• Redação Galileu
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Pesquisadores analisaram impressões digitais em peças de cerâmica (Foto: Divulgação)

Pesquisadores analisaram impressões digitais em peças de cerâmica (Foto: Divulgação)

É difícil saber como era o papel de gênero nas sociedades pré-históricas, mas uma equipe de pesquisadores encontrou uma maneira inovadora de estudar a divisão do trabalho. Eles analisaram impressões digitais deixadas em cerâmicas para observar a proporção de homens e mulheres trabalhando nessa atividade, desafiando a ideia de que o trabalho de homens e mulheres era bastante fixo em sociedades pré-industriais.

John Kanter, da Universidade do Norte da Flórida, usou impressões digitais reais em uma cerâmica de mil anos da comunidade ancestral Puebloan, uma antiga cultura nativa nos Estados Unidos. Este período é caracterizado pelo rápido surgimento de um centro político e religioso altamente influente na região norte-americana conhecida como Canyon Chaco.

Segundo o estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, foram coletados 985 fragmentos de cerâmica. Kanter usou o fato de as linhas das digitais estarem, em média, mais distantes nos dedos dos homens do que nas mulheres, para estabelecer qual era o sexo das pessoas que fizeram a peça.

O pesquisador descobriu que 47% dos fragmentos foram feitos por mãos distintamente masculinas, 40% por mulheres (ou talvez crianças) e 13% tinham falhas que não possibilitaram a identificação, refutando a ideia de que cerâmica era um trabalho especificamente feminino.

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Embora nossas impressões digitais sejam únicas, alguns padrões podem ser encontrados e é possível identificar o gênero da pessoa que deixou uma impressão com 80-90% de precisão, com os três dedos intermediários sendo particularmente confiáveis. Muitas da cerâmica eram feitas comprimindo a pasta de argila com as mãos, o que fez com que as impressões digitais ficassem nas peças todos esses anos.

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