientes de neurologia."